Nova crise do petróleo marca a semana
Depois de uma semana agitada nos mercados internacionais, a segunda-feira (12) começou com sinais mistos. Em grande parte, devido aos riscos já vistos, como a guerra comercial entre EUA e China, a expectativa de menor crescimento global, preços do petróleo e o medo de aumento dos juros mais forte na terra do Tio Sam. A semana foi mais curta e com menor volume devido aos feriados, mas não só por aqui, já que foi feriado nos EUA na segunda.
Já a terça-feira (13) começa com ânimo devido às esperanças renovadas com as negociações na novela da guerra comercial entre EUA e China. Na segunda, houve uma retomada da conversa entre os dois países – a última vista neste sentido havia sido em maio deste ano. O desenrolar da guerra comercial entre os dois gigantes tem durado praticamente o ano de 2018 todo.
Nesta quarta-feira (14) com cara de sexta, o dia não foi nada animador para os mercados. O petróleo caminhou para o décimo terceiro dia seguido de queda, após ter despencado 7,1 por cento apenas. O dia foi marcado com a fala de Trump de que a Opep deveria manter a sua produção. Com as notícias negativas, os mercados asiáticos fecharam no vermelho e os americanos abriram negativos.
O principal índice de ações brasileiras (ADR’s) negociado na Bolsa de Valores dos EUA, o Dow Jones Brasil Titans, subiu 2,33 por cento nesta quinta-feira (15). Por conta do feriado da Proclamação da República, o mercado local (B3) não realizou negociações.
Na emenda de feriado (16), os mercados internacionais têm um dia misto. Enquanto Ásia e Europa ficam no positivo, os norte-americanos ensaiam um dia mais negativo após a forte alta de um de seus principais índices de referência, o S&P, que subiu 1,1 por cento apenas no dia 15.
E Eu Com Isso?
Nos mercados mundiais, os principais destaques foram a nova crise do petróleo e a retomada das conversas entre EUA e China. Por aqui, além dos reflexos dessas notícias, o final da semana foi positivo, principalmente por conta das nomeações de Joaquim Levy e Roberto Campos Neto para o BNDES e o BC, respectivamente.
Levy no BNDES
O ex-ministro da Fazenda e ex-diretor do Bradesco, Joaquim Levy, será o novo presidente do BNDES. Atualmente no Banco Mundial, Levy deverá deixar o cargo e substituir Dyogo Oliveira. Ainda sobre a equipe econômica, Guedes pretende manter Ana Paula Vescovi, Mansueto de Almeida e Ivan Monteiro. Também não há nada definido, mas o desejo de Guedes é que Vescovi assuma a presidência da Caixa Econômica, Mansueto continue na Fazenda e Ivan Monteiro fique à frente da Petrobras.
E Eu Com Isso?
Com exceção de Levy, os outros nomes são todos frutos das mudanças de rumo econômico no governo Temer e vêm desempenhando um bom papel nos respectivos cargos. O economista Joaquim Levy também é um nome que agrada o mercado por ser liberal e ter PhD na Universidade de Chicago. Durante seu período na Fazenda no governo Rousseff, não conseguiu implementar as mudanças desejadas por conta de ingerência política.
Economista do mercado é indicado para o BC
O economista e atual diretor da tesouraria do Banco Santander, Roberto Campos Neto, foi indicado nesta quinta-feira para o comando do Banco Central. Paulo Guedes confirmou a indicação por meio de nota, assim como garantiu a permanência de Mansueto Almeida no cargo de secretário do Tesouro Nacional. A indicação foi oficializada logo após o atual presidente do BC, Ilan Goldfajn, recusar sua permanência no cargo por motivos pessoais.
E Eu Com Isso?
A indicação foi bem recebida pelo mercado financeiro e ex-membros do BC, inclusive por Ilan. Campos Neto pode ser o primeiro presidente autônomo do banco, já que as intenções da equipe atual são de aprovar ainda neste ano a independência, por lei, da autarquia federal.
Eunício e Paulo Guedes firmam trégua
O atual presidente do Senado Federal, Eunício Oliveira (MDB-CE), se reuniu com o futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, com intermédio do atual ministro da pasta, Eduardo Guardia. No encontro, os dois conversaram sobre a necessidade de uma articulação ativa entre o executivo e o Congresso e chegaram a uma “trégua” após alguns desentendimentos com declarações na última semana.
