A variável macroeconômica mais básica é o nível de emprego. É a menos influenciada pelas expectativas, e por isso suas movimentações são as que mais demoram para refletir a pulsação da economia. Quando o ritmo desacelera, as empresas costumam ser cautelosas em demitir, para não ter de gastar tempo, esforço e dinheiro com novas contratações e treinamentos. O inverso também é verdadeiro. Após as grandes crises, as empresas são reticentes em voltar a contratar, com medo de elevar os custos cedo demais. Por isso, enquanto os rumores e expectativas sobre as vacinas contra a Covid-19 movimentam mercados (leia mais abaixo), os investidores se voltam para um dado fundamental desta sexta-feira (4), o nível de emprego americano de novembro. O “payroll”, ou relatório das folhas de pagamento, é um dos indicadores mais esperados. E os prognósticos são incertos.
Há notícias negativas e positivas. Na quarta-feira (2), o indicador de emprego da empresa de informática ADP veio abaixo do esperado. As empresas americanas contrataram 307 mil pessoas em novembro, um número bastante abaixo das expectativas de 475 mil contratações. A ADP é uma das maiores empresas de processamento de dados dos Estados Unidos, e ela elabora as folhas de pagamento de milhões de companhias americanas, o que lhe proporciona uma visão praticamente em tempo real sobre a saúde do mercado de trabalho.
No lado positivo, na quinta-feira (3) o Departamento do Trabalho divulgou o número de pedidos iniciais de seguro desemprego da semana encerrada em 28 de novembro. O número de novos pedidos foi de 712 mil, forte queda ante os 787 mil pedidos da semana passada, e bastante abaixo da expectativa, que era de 780 mil pedidos. O resultado desta semana foi o menor desde o início da pandemia, apesar de ainda estar muito acima da média histórica. Mais do que isso, o número de pedidos contínuos também caiu, recuando para 5,52 milhões ante os 6,01 milhões da semana passada.
Com tudo isso, a divulgação do jobless claims de novembro vai pautar o movimento dos mercados. Números de desemprego elevados deverão sustentar o otimismo com pacotes de estímulo econômico mais robustos, animando os investidores. Já números de desemprego em queda fortalecem os argumentos em direção à retirada gradual das medidas de estímulo. A divulgação está marcada para as 10:30, hora de Brasília.
VACINAS
O fim do pregão da quinta-feira (3) foi menos otimista do que a abertura. Uma declaração do laboratório americano Pfizer de que estava tendo problemas com suprimentos arrefeceram o entusiasmo. A companhia informou que deve embarcar 50 milhões de doses da vacina contra a Covid-19 ainda neste ano, metade das 100 milhões de doses previstas anteriormente para 2020. No entanto, a companhia informou que ainda espera entregar mais de um bilhão de doses do imunizante produzido em parceria com a alemã BioNTech em 2021. Já o laboratório Moderna, concorrente da Pfizer, informou que mantém seus planos de fornecer 125 milhões de doses de sua vacina experimental ainda durante o primeiro trimestre de 2021.
E Eu Com Isso?
Enquanto esperam os números do emprego, os investidores adotam uma tônica mais otimista. No início do dia, tanto os contratos futuros do Ibovespa quanto os do índice americano S&P 500 estão indicando leves altas.
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