Em 13 de março deste ano, a reforma da Previdência iniciava (com certo atraso) sua tramitação pela Câmara dos Deputados. Quem acompanhou esses quase quatro meses sabe qual foi o clima. Predominantemente, houve muita expectativa por parte do mercado e muito ruído em Brasília.
As incertezas não eram pontuais, nem focalizadas. Compunham um espectro amplo: incertezas quanto à rapidez na tramitação, à postura do presidente Jair Bolsonaro, à potência fiscal da PEC, à capacidade de articulação do governo, aos lobbies e outras pressões de corporações. As dúvidas estavam lá, assim que a tramitação começou. Não se esperava que elas permanecessem por tanto tempo.
A Comissão de Constituição de Justiça foi uma entrada servida fria: levou praticamente 40 dias para que a etapa, em tese, menos conturbada do processo da PEC fosse superada. Arrisco dizer que essa etapa acabou sendo mais tumultuada que a Comissão Especial.
Economia acima das expectativas
Desse episódio, o governo parece ter tirado alguns aprendizados necessários. Se organizou melhor e costurou alguns apoios aqui e acolá. Mas, na verdade, os méritos estão mais na alçada do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Portanto, o parlamentar abraçou o projeto e prometeu seguir até o final. Quando Bolsonaro saía de cena (isso aconteceu várias vezes; quem não lembra das entrevistas: “a reforma está nas mãos do Congresso”?), o democrata se esforçava para construir acordo com as outras lideranças partidárias.
Dos acordos, resultou um texto substitutivo na Comissão Especial que – incrivelmente – preservou o R$ 1 trilhão de economia em 10 anos, proposto pela equipe econômica no texto original. No entanto, vale lembrar que muitos agentes do mercado falavam em uma economia entre R$ 600 bilhões e R$ 800 bilhões. Os mais pessimistas, de R$ 400 bilhões a R$ 600 bilhoes. Dessa forma, em fevereiro nesta mesma coluna, dei meu pitaco. O texto quando (jamais considerei um cenário de reprovação) aprovado iria trazer uma economia entre R$ 750 e R$ 900 bilhões em 10 anos. Até hoje, não mudei de posição.
Aos trancos e barrancos
O processo de tramitação não foi simples, como todos os investidores sabem. Acesse minha análise completa aqui, no site da Investing.
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