Há duas maneiras de analisar o comportamento de um mercado, qualquer mercado. A mais simples, direta e eficiente é observar os preços dos ativos. Isso vale para moedas, ações, commodities ou criptomoedas.
O racional por trás dessa abordagem é consagrado pelo tempo. Se as notícias ou as expectativas são positivas, os preços sobem porque se espera um aumento nas compras ou nas intenções de compra. Se as notícias ou projeções são negativas, os preços descem por motivos opostos.
Porém, outra maneira de analisar o comportamento de um mercado é acompanhando as notícias que vão além do movimento de alta e baixa dos preços. Se observarmos o que está acontecendo para além das cotações, é possível ter uma visão mais clara. Para fazer uma comparação futebolística, é como saber as condições do campo para tentar entender como será, mais provavelmente, o desenvolvimento do jogo.
Vamos agora observar o comportamento das criptomoedas. Observando-se apenas os preços dos ativos mais negociados, a situação não parece estar positiva. Nesta sexta-feira (17), as cotações do Bitcoin estavam ao redor de US$ 47,2 mil. Em perspectiva, é um ganho acumulado no ano levemente superior a 60%. No entanto, é uma queda de quase 30% em relação ao pico histórico de US$ 67,6 mil, registrado no início de novembro.
Considerando-se apenas o movimento do quarto trimestre, a alta é de 16,2%. Nada mau, mas bem abaixo dos 64,6% de valorização entre o fim de setembro e o pico de novembro.
Observando-se outro indicador muito apreciado pela Fernanda Guardian, especialista em criptomoedas da Levante Ideias de Investimentos, o Índice de Medo e Cobiça (Fear and Greed Index), notamos que os investidores estão ainda mais pessimistas do que na semana passada.
Nesta sexta-feira, o índice marca 23 pontos, indicando Medo Extremo, abaixo dos 29 pontos da véspera e dos 24 pontos da semana passada. A média de novembro foi 54 pontos, indicando um sentimento Neutro. E em outubro o índice trafegou na faixa de 70 a 80 pontos, indicando Cobiça Forte ou Cobiça Extrema.
Só isso seria suficiente para desanimar a maioria dos investidores. Porém, duas notícias da quinta-feira podem levar a uma mudança na perspectiva. Uma delas é que Gita Gopinath, economista-chefe do FMI (Fundo Monetário Internacional) defendeu que haja uma regulamentação global para as criptomoedas, em vez de uma simples proibição dos negócios.
Segundo a economista, que realizou um trabalho aplaudido no Fundo com estudos sobre mudanças climáticas e os impactos da Covid-19 na economia, nenhum país pode, isoladamente, resolver as questões regulatórias. Quando uma entidade tão cautelosa e conservadora como o FMI defende, de maneira mais ou menos oficial, uma regulação global para as criptomoedas, isso indica um avanço na direção da economia “convencional”.
A segunda notícia é que Brian Armstrong, CEO da Coinbase, uma das principais plataformas de negociação de criptoativos, divulgou que a empresa está desenvolvendo ferramentas para facilitar a identificação dos usuários do Metaverso, termo que descreve o ambiente virtual que é a grande aposta tecnológica para 2022. Para não nos estendermos demais, uma identidade virtual facilmente reconhecível vai facilitar muito as interações entre usuários no Metaverso, principalmente as de compra e venda de ativos virtuais.
Conclusão: se olharmos os preços dos criptoativos, veremos um mercado em baixa. Porém, quando tanto empresas de ponta como a Coinbase quanto instituições conservadoras como o FMI estão dedicando tempo e esforço às criptomoedas, a conclusão é uma só: esses ativos são o futuro, e é arriscado demais não participar dele. E, claro, para fazer isso com segurança, siga as recomendações da Fernanda, nossa especialista em criptomoedas.
E Eu Com Isso?
Após vários pregões em alta, os contratos futuros de Ibovespa iniciam a última sessão da semana com um movimento de baixa, em uma realização dos ganhos dos últimos dias.
As notícias são negativas para a bolsa no curto prazo.
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