A Weg (WEGE3) apresentou nesta quarta-feira (21), antes da abertura dos mercados, os seus resultados referentes ao 3T20. Os números vieram bons e acima das nossas expectativas.
Os principais destaques positivos foram i) o desempenho do mercado interno nas suas áreas de negócio, que registraram recuperação acima do esperado, e ii) aumento nas suas margens, muito por conta do controle na sua matriz de custos e despesas.
A receita líquida do trimestre atingiu 4.801 milhões de reais, um crescimento de 43,3 por cento na comparação anual e de 18,1 por cento na comparação trimestral.
Já o lucro antes dos impostos, juros, da amortização e da depreciação (Ebitda), métrica costumeiramente utilizada para medir o potencial de geração de caixa operacional de uma companhia, foi de 935 milhões de reais, uma variação positiva de 61,5 por cento na comparação com o 3T19 e de 27,7 por cento na comparação com o 2T20. Com isso, a margem Ebitda passou de 18 por cento no 2T20 para 19,5 por cento no fechamento do 3T20.
Por fim, o lucro líquido somou 644,2 milhões de reais, um crescimento de 54 por cento na comparação de base anual e de 25,2 por cento na comparação com o 2T20. Também houve ganhos de margem nesta linha, que passou de 12,7 no 2T20 para 13,4 por cento neste terceiro trimestre de 2020.
Os resultados apresentados pela Weg foram fortes e acima do esperado pelo mercado. Assim, esperamos impacto positivo no preço das suas ações (WEGE3) no curto prazo, mas com potencial de valorização limitado, pois nos últimos 30 dias as ações WEGE3 apresentaram alta de 31,85 por cento contra 3,7 por cento do Ibovespa no período.
O forte resultado da Weg provém do efeito combinado entre i) uma recuperação surpreendente no desempenho do mercado interno dentro das suas áreas de negócio, que resultou em uma receita líquida quase 10 por cento acima das projeções mais otimistas e ii) ganhos de margem operacional “além da conta”.
Sobre o primeiro ponto e, em algum grau, o desempenho das linhas de negócio internacionais foi decepcionante, com a receita externa em dólares crescendo 10 por cento na comparação com o último trimestre e 1,7 por cento ano contra ano. O destaque foi o mercado europeu, que ajudou a apagar a queda nas vendas na América do Norte.
Já no segundo aspecto, os ganhos de margem vieram em todas as linhas do resultado. Além do efeito alavancagem operacional, ponto relevante no segmento industrial e que significa maior diluição dos custos fixos entre os produtos vendidos no período, a Weg colheu os ganhos de produtividade oriundos das políticas de contenção de custos e despesas do último trimestre, das quais boa parte foram mantidas. Em outras palavras, a Weg beneficiou-se do “legado da pandemia” na sua gestão de custos e despesas.
A Weg colhe os frutos de uma diversificação interessante nas suas áreas de negócio. Além da exposição a diferentes mercados (Brasil, América do Norte e Europa principalmente) e até moedas, as linhas de negócio revezam o destaque periodicamente. Enquanto no último trimestre o ciclo longo foi fundamental devido a sua resiliência, neste trimestre foi a vez do ciclo curto despontar no resultado.
Assim, o indicador de Retorno sobre o Capital Investido (ROIC), que mede tanto a eficiência operacional da companhia como a eficiência na gestão dos investimentos foi de 23,3 por cento, 4,1 pontos percentuais a mais que no 3T19 e 1,7 ponto percentual a mais que no 2T20.
Mais um trimestre em que a Weg surpreende o mercado e entrega resultados bem acima do esperado. O principal catalisador das ações é a continuidade do ciclo de investimento no segmento industrial brasileiro, o marco regulatório do saneamento e o consequente crescimento de receitas e lucros em taxas elevadas.