O Copom deve baixar os juros. Entenda o porquê: Inflação e produção industrial em queda justificam redução
A primeira reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de 2020 deve manter o processo de redução da taxa de juros referencial Selic. As expectativas são de uma queda de 0,25 ponto percentual, baixando os juros para 4,25 por cento ao ano. Apesar de os juros estarem em sua mínima histórica, novas baixas se justificam devido à queda da inflação, à baixa dos preços das commodities e da desaceleração do ritmo de atividade. Produção industrial e inflação mostram que a temperatura da economia está baixa.
Dois números que saíram na manhã desta terça-feira (4) confirmam essa avaliação. A produção da indústria nacional caiu 1,1 por cento em 2019, informou o IBGE. A queda vem após a produção da indústria ter crescido 1 por cento em 2018 e ter avançado 2,5 por cento em 2017. Segundo o IBGE, o mês de dezembro foi fraco, com a produção caindo 0,7 por cento em relação a novembro e 1,2 por cento em relação a dezembro de 2018.
A principal responsável pela queda da produção foi a indústria extrativa. A atividade encolheu 12,2 por cento, devido principalmente à queda da produção do minério de ferro em decorrência da tragédia em Brumadinho, ocorrida em janeiro de 2019. Segundo o IBGE, se o setor extrativo fosse retirado do cálculo, a variação da produção industrial teria sido levemente positiva, com uma alta de 0,2 por cento no ano.
No entanto, a extração mineral não foi o único setor a mostrar resultados ruins. Das 24 atividades pesquisadas, 16 tiveram queda no ano. A avalição é que a produção industrial está sendo prejudicada pelas incertezas no ambiente externo e também pela situação ruim do mercado de trabalho doméstico, que vem afetando a demanda.
A inflação também mostra sinais de desaceleração. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) desacelerou para 0,29 por cento em janeiro após ter subido 0,94 por cento em dezembro, informou a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), ligada à Faculdade de Economia da Universidade de São Paulo. Os preços do grupo Alimentação, que é importante no índice, subiram 0,60 por cento em janeiro após terem avançado 2,96 por cento em dezembro. No item Despesas Pessoais, a Fipe registrou uma deflação (queda de preços) de 0,49 por cento em janeiro, após ter subido 0,36 por cento em dezembro. O IPC mede a inflação para as famílias que moram na cidade de São Paulo e têm renda de um a dez salários mínimos.
O mercado doméstico ainda está muito sujeito à influência externa, para o bem ou para o mal. No entanto, apesar de se esperar uma volatilidade elevada no curto prazo, há boas oportunidades de compra tendo em vista que o Banco Central (BC) deverá manter uma política de estímulo ao crescimento. Neste cenário, o dia será positivo para os ativos locais.
MUNDO – A propagação do coronavírus continua. Na madrugada desta terça-feira, o governo chinês informou que há mais de 20 mil infectados e que o número de mortos subiu para 425. Houve a primeira morte em Hong Kong e a segunda fora da China continental. A primeira vítima havia sido registrada na segunda-feira, com uma morte nas Filipinas.
Mesmo assim, as iniciativas do Banco do Povo, o banco central chinês, estão surtindo efeito. Na segunda-feira, a autoridade monetária havia injetado o equivalente a 750 bilhões de reais no mercado, suspendido as operações no mercado futuro e proibido vendas de ações a descoberto. Na terça-feira houve nova injeção de liquidez por meio de operações de recompra de títulos públicos.
Como resultado, o índice da Bolsa de Xangai fechou com alta de 1,34 por cento. Do outro lado do Mar da China, o índice Nikkei, da Bolsa de Tóquio, subiu 0,49 por cento. Na Europa, tanto o índice alemão Dax quando o inglês FTSE estão registrando altas de 1,2 por cento.
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