A divulgação, nesta quarta-feira (25), de um Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) de 0,89% referente a agosto, a maior para este mês desde 2002, mostra que a aceleração da inflação está sendo um fenômeno mais resiliente e duradouro do que se imaginava há alguns meses.
Na ponta do lápis, os números deixam claras as pressões sobre o IPCA-15.
Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), no ano, a alta acumulada é de 5,81%. Em 12 meses, a variação é de 9,30%.
Vamos analisar esses números.
Ao longo do segundo trimestre, a alta da inflação teve duas causas bem definidas.
Uma foi a alta dos preços dos combustíveis e da energia, e outra foi a valorização das commodities no mercado internacional.
Apesar de menos influente nos índices de preços ao consumidor (como o IPCA) e mais nítida nos índices gerais de preços (como o IGP-M) essa alta das commodities pressionou as estruturas de custos de muitas empresas dos setores agrícola e industrial.
Agora, já passada a metade do terceiro trimestre, os vetores da inflação mudaram.
A seca persistente e as geadas decorrentes da onda de frio recente prejudicaram as lavouras. Produtores de cana de açúcar, de café e de milho foram bastante afetados, e as pastagens também sofreram.
Isso reduziu a oferta de alimentos e também a produção do setor de carnes. E esses fenômenos devem ficar bastante visíveis nesta divulgação.
Não é o único problema.
Os preços da eletricidade e dos combustíveis também estão pressionados, devido aos mesmos fatores internos e também à alta internacional dos preços do petróleo.
Com a seca, uma fatia maior da eletricidade consumida tem de ser gerada em usinas termelétricas, movidas a petróleo e gás e cujo produto é mais caro.
Uma pitada de teoria econômica.
Trabalhadores de todos os setores – agricultura, indústria e serviços – comem e precisam de energia elétrica. Se os preços aumentam, profissionais do setor de serviços vão tentar repassar parte dessa alta de custos para o que cobram por seu trabalho.
É a chamada difusão inflacionária.
Ou seja, o fenômeno em que a alta dos preços de um determinado setor se “espalha” pelos demais setores do índice, mesmo que não haja correlação direta.
E é isso que vem ocorrendo.
Nesse cenário, quais as ações mais promissoras?
Para responder essa questão, o time de analistas da Levante Ideias de Investimentos traçou um cenário.
Uma de suas premissas é que o BC (Banco Central) adotará uma atitude dura contra a inflação.
As publicações mais recentes do BC já admitem que, muito provavelmente, o IPCA de 2021 vai romper o teto da meta.
Assim, será preciso muito esforço para fazer a inflação de 2022 baixar.
Ou seja, o BC deverá elevar de maneira consistente os juros para fazer as curvas futuras de juros retornarem a patamares mais normais.
Teoricamente, esses juros mais altos levariam a uma apreciação do real em relação ao dólar, fazendo a taxa de câmbio retornar aos patamares de equilíbrio.
Porém, fatores exógenos como a instabilidade política e o temor com relação à estabilidade fiscal, vêm fazendo a moeda americana ganhar valor em relação ao real.
Ou seja, a economia brasileira poderá conviver com juros e dólar altos, uma situação incomum.
Nesse ambiente, é difícil dizer quais setores serão beneficiados e quais serão prejudicados.
Por isso, a estratégia mais sábia é comprar empresas sólidas, que sejam boas geradoras de caixa e tenham resultados recorrentes, e esperar por uma retomada dos fundamentos econômicos à normalidade.
E, claro, conte com os analistas da Levante Ideias de Investimento para tomar as melhores decisões.
Indicadores
O ICC (Índice de Confiança do Consumidor) da FGV (Fundação Getulio Vargas) recuou 0,4 ponto em agosto, para 81,8 pontos.
Em médias móveis trimestrais, o índice subiu 1,89 ponto, para 81,6 pontos, na terceira alta seguida.
O ISA (Índice de Situação Atual) caiu 1,1 ponto, para 69,8 pontos, enquanto o IE (Índice de Expectativas) ficou praticamente estável ao variar 0,1 ponto, para 90,9 pontos.
Segundo a FGV, o resultado de agosto mandou o ICC para um patamar considerado baixo em termos históricos.
“Há maior dificuldade entre os consumidores de menor poder aquisitivo, que enfrentam uma combinação de desemprego e inflação elevados e de crescimento do endividamento nos últimos meses”, informou a Fundação.
E Eu Com Isso?
A alta da inflação está pressionando os contratos futuros de Ibovespa, que iniciam o dia em baixa. O cenário deve ser marcado por uma tendência negativa, com volatilidade.
As notícias são negativas para a Bolsa em um cenário de volatilidade.
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