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Eleições 2018: Como fica a disputa sem Lula?

A praticamente cinco meses das eleições presidenciais, cresce cada vez mais a importância das pesquisas eleitorais como termômetro das projeções políticas. Os resultados comprovam a sensação entre aqueles que acompanham a política brasileira de que essa será a eleição mais imprevisível e pulverizada desde as eleições de 1989, mas também já é possível projetar algumas tendências para o pleito.

Quem de fato vai ser candidato?

De um lado, uma quantidade tão grande – que vai diminuir em breve – de pré-candidatos à presidência da República que a maioria deles não são conhecidos nem pela metade da população brasileira. De outro, números altíssimos de rejeição dos presidenciáveis conhecidos pelo povo. Temer teve 64% de rejeição na última pesquisa do Datafolha (abr/18), Lula ficou com 36%, Bolsonaro com 31%, Alckmin com 29%, Ciro teve 23% e Marina, 21%.

Tal índice é fundamental para entender a peculiaridade de 2018: na história da redemocratização brasileira, nenhum candidato venceu com rejeição maior que 30%. Nem mesmo o segundo lugar foi ocupado por alguém com tal rejeição.

Lula decisivo para a votação

O fator Lula também é determinante para a corrida presidencial desta eleição imprevisível e pulverizada. O petista está preso e esquecido pelos outros candidatos, afinal ninguém ousa criticá-lo, mas ainda concentra grande parte dos votos quando colocado na disputa. Comprova-se a importância de seu eleitorado na última pesquisa CNT/MDA, de maio: 25,6% dos pesquisados afirmam que Lula é o único candidato em que votariam, e nas simulações de 1º turno sem Lula, o número de branco/nulos e indecisos somados vai, sem exceção, de menos de 30% para mais de 40%.

Eleições sem Joaquim Barbosa

Joaquim Barbosa não participou da pesquisa após ter anunciado sua desistência. Ainda é cedo para cravar para onde irão os 8% que votariam no ex-ministro do STF. Mas, nesse primeiro momento, os votos voltaram para os indecisos e, talvez, timidamente para Ciro Gomes. A maior queda nos cenários é de Geraldo Alckmin, que na pesquisa CNT/MDA passada (em março) detinha 8,6% dos votos e agora amarga com somente 5,3% no cenário sem Lula.

O que pode ser sentido após a divulgação da pesquisa?

  • O PT está bastante confortável até agora com a candidatura “inviável” de Lula. Dificilmente se observa petistas mencionando apoios ou até mesmo a possibilidade de outro candidato. O partido surfa – e vai surfar até o último minuto – na onda da paralisia política (fruto dos eleitores viúvos de seu líder) e espera por uma enorme reviravolta. Novamente, o ex-presidente muito dificilmente será candidato. Contudo, no Brasil nada é absoluto e a história do país já viu de quase tudo.
  • Não existirão candidatos outsiders nas eleições. Existirão, sim, candidatos anti-establishment, mas todos de dentro da política. Isso mostra a dificuldade da entrada de quadros inexperientes para a política, por mais bem intencionados e populares que sejam, como foram Luciano Huck e Joaquim Barbosa. Marina Silva, Jair Bolsonaro, Flávio Rocha e Álvaro Dias são os candidatos anti-establishment e podem atrair o eleitorado do finado candidato outsider. Marina e Bolsonaro têm o terceiro maior diferencial exaltado pelos pesquisados do CNT/MDA: trajetórias de vida fortes.
  • Eleições muito indefinidas resultam em uma centralização generalizada. Cientistas políticos têm bastante prova para crer que quanto mais componentes de diferentes visões no pleito, mais o eleitor-médio terá ideias mais ponderadas e centralizadas. Na prática, os candidatos irão ajustar seus discursos para tentar ao máximo conquistar esse “eleitor do meio”. Quem mais sofre hoje com esse movimento é a centro-direita. Não à toa esse setor ensaia uma coalizão para se fortalecer e evitar uma ascensão maior de Ciro Gomes e/ou Marina Silva. O mercado pode começar a se preocupar com Ciro e Marina.
  • Para bem ou para o mal, nenhum candidato “encanta”, a não ser Lula. Sem o petista, os eleitores têm bastante dificuldade em perceber nos candidatos a certeza de que eles irão melhorar sua condição de vida. É verdade que Bolsonaro tem um eleitorado muito fiel (dos 18% que Bolsonaro tem no cenário sem Lula, 13% só votam nele), mas insuficiente para cravá-lo como certeza nem para o segundo turno.
  • É verdade também que o número de indecisos ainda está alto. Isso é reflexo específico dessa eleição e da cultura brasileira de decisão sobre candidatos com menos de 3 meses da eleição. Ainda, espera-se de novo um número bastante alto de brancos/nulos – pelo menos para o primeiro turno -, reflexo da já velha e conhecida descrença da população na política brasileira. As propagandas em rádio e TV também devem dar uma chacoalhada nas intenções de voto.
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E agora?

A conclusão que fica é que ainda não há favoritos para a presidência, mas o cenário começa – de forma bem lenta – a se afunilar. Isso deve influenciar diretamente os investimentos no Brasil. Espera-se mais volatilidade, mais cautela e até um certo temor para os próximos meses. A única previsão mais certa é a de que o Congresso terá um grande vencedor: o chamado centrão terá a maioria dos votos, com o desgaste de PT e PSDB, e o MDB finalmente à frente do país desde 2016.

Enfim, qualquer que seja o próximo presidente da República terá uma difícil missão de coordenar o imenso centrão, que joga duro e sabe da sua força. Por essas e outras que esta eleição imprevisível e pulverizada ainda vai dar muito o que falar. Gostou do artigo? Fique de olho no nosso canal do Youtube para assistir às análises diárias dos especialistas da Levante sobre as eleições e a economia.

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