Vendas de novembro ficam abaixo do esperado
Quem gosta de mitologia grega vai dedicar esta quarta-feira (15) ao deus Hermes, mais conhecido pelo nome latino Mercúrio. No Brasil e nos Estados Unidos, a atenção se volta para o comportamento do comércio e dos acordos que o norteiam.
Começando por aqui: segundo o IBGE, a Pesquisa Mensal do Comércio indica que as vendas no varejo em novembro subiram 0,6 por cento em relação a outubro. Esse resultado ficou bastante abaixo das projeções do mercado, que oscilavam ao redor de uma alta de 1,20 por cento em relação a outubro.
Segundo o IBGE, o volume de vendas registrou o maior patamar desde dezembro de 2016, período crítico da crise no setor, mas segue 3,7 por cento abaixo do recorde alcançado em outubro de 2014. A alta no varejo restrito, que não inclui nem automóveis nem material de construção, foi provocada por dois fatores combinados: a liberação dos saques do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e as promoções da Black Friday.
No varejo ampliado, que inclui automóveis e material de construção, novembro registrou uma queda de 0,5 por cento, contrariando as expectativas que previam um avanço de 0,75 por cento.
Os prognósticos para a Pesquisa Mensal do Comércio indicavam uma grande dispersão das expectativas, que variavam de uma queda de 0,3 por cento no caso mais pessimista até uma alta de 3 por cento na estimativa mais otimista. As estimativas para o comportamento do varejo ampliado oscilavam entre uma queda de 0,5 por cento até um crescimento máximo de 1,6 por cento.
O aquecimento do varejo em novembro se contrapõe aos dados fracos do desempenho industrial. No penúltimo mês de 2019 a produção industrial caiu 1,2 por cento. Esse resultado comprometeu o acumulado do ano, que havia tido expansão de 2,2 por cento entre agosto e outubro, e lançou dúvidas sobre a tração da economia brasileira. Agora, com os bons números do varejo, é razoável prever que o crescimento poderá confirmar os prognósticos do governo, que preveem uma expansão de 1,12 por cento no Produto Interno Bruto (PIB) no acumulado de 2019, que ainda será divulgado pelo IBGE, e de 2,4 por cento para este ano.
MUNDO – Nos Estados Unidos, esta quarta-feira será, finalmente, o dia em que os governos de Washington e de Pequim vão assinar a primeira fase do novo acordo comercial entre chineses e americanos. As tratativas se arrastaram por quase 18 meses, a indefinição causou fortes estragos na economia chinesa e, por tabela, afetaram países produtores de commodities como o Brasil. Com a assinatura do acordo, espera-se que as relações comerciais entre as duas economias se normalizem.
No entanto, nem tudo são flores. Na terça-feira (14) circulou a notícia de que as tarifas de importação americanas sobre produtos chineses não serão removidas automaticamente após a assinatura do acordo. Essas tarifas incidem sobre 360 bilhões de dólares em produtos chineses exportados para os Estados Unidos, e os tornam menos competitivos. Segundo Steven Mnuchin, secretário do Tesouro americano, as tarifas permanecerão em vigor até que haja a segunda etapa do acordo comercial. “Se o presidente (Trump) conseguir a fase 2 rapidamente, ele considerará liberar tarifas”, disse Mnuchin. A intenção de Washington seria manter as taxas até as eleições, em novembro, como forma de garantir que Pequim cumpra os termos da fase 1.
Os números do varejo confirmam que a tração da economia está mais fraca do que se esperava, o que pode comprometer as expectativas de melhora consistente dos resultados das empresas nos próximos trimestres.
▼ A notícia é negativa para a Bolsa
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