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Como diversificar a carteira de investimentos

Dez em cada dez investidores afirmam que diversificar a carteira é um pilar essencial para ter sucesso financeiro — ainda mais para quem conseguiu poupar para investir e quer os melhores rendimentos para o dinheiro.

No entanto, é importante dizer que diversificar não significa simplesmente ter vários investimentos, mas ter aplicações com tipos de risco diferentes e que reajam a eventos diferentes.

Por esse motivo, preparamos um artigo com dicas importantes para que você entenda o funcionamento desta estratégia e a importância de otimizar seus rendimentos. Se você quer saber como diversificar uma carteira de investimentos, continue a leitura!

1. A Teoria Moderna do Portfólio

O tema é tão importante que até mesmo um prêmio Nobel de Economia já foi concedido para quem desenvolveu esse conceito, que pode ser chamado de Teoria Moderna do Portfólio, Fronteira Eficiente ou Alocação Ótima de Capital. O responsável por essa teoria para diversificação de investimentos é o americano Harry Markowitz.

O ponto central era justamente que, a partir dos chamados ganhos de diversificação, o investidor poderia otimizar sua carteira, ou seja, ter o maior retorno possível para aquele nível de risco.

A ideia é indicar as proporções das diversas classes de ativos financeiros, a partir de uma análise que leve em consideração tanto o risco quanto o retorno de cada classe e como o comportamento de cada uma delas tende a influenciar as demais. Assim, é preciso saber qual é o retorno esperado de determinada aplicação, qual é o risco e qual a relação entre eles.

A Teoria Moderna do Portfólio quantificou a ideia de que não se deve concentrar os investimentos em ativos com as mesmas características: é preciso diversificar. Por isso, o equilíbrio ideal para Markowitz é distribuir os investimentos em várias classes, levando em conta não somente a expectativa de retorno, mas também o risco.

2. Diversificação dos investimentos

Além da expectativa de retorno e correlação entre ativos, outros fatores devem ser colocados na conta.

Então, perguntamos: como está a sua distribuição de portfólio? Equilibrada? Pode ficar tranquilo, não estamos perguntando se a sua divisão está seguindo os objetivos de cada ativo com um prazo diferente. (Vamos ser sinceros, quase ninguém faz isso…)

Para algumas questões é mais fácil, como o caso do dinheiro reservado para as férias do próximo ano, mas você sabe como desejará gastar os seus rendimentos daqui a três anos? Provavelmente, não. Ou poderá mudar de ideia no meio do caminho. O importante mesmo é que seu dinheiro mantenha o rendimento de forma consistente.

É daí que vem a proposta de uma carteira bem variada — seguindo a máxima do “quanto maior o prazo, maior o retorno”.

3. Equilíbrio na carteira

Com exposição a prazos e tipos de investimentos diferentes, você poderá atingir um bom equilíbrio. O quanto de cada um não é uma regra (dependerá mais de você e do seu perfil de investidor).

É fundamental estar de olho em outro componente essencial na hora de compor o seu portfólio: o seu apetite ao risco diante das oscilações do mercado.

Por exemplo, você se sentiu desconfortável com as recentes quedas da bolsa? Se sim, é melhor dedicar apenas uma pequena parcela do seu patrimônio à renda variável (pode ser pequena, mas não risque totalmente de sua lista).

Aqui, na verdade, temos duas questões distintas: a sua tolerância ao risco e a sua capacidade de tomar risco. 

A primeira se refere ao que mencionamos acima: o quanto você se sente ou não confortável de ver seus investimentos mostrarem rendimentos negativos no curto prazo em troca da possibilidade (e a palavra “possibilidade” é importante) de ter uma rentabilidade superior no futuro.

A segunda é a sua capacidade de tomar risco. Para entender melhor, vamos usar um exemplo: uma pessoa casada, com filhos em idade escolar e pais idosos que também precisam de ajuda financeira, pode não ter a mesma capacidade de tomar risco do que uma pessoa jovem, solteira, sem filhos, que mora na casa dos pais e não tem grandes despesas.

A dica é: o autoconhecimento é fundamental na formação de uma carteira diversificada. Leve em consideração seus objetivos, suas necessidades e seu perfil na hora de elaborar sua carteira. Os investimentos devem servir aos seus propósitos, por isso não existe a melhor aplicação, mas aquelas que são mais adequadas para você.

4. Diluição de riscos

O grande problema da renda variável é que ela varia e carrega a incerteza do mercado em suas veias. Por um lado, pode gerar grandes rendimentos. Por outro, pode fazer você perder dinheiro. Daí a importância em diversificar. Se um ativo cair, outros poderão ter uma boa performance e contrabalancear o seu resultado.

Esses são os benefícios associados à diversificação, que se dão por conta de uma característica muito interessante das ações: a assimetria favorável entre perdas e ganhos potenciais.

Mas, calma. Não basta colocar uma parte em qualquer papel de renda fixa, já que nem mesmo a renda fixa é fixa. Lembra que os títulos públicos sofrem marcação a mercado? Pois é, não há escapatória. Apenas quando você reduz o peso de cada ativo na conta final é que consegue equilibrar o resultado.

De forma geral, é possível destacar dois riscos principais:

  • Risco de crédito: refere-se à capacidade da instituição financeira de honrar a sua dívida com os investidores;
  • Risco de negócios: tem relação com a incerteza inerente às estimativas do resultado operacional de uma determinada empresa.

Esses dois são riscos diversificáveis, dos quais você, como investidor, pode fugir a partir de uma boa alocação.

5. Diversificação certeira e rentável

O caminho para o sucesso envolve uma carteira que reúna vários instrumentos, classes de ativos, setores ou outras categorias. Entram como critérios, também, diferentes indexadores, como inflação, CDI e Ibovespa.

