A AB Inbev (BUD, na NYSE) – maior cervejaria do mundo e empresa-mãe da Ambev – levantou 29,4 bilhões de dólares no processo de venda de ativos realizado ao longo de 2020.
O mais recente, anunciado na última semana de 2020, foi a venda de 49,9 por cento da sua operação de latas de alumínio nos Estados Unidos, que rendeu aproximadamente 3 bilhões de dólares. Já em junho de 2020 foi finalizada a venda da sua operação na Austrália por 11 bilhões de dólares para o grupo japonês Asahi Group. Outros esforços estiveram ligados ao resgate antecipado de dívidas internacionais.
Tais esforços fazem parte de um amplo programa de desinvestimento iniciado alguns anos atrás após a companhia adquirir a gigante SABMiller por 107 bilhões de dólares. A operação aumentou o endividamento líquido da companhia a patamares acima do nível considerado saudável, com relação dívida líquida/Ebitda acima de 5,5 vezes em 2016.
E Eu Com Isso?
A notícia é positiva para os acionistas da AB Inbev (BUD), embora acreditemos que a redução do endividamento já esteja precificada pelo mercado. Por conta disso, esperamos impacto neutro no preço das ações no curto prazo devido à notícia.
O programa de desinvestimento para redução do endividamento líquido ficou ainda mais necessário após os impactos da pandemia nos resultados da gigante cervejeira. Por exemplo, o volume vendido no 2T20 foi quase 18 por cento menor que no mesmo período de 2019. A menor alavanca operacional, bem como outros fatores, resultou na queda do Ebitda (métrica para geração de caixa operacional) em mais de 34 por cento.
Assim, a companhia fechou o primeiro semestre de 2020 com uma relação dívida líquida e Ebitda em 4,85 vezes. A companhia tem como meta atingir o nível de 2 vezes, patamar na qual ela julga ser o nível ótimo de estrutura de capital e alavancagem.
Com a retomada do mesmo patamar de Ebitda de 2019, por volta dos 21 bilhões de dólares, a sua dívida líquida deverá ser um pouco maior que os 40 bilhões de dólares.
O balanço completo de 2020, a ser divulgado no dia 25 de fevereiro, deve trazer novidades positivas quanto a sua posição financeira. Porém, o problema certamente está longe de ser totalmente endereçado, e a companhia terá que retomar o caminho de forte geração de caixa por meio das suas operações para alcançar sua meta oficial de 2x dívida líquida/Ebitda.