Cenário positivo para a saúde na Europa anima mercados
A semana começa no mercado com um momento de otimismo nos pregões asiáticos e europeus. Em Tóquio, o Nikkei fechou em alta de 4,24 por cento e, na Coreia do Sul, o índice Kospi subiu 3,85 por cento. Na Europa, as principais bolsas abrem em alta. O alemão Dax avança quase +5 por cento e o inglês FTSE sobe +2 por cento. Os investidores se animaram porque os quatro maiores países da Zona do Euro relataram estatísticas encorajadoras com relação ao vírus.
A Alemanha registrou a quarta queda consecutiva na taxa diária de infecções. O número de infectados aumentou 3.677 ou 4 por cento, abaixo do crescimento dos dias anteriores. A França confirmou 357 mortes em comparação com 441 anteriormente.
Na Itália, país até agora mais atingido pela pandemia, ocorreram 525 mortes no domingo, o menor número de vítimas desde 19 de março. E na Espanha foram 674 mortes, o menor valor desde 26 de março.
Parece uma ironia amarga comemorar “menos mortos”, sendo que os números permanecem elevados. No entanto, o mercado é o grande amplificador de expectativas. E a queda nos números pode, na cabeça dos investidores, indicar que a desaceleração da epidemia pode vir antes do que se espera.
No entanto, esse otimismo tem de ser visto com um grama de cautela. Os líderes europeus permanecem em desacordo sobre como atenuar as consequências econômicas da pandemia. Pedro Sánchez, primeiro-ministro da Espanha, afirmou que a sobrevivência da União Europeia se baseia na resposta à crise. Seus colegas na Itália e na França exigiram uma solução em bloco para financiar os gastos com a pandemia, que passa pelo aumento do endividamento, com a emissão de “coronabonds”. Conservador, o governo alemão se recusa a apoiar essa proposta, e insiste em que países afetados possam usar os mecanismos de resgate existentes.
Outra preocupação econômica é a velocidade com que será possível extinguir os bloqueios e “religar” a economia. A Espanha estendeu seu estado de emergência até 26 de abril e esclareceu que a economia não abrirá de uma só vez. A Itália está ponderando a flexibilização das restrições em meados de maio. As autoridades de saúde temem que o retorno ao normal possa desencadear uma segunda onda de infecções. Sem testes generalizados de pessoas doentes ou contaminadas, cada passo será gradual e sujeito a retrocessos.
O cenário nos Estados Unidos também é de pessimismo. O vice-almirante Jerome Adams, cirurgião-geral (membro do governo americano que reponde por assuntos de saúde pública), advertiu que as próximas semanas serão “um misto de 11 de setembro e Pearl Harbor”.
E, no Brasil, o Ministério da Saúde divulgou que país tem 11.130 casos confirmados da doença (aumento de 852 casos de ontem para hoje) com 486 mortes – 54 novos óbitos em 24 horas (aumento de 12,5 por cento). Segundo o Ministério, quatro estados (São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará e Amazonas) e o Distrito Federal podem ter uma aceleração descontrolada do coronavírus nas próximas semanas.
Apesar dos cenários de incerteza, os mercados estão mantendo o tom de otimismo na abertura. Os contratos futuros de S&P 500 e os contratos futuros de Ibovespa estão em forte alta. O dólar abriu em queda. As notícias de desaceleração da epidemia na Europa, até agora o lugar com, proporcionalmente, mais mortes, são positivas. Porém, é preciso dicar atento a novas elevações do número de vítimas, que podem dissipar o clima otimista.
INDICADORES – A edição mais recente do Boletim Focus, do Banco Central (BC), mostrou que as expectativas do mercado continuam piorando. O prognóstico para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2020 voltou a cair. Na edição desta segunda-feira a projeção era de uma retração econômica de 1,18 por cento, um resultado pior do que a retração de 0,48 por cento prevista na edição anterior, divulgada no dia 30 de março.
Os prognósticos para inflação e juros também caíram. A inflação prevista para 2020 pelo IPCA recuou para 2,72 por cento, ante 2,94 por cento na edição anterior, e a expectativa para a taxa de juros referencial Selic em dezembro recuou para 3,25 por cento, ante os atuais 3,50 por cento. As estimativas para a taxa de câmbio permaneceram estáveis em 4,50 reais.
O Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) subiu 1,64 por cento em março, bastante acima do 0,01 por cento de fevereiro. Com este resultado, o índice acumula alta de 1,75 por cento no ano e de 7,01 por cento em 12 meses. Em março de 2019, o IGP-Di havia registrado uma inflação de 1,07 por cento e acumulava elevação de 8,27 por cento em 12 meses.
O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) subiu 2,33 por cento em março, após cair 0,03 por cento em fevereiro. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) subiu 0,34 por cento, ante uma queda de 0,01 por cento em fevereiro. E o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) variou 0,26 por cento em março, ante 0,33 por cento no mês anterior.
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