O Magazine Luiza (MGLU3) apresentou nesta segunda-feira (8), após o fechamento do mercado, seus resultados do último trimestre de 2020. Os números vieram bons e em linha com o que é esperado da companhia, com forte crescimento das vendas brutas apresentado ao longo dos últimos trimestres.
Os principais destaques positivos foram: i) crescimento forte de vendas em todos os canais, em especial no físico e no varejo digital direto (1P); ii) taxa de crescimento das vendas online três vezes superior ao do mercado, o que significa ganhos de participação (market share) e iii) geração operacional de caixa de 2,1 bilhões de reais.
Não houve grandes destaques negativos no resultado. Porém, as margens bruta, Ebitda e líquida apresentadas não foram tão empolgantes como o crescimento na linha de receita líquida.
As vendas brutas totais (GMV) foram de 14,9 bilhões de reais, 66 por cento a mais que no mesmo período de 2019. Com isso, a receita líquida foi de 10,0 bilhões de reais, aumento de 57,6 por cento na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior.
Enquanto o Ebitda, métrica utilizada para medir o potencial de geração de caixa da companhia foi de 504,7 milhões de reais, um aumento mais discreto de 1,1 por cento na comparação anual. A margem Ebitda caiu de 7,8 por cento no 4T19 para 5,2 por cento neste trimestre. Vale ressaltar que a maior participação do e-commerce nas vendas totais, junto ao aumento da estrutura da companhia para manter o alto nível de serviço devem continuar a pressionar as margens da companhia no curto prazo.
Por fim, o lucro líquido ajustado foi de 232 milhões de reais, 39,8 por cento a mais que no 4T19.
E Eu Com Isso?
O resultado do Magazine Luiza foi bom, porém em linha com as expectativas. O forte crescimento, mesmo dentro do esperado, junto ao desempenho, no mínimo trágico, da bolsa nesta segunda-feira (8) deve trazer impactos positivos para as ações da companhia (MGLU3) no curto prazo.
O grande destaque do resultado foi o varejo físico, cujas vendas cresceram 15,7 por cento em relação ao 4T19. O indicador de Vendas Mesmas Lojas, que expurga as lojas inauguradas nos últimos 12 meses da comparação, apresentou crescimento de 10,9 por cento, um resultado ainda mais impressionante considerando a diminuição da circulação devido à pandemia e o maior valor no ano deste indicador.
No varejo digital direto (1P), o crescimento das vendas foi de 120 por cento, taxa de crescimento extremamente positiva, porém em linha com o que o mercado já esperava da companhia. O marketplace (3P) cresceu também cerca de 120 por cento, algo que de longe deve ser considerado ruim, contudo, a taxa veio bem abaixo dos últimos trimestres. Segundo a consultoria E-bit, o mercado de e-commerce cresceu cerca de 32 por cento no mesmo período em que as vendas online do Magalu cresceram cerca de 4 vezes mais.
Entre os principais acontecimentos de 2020, a companhia destacou a criação de novas fontes de receita, entre elas os segmentos de produtos de Supermercado, Delivery de restaurantes, moda e Beleza, Fintech, e publicidade digital, entre outros. Isso reforça a tese de que a companhia consegue se reinventar continuamente para manter seu forte ritmo de crescimento.
O Magazine Luiza encerrou o ano de 2020 com crescimento superior a 100 por cento no preço de suas ações pelo quinto ano consecutivo. A companhia vem se mostrando capaz de consolidar o mercado de e-commerce, como vem demonstrando através de seu crescimento acima da média dos outros players.
O começo de 2021 parece se mostrar mais desafiador para a companhia, além do fato de continuar o forte ritmo de crescimento se tornar mais difícil conforme a empresa se torna maior, a incerteza macroeconômica e fiscal do país vem se mostrando um obstáculo para empresas de forte crescimento. Além disso, a competição no e-commerce tem se mostrado cada vez mais intensa, com nomes como Mercado livre (MELI34), Via Varejo (VVAR3) e B2W (BTOW3) se mostrando cada vez mais preparados para também consolidar este mercado.
Apesar dos obstáculos, o Magalu segue como o principal nome do setor de e-commerce no Brasil, com a melhor logística e, em nossa visão, a estratégia de longo prazo mais interessante. Esperamos que a companhia continue a crescer, consolidando cada vez mais o setor que ainda tem espaço para crescer bastante no país.