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Seus investimentos na “gringa”

Nesta coluna, falarei sobre investimentos no exterior, viés doméstico dos investidores brasileiros e as razões para o baixo investimento em ativos fora do Brasil.

Porque o brasileiro não investe em ativos em ativos no exterior?

Existem basicamente quatro explicações: i) falta de cultura e tradição; ii) pouca oferta de produtos acessíveis; iii) falta de educação financeira e; iv) uma sutil restrição por parte do regulador. Além disso, a economia brasileira sempre foi muito fechada e com menos corrente de comércio com o mundo.

Segundo dados da Anbima, os fundos de investimento no exterior tinham patrimônio agregado de apenas R$ 40,5 bilhões em julho de 2018, equivalente a apenas 0,92% do total de fundos de investimento no Brasil. Os investimentos no exterior apresentaram crescimento de 14,5% nos últimos 12 meses até julho de 2018.

Overnight

O Brasil sempre foi o país dos juros altos e a inflação galopante. A economia brasileira sempre foi muito indexada e atrelada à taxa de juros (CDI) desde a época do “overnight” nos tempos da hiperinflação. Quem não se lembra?

Cultura do CDI nos investimentos

O brasileiro ficou acostumado com “número mágico” de 1% ao mês de rendimento da renda fixa (ex: aluguel, etc). Como a taxa de juros era alta, era um mundo “mágico” de alta liquidez, rendimento alto e baixo risco.

A taxa de juros (Selic) está no menor nível da história (6,5% ao ano) e atualmente o CDI não é mais a melhor aplicação financeira do Brasil.

Levante Ideias - Gráfico retorno ativos

Nos últimos 24 meses, o retorno do investimento no CDI (19,7%) ficou em último lugar dentre 7 classes de ativos: fundo ETF de bolsa americana (IVVB11), Bolsa americana (S&P), ações brasileiras (Ibovespa), dólar (Ptax), pré-fixado (IRF-M), imobiliário (IFIX) e inflação (IMAB).

Investidor qualificado

Até pouco tempo atrás, as regulações da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) sobre os fundos de investimento exigiam que o investidor precisasse investir pelo menos R$ 1 milhão em cada fundo de investimentos no exterior.

Com as instruções CVM números 554 e 555, não existe mais um piso mínimo para investimentos em um único fundo de investimento no exterior. Basta que o investidor seja qualificado para investir nessa categoria de fundos. Para isto, precisa ter um mínimo de R$ 1 milhão em investimentos financeiros.

Aumento da oferta de produtos de investimento no exterior

Atualmente, os investidores têm duas ótimas opções para fazer aplicar em fundos de investimento no exterior, sem precisar ser investidor qualificado:

  1. i) fundos de índice ETF (Exchanged Traded Funds) de ações americanas (IVVB11), com valores baixos a partir de R$ 150 e;
  2. ii) fundos de investimento de ações americanas no Brasil (BDR nível I) com valor mínimo baixo, a depender da estratégia comercial da gestora escolhida, na média entre R$ 500 e R$ 25 mil.

A oferta de fundos de investimento no exterior aumenta a cada dia, com mais opções nas plataformas digitais, corretoras e bancos de investimento. Até mesmo os bancos tradicionais (Bradesco e Itaú) têm oferecido fundo de ações americanas de BDR.

Neste artigo aqui eu explico como ganhar dinheiro com a alta do dólar.

Poder de compra

O principal objetivo de uma aplicação financeira é preservar o poder de compra, proteger os ativos da inflação e obter um rendimento real no investimento.

O problema é que às vezes a inflação oficial do Brasil (medida pelo índice IPCA) pode não capturar completamente o aumento do custo de vida. Afinal, como se proteger adequadamente da inflação?

Eu moro no Brasil, portanto os meus custos são somente em reais?

A reposta da maioria das pessoas é SIM, porém isso não é necessariamente verdade. A minha resposta é, efetivamente NÃO, conforme explicado acima.

A alta da taxa de câmbio aumenta o custo de produção das empresas e aumenta o custo de alguns produtos e serviços para as pessoas físicas como você, caro leitor.

A projeção para a inflação brasileira medida pelo IPCA é de 4,2% em 2018. No entanto, o meu contrato de aluguel acabou de ser reajustado em 8,28%, pois a alta do dólar afeta o IGP-M, que é o indexador dos aluguéis. Isso sem falar do aumento da mensalidade das escolas das crianças, planos de saúde e o custo da alimentação fora de casa.

Mais educação financeira e diversificação de ativos

A falta de educação financeira do investidor brasileiro é o principal motivo pelo qual as pessoas não investem em ativos no exterior. Investir apenas no Brasil é um risco muito grande, pois o retorno real dos investimentos não está protegido de altas do dólar.

Aos poucos, o brasileiro está investindo mais em ativos no exterior, com maior oferta de produtos financeiros e conhecimento do mercado financeiro.

O seguro morreu de velho

Acredito que, mesmo com a alta recente do dólar, investir em ativos no exterior é essencial para o bom desempenho de uma carteira de investimentos.

A lógica por trás do investimento em ativos no exterior é a de diversificação. De forma geral, os ativos dos brasileiros estão concentrados no Brasil, seja em renda fixa, ações e imóveis (o chamado “kit Brasil”).

Na hipótese de uma deterioração da conjuntura econômica do Brasil (como ocorrido desde maio de 2018), todos esses ativos serão afetados negativamente ao mesmo tempo.

Portanto, o investimento em ativos no exterior busca proteger o investidor local contra a depreciação do real, ou seja, fazer hedge (seguro) contra a alta do dólar.

Minha missão é te ajudar a entender mais sobre Value Investing e análise fundamentalista de empresas. Por isso, continue acompanhando a minha coluna e não esqueça: se você ficou com alguma dúvida, é só mandar um e-mail para o endereço [email protected].

Conte comigo e até breve!

Um grande abraço,

Eduardo Guimarães

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