Após a reunião, o senador sinalizou que está aberto ao diálogo e que não irá colocar em discussão nenhuma pauta-bomba. Ainda, disse que pode pautar nas próximas semanas a Cessão Onerosa da Petrobras e que irá retomar a análise de projetos que modificam a Constituição logo após a intervenção federal no Rio de Janeiro.
E Eu Com Isso?
O apaziguamento dos ânimos entre o novo governo e o velho Congresso deve trazer tranquilidade aos mais pessimistas com a transição. Bolsonaro e sua equipe ainda veem a possibilidade de aprovar alguma medida econômica ou de outra área no ano, apesar de admitirem que a Reforma da Previdência ficará para 2019.
TIM (TIMP3) – interesse na aquisição da Nextel Brasil
A Telecom Italia, dona da TIM Brasil, anunciou em teleconferência de resultados na última sexta-feira (9) o interesse na compra dos ativos da Nextel Brasil. O presidente da italiana confirmou que a empresa está em fase inicial de estudos para analisar a compra da Nextel através da sua subsidiária brasileira.
E Eu Com Isso?
A notícia é positiva para a TIM Brasil e esperamos impacto positivo no preço das ações (TIMP3) no curto prazo.
O interesse da Telecom Italia (TIM) na Nextel não é novidade no mercado, mas, segundo agências de notícias internacionais, o Conselho de administração teria dado aval para a TIM Brasil fazer uma proposta não vinculante pela Nextel.
Com as notícias, as ações na controladora da Nextel tiveram alta de 6,5 por cento na bolsa americana (Nasdaq) na última sexta-feira. Por outro lado, as ações da Telecom Italia tiveram queda de 4,83 por cento, após o resultado do terceiro trimestre de 2018, e as ações da TIM Brasil (TIMP3) tiveram alta de 1,86 por cento na Bolsa.
Uma resolução da Anatel sobre espectros de frequência deixou o caminho livre para o processo de consolidação do setor de telecomunicações. A aquisição da Nextel é positiva para a TIM, pois agrega 3,2 milhões de clientes de telefonia móvel pós-paga, com receita média unitária de 45,40 reais e participação de mercado em São Paulo e Rio de Janeiro. Evento importante a ser monitorado.
Braskem (BRKM5) – resultado do terceiro trimestre de 2018
Às vésperas do fim do período de divulgação dos resultados do terceiro trimestre, a Braskem divulgou os números do terceiro trimestre. O resultado da companhia foi bom e veio acima das expectativas em termos de resultado operacional.
Os principais destaques positivos ficaram com a recuperação das vendas no Brasil e um maior preço dos produtos vendidos nos EUA.
E Eu Com Isso?
Esperamos impacto positivo no preço das ações no curto prazo.
A Braskem teve um dos melhores resultados operacionais da sua história. O bom resultado operacional do período foi beneficiado pela recuperação das vendas domésticas, maiores vendas com maior spread dos preços nos EUA e também uma depreciação cambial que ajudou o resultado no período. Com isso, a receita líquida atingiu 16,4 bilhões de reais no trimestre, crescimento de 34,4 por cento em relação a 2017.
Com a boa receita e a alta utilização das unidades produtivas no Brasil, a geração bruta de caixa operacional medida pelo Ebitda totalizou 3,6 bilhões de reais, um crescimento de 30,4 por cento em relação a 2017, com manutenção da margem. Na última linha do resultado, o lucro líquido somou 1,4 bilhão de reais, revertendo os resultados mais fracos nessa linha dos trimestres anteriores.
Santos Brasil (STBP3) – resultado do terceiro trimestre de 2018
A Santos Brasil divulgou os números do terceiro trimestre. O resultado foi bom e veio acima das expectativas em termos de receita líquida, Ebitda e lucro líquido.
Os principais destaques positivos ficaram com crescimento de 21 por cento do volume movimentado de contêineres, ganho de participação de mercado no porto de Santos e forte crescimento da receita líquida. Já o destaque negativo foi a queda do volume de carros no terminal de veículos, reflexo da queda de exportação de veículos para a Argentina.
A empresa divulgou a renovação do contrato comercial de serviços de operação portuária de contêineres no porto de Santos com a Aliança (Hamburg Sud e Maersk), contratos de grande importância para companhia.
