Três notícias movimentam os mercados internacionais de títulos na manhã desta quarta-feira (19). A primeira foi o fato de que os juros dos títulos referenciais de dez anos do Tesouro alemão se tornarem positivos pela primeira vez desde maio de 2019. Há quase três anos, quando o BCE (Banco Central Europeu) começou a reduzir os juros da Zona do Euro, o rendimento desses papéis caiu. Agora, nesta manhã, os juros voltaram a ser positivos.
Não é nada drástico. Ao contrário, a rentabilidade desses títulos estava em 0,014%, o que quer dizer que o investidor que aplicasse um milhão de euros teria, no fim do ano, € 140 de ganho nominal antes de pagar os impostos. Porém, já é um resultado positivo, algo que não existiu por um período razoável.
Do outro lado do Atlântico, a rentabilidade dos títulos do Tesouro americano prossegue sua escalada. O rendimento do título de dez anos atingiu 1,9% na manhã de quarta-feira, seu ponto mais alto desde dezembro de 2019, com uma alta de dois pontos-base. O rendimento dos títulos longos de 30 anos também subiu e chegou a 2,2%.
Essas altas não ocorreram por acaso. Nos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed), o banco central americano, já deixou claríssimo que vai começar a elevar as taxas logo, o mais provavelmente no primeiro trimestre, e que vai começar a vender títulos e reduzir o tamanho de seu balanço, atualmente em US$ 8,8 trilhões. Essa redução do balanço, que ocorrerá por meio da venda de títulos, deve começar no segundo semestre, apertando ainda mais a política monetária americana.
A terceira notícia foi a inflação na Inglaterra, que chegou a 5,4% ao ano em dezembro de 2021. Foi a maior taxa desde março de 1992, e ficou acima dos 5,1% em novembro, que já eram a maior alta de uma década. As projeções para a inflação nos 12 meses até dezembro eram um pouco menores, ao redor de 5,2%. Em uma base mensal, os preços ao consumidor subiram 0,5% em dezembro, superando as projeções, que eram de uma alta de 0,3%.
Tudo isso indica que aumentou a probabilidade de os juros começarem a subir na Europa, após não haver dúvidas de alta nos Estado Unidos. O aumento do custo de vida está aumentando as expectativas de que o Banco da Inglaterra (Bank of England, BOE), o banco central inglês, vai voltar a elevar os juros, ainda que marginalmente.
Em dezembro de 2021, o BOE foi o primeiro banco central relevante a apertar a política monetária. A taxa referencial subiu 10 pontos-base (0,1%) para 0,25% ao ano. Agora, a inflação acima do esperado eleva a probabilidade de uma nova alta na reunião de fevereiro. O BOE já afirmou estar atento à oferta fraca de mão de obra na Inglaterra. O número de vagas em aberto vem batendo recordes, e os níveis de emprego seguem abaixo do patamar anterior à pandemia.
O BCE está atrasado no processo de normalizar os juros em comparação com o Fed e o BOE, mas o aumento da inflação na zona do Euro e a alta das taxas no mercado de títulos públicos indicam que esse movimento pode estar próximo. Pelo menos essa parece ser a expectativa dos investidores.
Indicadores
A segunda prévia do IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado) de janeiro subiu para 1,95% ante 0,43% na mesma leitura de dezembro. O IGP-M para o mês de dezembro foi de 0,87%, informou a FGV (Fundação Getulio Vargas). O IPA (Índice de Preços ao Produtor Amplo) ficou em 2,51%, o IPC (Índice de Preços ao Consumidor) subiu 0,32% e o INCC (Índice Nacional de Custo da Construção) ficou em 0,57%.
E Eu Com Isso?
Os contratos futuros tanto do Ibovespa quanto do índice americano S&P 500 iniciam a sessão da quarta-feira em alta.
As notícias são positivas para a Bolsa.
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