Temor é que epidemia de coronavírus reduza o crescimento da economia
A semana está começando com os investidores tentando quantificar o impacto da disseminação do coronavírus chinês sobre o crescimento econômico. No domingo (27), autoridade chinesas alertaram que a disseminação do vírus, já bastante rápida, está se acelerando ainda mais. As informações mais recentes das autoridades chinesas são de que há 2.761 casos confirmados e outros 5.794 casos suspeitos sendo analisados. O número de mortos subiu para 80. Os casos confirmados fora da China também aumentaram. Além de cinco casos confirmados nos Estados Unidos, foram registrados 23 casos em sete países asiáticos, quatro casos na Austrália e três casos na França.
O surto ocorreu no pior momento possível. Devido aos feriados do Ano Novo Lunar chinês, o principal feriado do país, há muitos turistas chineses na Europa e nos Estados Unidos, e muitos deles podem estar contaminados sem mostrar sintomas.
No domingo, autoridades de saúde pública da Inglaterra advertiram que cerca de 100 mil pessoas podem estar infectadas em todo o mundo, embora a maior parte deles seja uma contaminação leve, que não provoca sintomas nem doença. Mesmo assim, a disseminação do vírus aumenta as probabilidades de que novos surtos.
Os especialistas em saúde pública avaliam que o coronavírus não é tão mortal quanto o vírus que matou mais de 800 pessoas durante a epidemia de Sars, em 2002. No entanto, a reação das autoridades chinesas pode provocar um pesado efeito colateral no crescimento internacional.
Para impedir a propagação da doença, o governo chinês montou um cordão de isolamento para a região de Wuhan, e pode adotar medidas semelhantes nas demais regiões. Em um primeiro momento, o bloqueio – que inclui a proibição de viagens e barreiras à circulação de mercadorias – é o maior já registrado na história, atingindo 56 milhões de pessoas. Desconectar tanta gente de uma só vez das cadeias produtivas pode ter consequências imprevisíveis sobe o crescimento econômico chinês, que já vem sendo prejudicado pela guerra comercial de 18 meses com o Estados Unidos.
Na dúvida, os investidores venderam. A semana começou com os mercados registrando fortes quedas ao redor do mundo. Na Ásia, o índice Nikkei, da bolsa de Tóquio, caiu 2,03 por cento, ao passo que o índice SSE Composite, da Bolsa de Xangai, fechou em queda de 2,75 por cento. Os mercados na Europa também estão em baixa: em Londres, o índice FTSE de 100 ações está caindo 2,23 por cento e o índice alemão Dax está caindo 2,2 por cento. Os contratos futuros do índice americano S&P 500 negociados em Londres estão caindo 1,3 por cento.
Em si, a epidemia do coronavírus não parece ser tão mortal quanto a do Sars, registrada em 2002. No entanto, a reação do governo chinês vem sendo muito mais profunda, bloqueando cidades inteiras e ampliando o prazo do feriado do Ano Novo Lunar, o que com certeza vai reduzir o crescimento chinês e, como consequência, desacelerar a economia global.
BRASIL – Enquanto as ações desabam lá fora, a edição do relatório Focus, do Banco Central (BC) divulgada na manhã desta segunda-feira (27) confirma que o mercado já colocou novas quedas da taxa referencial Selic no radar. Pela primeira vez em vários meses, a projeção para os juros no fim do ano recuou de 4,5 por cento para 4,25 por cento.
Essa mudança na projeção veio em linha com uma nova redução da estimativa para a inflação. A conta mais recente do mercado prevê um IPCA de 3,47 por cento, 0,09 ponto percentual abaixo dos 3,56 por cento esperados na semana passada.
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