E Eu Com Isso?
Esperamos impacto bastante positivo no preço das ações da Santos Brasil no curto prazo. A notícia da renovação do contrato com a Maersk tem impacto muito relevante para a operação da empresa no porto de Santos.
Nós havíamos comentado sobre a iminente renovação deste contrato da Santos Brasil com a Maersk e a sua importância para a empresa.
O bom resultado operacional já havia sido divulgado, mas mais positivo foi o crescimento da receita líquida, que totalizou 256 milhões reais no trimestre, aumento de 23,3 por cento em relação a 2017. O crescimento da receita líquida e a diluição dos custos fixos impulsionaram o Ebitda da Santos Brasil, que totalizou 67 milhões de reais, aumento de por cento em relação a 2017 e com margem de 26 por cento.
Com isso, na última linha do resultado, o lucro líquido atingiu 9,1 milhões de reais, revertendo o prejuízo do primeiro semestre de 2018 e do mesmo período de 2017.
Guararapes (GUAR3 e GUAR4) – Unificação das ações
A Guararapes, em um movimento inesperado, anunciou que aprovou a conversão das ações Preferencias (PN – final 4) em ações Ordinárias (ON – final 3), um passo muito importante para a melhora da governança corporativa da empresa dona da marca Riachuelo. A conversão ainda deve ser aprovada em assembleia geral antes de ter validade.
E Eu Com Isso?
A notícia surpreendeu o mercado é e positiva para as ações da Guararapes (GUAR3 e GUAR4). Com isso, esperamos impacto positivo no preço das ações no curto prazo. A conversão das ações representa um primeiro passo para a migração para o Novo Mercado da Bolsa – o mais alto grau de governança corporativa.
O sócio fundador sempre se colocou muito contra a migração para o Novo Mercado e disse que isso só seria possível na sucessão dele. No entanto, o novo posicionamento mostra uma mudança positiva no pensamento.
Com as mudanças efetivadas, teremos um aumento no número de negócios da companhia, visto que devem atrair investidores institucionais, como bancos e fundos. Isso fará com que o desconto que a ação negocia seja reduzido e os múltiplos sejam maiores. As mudanças anunciadas seguem na esteira de outras empresas que já fizeram isso e tiveram melhoras como Vale, Suzano e Via Varejo (em vias de).
Comgás (CGAS5) – celebração de acordo para encerrar ações judiciais
A Comgás e a Petrobras concordaram em encerrar ações judiciais sobre contratos de suprimento de gás natural, com o pagamento pela Comgás de aproximadamente 1 bilhão de reais. Os contratos foram prorrogados até 2021 em valor que já estava provisionado.
Adicionalmente, a Comgás anunciou que receberá 800 milhões de reais da Petrobras referentes às ações judiciais propostas pela Comgás não relacionadas ao custo de fornecimento de gás. Por fim, as empresas assinaram acordo para prorrogar o contrato de fornecimento de gás entre 2022 e 2027, que ainda depende da agência reguladora (Arsesp).
E Eu Com Isso?
Esperamos impacto positivo no preço das ações (CGAS5) no curto prazo. Finalmente, as duas empresas se acertaram e encerraram as disputas judiciais, uma verdadeira “novela” que demorou bastante tempo devido aos problemas da Petrobras.
O contrato com a Petrobras é bastante relevante em termos de receita líquida para a Comgás, uma vez que o volume de gás no segmento industrial representa de 78,7 por cento do volume total.
Como o montante já estava provisionado, o impacto não é relevante para o balanço da Comgás e o mais positivo é a renovação do contrato de fornecimento de gás para a petroleira.
O estouro da boiada
O rali que vimos no último mês, especialmente no caso da renda fixa, foi impulsionado mais pelo ajuste de posições dos investidores locais do que pela entrada de recursos estrangeiros. Isso porque o fluxo gringo está esperando que o novo governo avance com a agenda de reformas, como a mudança da Previdência até o fim do primeiro trimestre de 2019.
E Eu Com Isso?
Sabemos que assim que este fluxo estrangeiro voltar para o país, será o início de um ciclo de expansão brasileiro. Por isso, comentamos no vídeo Sextou quais foram os fatos mais relevantes da última semana: Trump, os ministérios e o touro (que ganhará mais força com este fluxo).