IPCA e IGP-DI mostram desaceleração nos preços de janeiro
Após assustar no fim de 2019 devido à alta dos preços da carne, dos combustíveis e das apostas lotéricas, a inflação desabou no início de 2020. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de janeiro mostrou uma inflação de 0,21 por cento em janeiro, após avançar 1,15 por cento em dezembro, divulgou o IBGE às 9 horas desta sexta-feira (7). Segundo o IBGE, foi a menor inflação para o primeiro mês do ano desde o início do Plano Real, em junho de 1994. Em janeiro de 2019, a taxa havia ficado em 0,32 por cento. Nos últimos 12 meses, o IPCA registrou uma inflação de 4,19 por cento, levemente acima dos 4 por cento definidos como meta para 2020 pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
O recuo nos preços da carne puxou o indicador para baixo. A variação dos preços do grupo alimentos e bebidas caiu de 3,38 por cento em dezembro para 0,39 por cento em janeiro. No caso específico das carnes, após dispararem 18,06 por cento em dezembro, os preços desabaram 4,03 por cento em janeiro. Isoladamente, a carne contribuiu para uma queda de 0,11 ponto percentual em todo o índice. Sem essa queda, o IPCA teria registrado uma inflação de 0,32 por cento.
Este levantamento da inflação medida pelo IPCA foi o primeiro com base na nova cesta de produtos e de serviços elaborada pelo IBGE. Foram incluídos 56 itens na cesta. Entre eles os transportes por aplicativo (como Uber e 99), a assinatura de serviços de streaming (como Netflix), gastos com estética e com animais domésticos e o consumo de macarrão instantâneo. Itens como assinatura de jornais, máquinas fotográficas e aparelhos de DVD foram excluídos da base ou tiveram seu peso reduzido no índice.
Os preços dos transportes por aplicativos, que são coletados por robôs criados pelo IBGE, recuaram 0,54 por cento em janeiro. A maior queda foi em São Paulo, com uma baixa de 2,89 por cento, e a maior alta foi em Goiânia, 1,99 por cento.
Além dos robôs, a cesta do IPCA também é nova. Ela foi definida com base nos resultados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2017-2018, que atualizou os hábitos de consumo, despesas e renda das famílias brasileiras.
O IPCA não foi o único índice a cair. Na manhã desta sexta-feira (7), a Fundação Getulio Vargas (FGV) divulgou o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) de janeiro. Mais tradicional índice do País, o IGP-DI mostrou uma variação de apenas 0,09 por cento no mês passado. O resultado foi inferior tanto às expectativas de 0,24 por cento quanto ao 1,74 por cento registrado em dezembro. O IGP-DI acumula uma alta de 7,72 por cento em 12 meses.
Principal componente do IGP-DI, o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) apresentou uma deflação, ou seja, uma queda de preços de 0,13 por cento em janeiro, após ter subido 2,34 por cento em dezembro.
O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) variou 0,59 por cento em janeiro, abaixo dos 0,77 por cento em dezembro. A inflação nos alimentos desacelerou. Caiu de 2,56 por cento em dezembro para 0,64 por cento em janeiro. Os preços das carnes bovinas caíram 2,62 por cento, após terem avançado 16,56 por cento em dezembro.
Nos tempos de índices de preços imprevisíveis e descontrolados, a inflação era representada por um dragão, simbolizando seu potencial de destruição da economia. A imagem perdeu força nos tempos de preços mais controlados. E, a julgar pelos índices do início de fevereiro, não seria absurdo imaginar que neste momento o dragão da inflação encontra-se à beira-mar, sorvendo uma caipirinha e tomando sol. Enquanto isso durar, é possível prever juros baixos e em queda, algo que eleva, estruturalmente, a propensão dos investidores a migrar para aplicações mais arriscadas. No entanto, mesmo com o cenário positivo desenhado, hoje teremos um dia mais negativo para os ativos locais, principalmente em função do cenário externo e tensões relacionadas ao Coronavírus.
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