Uma carteira bem diversificada pode proporcionar a diluição de riscos com a adequação a prazos diferentes. Isso sem esquecer da possibilidade de fugir um pouco das oscilações causadas por inseguranças política e econômica.

O resultado final dessa estratégia são alocações macro em renda fixa e ações, alocações micro (como títulos pós e pré-fixados em renda fixa), e ações de empresas brasileiras e até de outros países (grandes e pequenos).

Assim, retomamos o conceito de que não basta ter várias aplicações, mas elas precisam responder a critérios diferentes. Vamos ver alguns exemplos na renda fixa e na renda variável.

5.1. Renda fixa

Se você só tem títulos públicos Tesouro Selic, um fundo DI e um CDB pós-fixado atrelado ao CDI, não existe diversificação. Isso porque o rendimento do Tesouro Selic está atrelado à taxa Selic, enquanto o fundo DI e o CDB estão atrelados ao CDI, que, por sua vez, é muito próximo à Selic.

Reforçando: para diversificar, é preciso que os investimentos tenham riscos diferentes, ou seja, que respondam a fatores diferentes.

Nesse sentido, se você tiver um investimento atrelado ao CDI e outro à inflação, já começa a ter alguma diversificação. Assim, uma carteira que contenha Tesouro Selic (ou qualquer outro título atrelado à Selic ou ao CDI) e Tesouro IPCA+, que é atrelado à inflação, tem um nível de diversificação.

Vamos relembrar como funciona o tripé macroeconômico: o Banco Central utiliza a Selic como forma de equilibrar inflação e crescimento da economia. Desse modo, ele aumenta a taxa básica de juros da economia como forma de combater a inflação — quando ela está em alta — e reduz a taxa quando a inflação está sob controle.

Assim, inflação e taxa Selic andam na mesma direção. Enquanto escrevemos este texto, em outubro de 2019, com inflação baixa e a economia com dificuldades de encontrar o caminho do crescimento, o Banco Central mantém a taxa Selic no patamar historicamente mais baixo de 5,5% ao ano. Ao mesmo tempo, as taxas de juros pagas pelo Tesouro IPCA+ também estão mais baixas.

Ainda na renda fixa, os títulos prefixados são uma forma de diversificação em relação aos pós-fixados. Quando a perspectiva é de queda de juros, os títulos prefixados se tornam mais atraentes, uma vez que sua rentabilidade não será afetada pela redução da Selic.

Quem busca uma rentabilidade superior em renda fixa deve pensar também em crédito privado, como debêntures. Debêntures são títulos de dívida de empresas. Embora seu rendimento também seja atrelado a algum indicador, como o CDI, a rentabilidade costuma ser superior à dos títulos públicos, já que o risco também é maior.

Para entender isso, voltamos a falar de risco de crédito. O risco de que o governo federal não honre seus pagamentos é menor do que o de que uma empresa não o faça. Para minimizar esse risco, o investidor deve avaliar a qualidade da empresa. Para isso, um bom parâmetro é olhar a nota de risco de crédito que as agências de classificação de risco atribuem a ela.

5.2. Renda variável

Para diversificar, não basta ter investimentos de renda fixa e de renda variável. Dentro da renda variável, também é preciso pensar em diversificação. Se todo o seu dinheiro está em ações de uma única empresa, sua carteira tem um risco muito maior do que o do mercado como um todo, quando pensamos, por exemplo, em uma carteira diversificada como a do Ibovespa, que contém mais de 60 ações.

Para ter uma carteira diversificada de ações, também não basta comprá-las a esmo. Se você tem apenas papéis de mineradoras e siderúrgicas, por exemplo, não está diversificando. Isso, porque elas são afetadas pelos mesmos fatores: cotação do minério de ferro, demanda internacional, crescimento da China, taxa de câmbio etc. O que move um, move o outro.

Se você quer diversificar dentro da renda variável, precisa ter uma carteira com ações que tenham drivers diferentes. Uma dica é seguir uma composição setorial parecida com a do Ibovespa. No índice, existem papéis de diversos setores, como petróleo, bancos e instituições financeiras, mineradoras e siderúrgicas, setor imobiliário, educação, saúde, elétricas, telefonia, infraestrutura etc.

Não é preciso ter uma carteira com as mais de 60 ações que compõem o Ibovespa. Com cerca de 10 papéis com pesos distribuídos proporcionalmente, já é possível ter uma diversificação que reduza consideravelmente o nível de risco da carteira como um todo.

Uma outra opção muito interessante é comprar ETFs (Exchange Traded Funds), que são, como o nome indica, fundos negociados em bolsa de valores. Cada um desses fundos tem uma carteira que emula a composição de um índice teórico. Assim, é possível comprar cotas de um ETF que siga o Ibovespa.

No site da B3, é possível ver todos os ETFs listados. Para quem quer comprar cotas de um ETF que siga o Ibovespa, existem quatro opções no momento. A mais antiga é o iShares Ibovespa Fundo de Índice, listada em 2008 e negociada na bolsa com o código BOVA 11. Estão disponíveis também o Caixa ETF Ibovespa Fundo de Índice, o ETF Bradesco Ibovespa Fundo de Índice e o It Now Ibovespa Fundo de Índice.

Vale mencionar que os ETFs são fundos de investimento; por isso, é cobrada uma taxa de administração, então, vale comparar as taxas dos diversos índices e levar isso em consideração como um dos critérios antes de fazer o investimento.

Gostou do artigo? Então, aproveite para continuar se aprofundando no assunto e saiba também o que é preciso para começar a investir.

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