A articulação do bloco de Rodrigo Maia (DEM-RJ) para a sucessão da Câmara prevê a entrega de postos estratégicos para partidos como PT e PSL, maiores bancadas da atual legislatura. O bloco hoje gira em torno do nome de Baleia Rossi (MDB-SP) para a Presidência da Câmara, mas as eleições de fevereiro também escolherão os outros dez cargos da Mesa Diretora.
Nesse contexto, esses postos devem ser distribuídos de forma proporcional entre as siglas da Câmara, levando em conta o tamanho dos blocos partidários nas eleições de 2018. Sendo assim, PT e PSL devem ficar com cargos importantes (vice-presidência e primeira-secretaria, principalmente) caso Baleia Rossi seja eleito. O vice-presidente acaba substituindo o comandante da Casa na condução dos trabalhos quando este está ausente, enquanto o primeiro-secretário supervisiona despesas administrativas da Casa e envia requerimentos ao Planalto.
Atualmente, o grupo de Baleia Rossi conta com o apoio de cerca de onze partidos (281 deputados) e o de Arthur Lira (PP-AL), candidatura governista, conta com 181 parlamentares. Vale lembrar que o voto é secreto e, por isso, os deputados não são obrigados a seguir a orientação partidária e podem “trair” o apoio do partido aos candidatos. Partidos de esquerda ainda não oficializaram apoio a nenhum dos dois candidatos, apesar de haver uma inclinação maior ao apoio a Rossi – com exceção do PSB, que tem se dividido entre as duas opções.
E Eu Com Isso?
Em tempos de poucas novidades políticas – Congresso em recesso e Planalto em ritmo lento em função das festas de fim de ano –, o grande tema na véspera da virada (e que deve se estender para janeiro) são as eleições legislativas de 2021. No caso da Câmara, nosso cenário-base prevê a vitória de Baleia Rossi (MDB-SP), com margem apertada.
Isto porque o apoio formal de partidos aos blocos de cada candidatura dá direito a cadeiras na Mesa Diretora. O PT, por exemplo, não deve repetir o mesmo erro cometido em 2019, quando não apoiou formalmente nenhum candidato e acabou perdendo o direito a um cargo na Mesa, a despeito de ter a maior bancada da Câmara. Por conta desse mecanismo, entre outras variáveis, enxergamos o emedebista como o favorito na disputa. Por outro lado, a presença de partidos de oposição em cargos relevantes na Mesa Diretora da Câmara pode dificultar um pouco a vida do governo.
Para o pregão de hoje, o otimismo deve ficar por conta da votação do pacote de estímulos no Congresso americano, com as negociações políticas em torno das sucessões no Congresso Nacional ficando em segundo plano.