A economia real volta a dar sinais de recuperação por aqui. Nesta quarta-feira (8), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que as vendas no varejo subiram 13,9 por cento em maio na comparação com abril. O dado superou as expectativas, que eram de um avanço bem mais modesto, ao redor de 6 por cento. Segundo o IBGE, foi a maior alta da série histórica da pesquisa, iniciada em janeiro de 2000.
A queda das vendas foi de 7,2 por cento em relação a maio de 2019. Um resultado negativo, mas também melhor do que a retração esperada, que era de 13,2 por cento. Apesar dos números aparentemente indicarem uma crise profunda no setor, eles refletem o segundo mês em que as medidas de isolamento social valeram durante todo o período, com o comércio de rua e os shoppings centers fechados para conter o avanço do coronavírus. No acumulado do ano, a queda foi de 3,9 por cento em relação aos cinco primeiros meses de 2019. Já no varejo ampliado, que inclui itens de maior valor agregado, como veículos e material de construção, as vendas de maio cresceram 19,6 por cento em relação a abril. A queda ante maio de 2019 foi de 14,9 por cento.
Segundo o IBGE, o volume de vendas no varejo em maio indicou uma recuperação do comércio varejista nacional após dois meses de queda devido ao cenário de pandemia e isolamento social iniciado em março, tanto no comércio varejista quanto no comércio varejista ampliado.
A importância dos indicadores da economia cresce à medida que os investidores procuram parâmetros concretos para a tomada de decisões. Ainda há muita incerteza em relação aos desdobramentos da pandemia. Eventuais recrudescimentos no número de contaminações provocados pelo relaxamento das medidas de contenção provocam muita volatilidade nos preços dos ativos. Por isso, a necessidade de observar os indicadores mais concretos e menos “contaminados” pelas expectativas.
E, nesse sentido, os sinais da economia brasileira têm vindo melhor do que o esperado. Além das vendas no varejo terem superado as expectativas, os indicadores de inflação mostram um aumento dos preços. Apesar de, historicamente, inflação no Brasil ser uma notícia ruim, ela agora é um sinal positivo de que a atividade econômica está aquecendo e se normalizando.
INDICADORES – A inflação voltou a acelerar, indicando uma normalização dos preços. O Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) subiu 1,60 por cento em junho, acima dos 1,07 por cento de maio. O índice acumula alta de 4,54 por cento no ano e de 7,84 por cento em 12 meses. Segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV), o destaque foram as altas acumuladas no segundo trimestre do minério de ferro (26,09 por cento), da soja (17,79 por cento) e da carne bovina (7,86 por cento), o que mostra um caminho de normalização dos negócios. Em junho de 2019, o índice havia subido 0,63 por cento e acumulava elevação de 6,04 por cento em 12 meses.
A inflação no varejo também subiu. O Índice de Preços ao Consumidor – Semanal (IPC-S) na semana até 7 de julho avançou 0,50 por cento, resultado 0,14 ponto percentual superior ao da semana anterior, informou a FGV.
Os contratos futuros de Ibovespa iniciam o dia em alta, estimulados pelas boas notícias macroeconômicas locais, mesmo com os ativos internacionais não apresentarem uma tendência definida. Notícias de recuperação do nível de atividade da economia brasileira deverão manter o estímulo sobre os ativos do mercado local. Nesse cenário, teremos um dia positivo por aqui.
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