A Cyrela (CYRE3) divulgou na noite de quinta-feira (18), após fechamento do mercado, seus números referentes ao quarto trimestre de 2020. O resultado veio bastante positivo, com destaque para seu lucro líquido, acima das expectativas de mercado, e forte geração de caixa.
A incorporadora apresentou números regulares no que tange à sua receita líquida, com esta ficando cerca de 10 por cento abaixo do consenso de mercado, registrando 1 bilhão de reais no quarto trimestre. Este montante apresentou leve contração de 9,2 por cento em relação ao trimestre anterior, sem que o volume de vendas tenha caído no período.
A margem bruta ajustada, por sua vez, avançou 2,3 pontos percentuais na comparação anual, com 33,8 por cento no trimestre. Na comparação trimestral, no entanto, houve contração de 0,3 pontos percentuais da linha, reflexo de sua receita mais tímida.
A companhia ainda registrou um impacto negativo líquido de 21 milhões de reais por efeito de contingências judiciais. As despesas gerais e administrativas apresentaram alta de 12,2 por cento na comparação trimestral, alcançando 105 milhões de reais no período.
Em comparação com as expectativas do mercado, a Cyrela reportou um expressivo lucro líquido, cerca de 14,5 por cento acima do consenso, registrando alta de 75,1 por cento na comparação anual, totalizando 261 milhões de reais no 4T20. No acumulado do ano, esse valor foi de 1,8 bilhão de reais, o que gerou um ROE de 34,3 por cento.
O bom resultado da companhia foi amplamente impulsionado pela venda em outubro dos lotes de ações suplementares das ofertas públicas de distribuição de ações da Cury e da Plano & Plano (IPOs), realizadas em setembro de 2020, com impacto de cerca de 48 milhões de reais.
Adicionalmente, o resultado de Cyrela no 4T20 foi impulsionado pelos números referentes à participação em suas controladas, 21 milhões de reais da Cury, 17 milhões de reais da Plano&Plano e mais 20 milhões de reais da Lavvi.
A Cyrela ainda apresentou como destaque sua forte geração de caixa no período, de 439 milhões de reais, com este valor considerando o impacto líquido negativo de 40 milhões de reais no trimestre, causado principalmente devido aos impostos provenientes da venda dos lotes de ações suplementares (Green Shoe) da Cury e oferta pública de ações (IPO) da Plano&Plano, que ficaram concentrados no 4T20.
Suportada por esse aumento de caixa, a companhia encerrou o ano com uma dívida líquida de 297 milhões de reais, com dívida líquida sobre patrimônio líquido de 5,1 por cento, contra 0,5 por cento no 3T20.
Por fim, a companhia declarou dividendos a pagar no montante de 418 milhões de reais, um valor equivalente a 1,087 real por ação, que representa um retorno em dividendos de 4,5 por cento. Esse dividendo é o mínimo obrigatório, representa 25 por cento do lucro líquido de 2020, e ainda deverá ser aprovado na Assembleia Geral de Acionistas.
E Eu Com Isso?
A Cyrela apresentou resultados sólidos, alcançando lucro acima das expectativas de mercado. Ademais, teve como destaque a forte geração de caixa no período, sendo esta um reflexo da resiliência de suas operações. Desta forma, temos a expectativa de um impacto positivo nos preços das ações da companhia (CYRE3) para o curto prazo.
A empresa já havia divulgado o seu resultado operacional, com lançamentos com VGV (Valor Geral de Venda) de 2,6 bilhões de reais no quarto trimestre, uma alta de 68,5 por cento na comparação trimestral e de 116,5 por cento no ano contra ano.
A incorporadora ainda apresentou uma alta de 42,0 por cento no comparativo anual de suas vendas totais contratadas, registrando 1,7 bilhão de reais no trimestre. Com relação aos seus estoques a valor de mercado, a Cyrela registrou um crescimento de 27,5 por cento do seu valor no trimestre, totalizando 4,8 bilhões de reais no período.
Como perspectivas para o setor, entendemos que o recente aumento da taxa básica de juros pode afetar a demanda por imóveis no médio prazo, pois existe a possibilidade de aumento no custo do financiamento imobiliário devido à esperada elevação da taxa Selic até o final de 2021 (projeção de terminar 2021 em 4,5 por cento ao ano).
Entretanto, apesar desta súbita alta dos juros, o custo do financiamento imobiliário permanece em patamares historicamente baixos, com ampla oferta de crédito imobiliário que é suportado pelo grande saldo da poupança. Além disso, acreditamos que a demanda por imóveis saiu mais forte da pandemia, um cenário benéfico para a companhia, estimulando a população a realizar aquisições de imóveis próprios.