O Itaú Unibanco (ITUB4) divulgou o resultado do primeiro trimestre de 2020. Como esperado, e especialmente depois seu principal concorrente Bradesco na semana passada, a lucratividade veio abaixo das expectativas, fortemente afetada por provisões registradas para enfrentar o Covid-19.
Dessa forma, o lucro líquido foi de 3,91 bilhões de reais no trimestre, queda de 43,1 por cento em relação ao primeiro trimestre de 2019. Com a queda no lucro, o retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) foi de 12,8 por cento no trimestre, queda de 10,8 pontos percentuais na comparação anual e o menor em 20 anos.
Diante do novo cenário, as provisões do Itaú para possíveis calotes (créditos de liquidação duvidosa) atingiram 4,5 bilhões de reais, ainda maiores que as reportadas pelo Bradesco de 2,5 bilhões de reais.
O lucro líquido do Itaú foi severamente afetado pelo aumento das provisões, o que por um lado deixa o banco bem preparado para enfrentar o que vier pela frente. Com isso, em um movimento similar ao observado com o Bradesco, acreditamos que o mercado se atente mais ao resultado da última linha abaixo da expectativa e as ações do Banco Itaú Unibanco (ITUB3/ITUB4) sejam afetadas negativamente no curto prazo.
O lucro foi menor basicamente em função das provisões adicionais, o que acabou por impactar basicamente o lucro. Por outro lado, a receita de serviços no primeiro trimestre deste ano cresceu 10,4 por cento em relação ao mesmo período de 2019, mas recuou 8,1 por cento em relação ao quarto trimestre do ano passado.
A mudança no cheque especial impactou negativamente a margem financeira em 600 milhões de reais.
O Itaú encerrou março com uma carteira de 769,2 bilhões de reais em empréstimos, um aumento de 8,9 por cento sobre o trimestre anterior e de 18,9 por cento sobre um ano antes. A concessão de crédito foi puxada pelo aumento dos empréstimos para as empresas que reforçaram o seu caixa para enfrentar a Covid-19.
O custo do crédito totalizou 10,1 bilhões de reais no primeiro trimestre, um aumento de 73,6 por cento quando comparado ao trimestre anterior e 165,2 por cento sobre um ano antes.
No lado positivo destaque para a queda de 7 por cento nas despesas operacionais em relação ao quarto trimestre de 2019.
O banco manteve a taxa de inadimplência acima de 90 dias estável, com uma ligeira alta de 3 por cento no final de dezembro para 3,1 por cento em março. Um ano antes, a taxa também era de 3 por cento.
O banco suspendeu suas projeções (guidance) para o ano de 2020 devido a baixa visibilidade sobre a extensão e profundidade dos efeitos da crise atual trazida pela pandemia da Covid-19 na atividade econômica e social.
As medidas de quarentena impostas por governos na expectativa de frear o avanço do vírus foram colocadas em prática apenas em março. Dessa forma, seu impacto nas operações bancárias do primeiro trimestre ainda foi limitado. O impacto mais forte virá no segundo trimestre de 2020.
Acreditamos que o banco Itaú está bem capitalizado e com reservas de 14,5 bilhões de reais para enfrentar a crise da Covid-19, equivalentes a 12 por cento do patrimônio líquido.
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