Levante Ideias - Congresso Nacional

Cabo de guerra

Após publicação, no Diário Oficial da União desta quinta-feira (13), de decreto presidencial sobre a gestão orçamentária do Executivo, o clima em Brasília voltou a fazer parte do radar dos mercados neste início de ano.

A decisão do governo dá mais poder à Casa Civil, que agora deve autorizar, ou não, quaisquer mudanças envolvendo a execução do Orçamento de 2022 – principalmente, remanejamento de despesas, abertura de créditos suplementares e distribuição de recursos. Até então sob responsabilidade exclusiva do ministério da Economia, a gestão orçamentária passa a ter um filtro político por conta do aval da pasta comandada por um dos líderes do Centrão, o senador Ciro Nogueira (PP-PI).

A medida escancara novo capítulo da já conhecida disputa entre a ala política e a ala econômica (ou liberal) do Planalto. Com a divisão de responsabilidades, a tendência é de diminuição das reclamações sobre o cumprimento de acordo políticos no Congresso – que vinham, segundo aliados, sofrendo com a “tesoura de Guedes”.

Desde quando a articulação política estava sob responsabilidade do general Luiz Eduardo Ramos, alas política e militar se queixavam, por exemplo, do moroso fluxo de distribuição de emendas parlamentares – prejudicando, ao cabo, a agenda do Executivo no Congresso. Segundo interlocutores do governo, o ministério da Economia teria um zelo excessivo pela austeridade fiscal.

A mudança se dá, ainda, pelo fato de que cerca de R$ 9 bilhões terão de ser cortados, via contingenciamento de gastos e remanejamento de recursos, de áreas diversas do Executivo para compensar as despesas ligadas a pessoal e à Receita Federal, que foram subestimadas nos cálculos do Projeto de Lei Orçamentária Anual.

Na prática, o poder decisório sobre quais pastas e órgãos terão seus recursos reduzidos fica com o Centrão, sob a figura de Ciro Nogueira.

E Eu Com Isso?

O decreto editado por Bolsonaro é mais um sintoma da nova composição de forças do Planalto, com olhos em 2022 e seus respectivos objetivos eleitorais – tanto do governo, por meio de ministros que serão candidatos a postos de governador e para o Senado Federal, quanto da base aliada, por meio da distribuição de emendas parlamentares visando a reeleição de deputados.

Este conteúdo faz parte da nossa Newsletter ‘E Eu Com Isso’.

e-eu-com-isso

Leia também: Os desafios locais e globais não dão trégua | Denise Campos de Toledo.

O conteúdo foi útil para você? Compartilhe!

Recomendado para você

O investidor na sala de espera

Salas de espera podem ser muito relaxantes ou extremamente desconfortáveis. Pessoas ansiosas consideram aquele período de inatividade quase uma tortura. Quem precisa de um tempinho

Read More »

Ajudamos você a investir melhor, de forma simples​

Inscreva-se para receber as principais notícias do mercado financeiro pela manhã.