IPCA de 2019 supera o centro da meta
A semana se encerra em clima de distensão geopolítica e de retorno da atenção do mercado aos indicadores econômicos, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. Por aqui, a divulgação de um Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 1,15 por cento em dezembro – acima do 0,51 por cento de novembro – mandou a inflação acumulada de 2019 para além do centro da meta. Foi o maior percentual registrado para um mês de dezembro, desde os 2,10 por cento do último mês de 2002.
O IBGE informou às 9 horas desta sexta-feira (10) que a inflação do ano ficou em 4,31 por cento, levemente acima dos 4,25 por cento, mas ainda dentro da faixa de tolerância, que é de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. A meta de inflação vai de 2,75 por cento a 5,75 por cento. No acumulado de 2018, o IPCA havia sido de 3,75 por cento.
O que elevou a inflação foi, principalmente, o aumento dos preços das carnes. Segundo o IBGE, no ano passado os preços do grupo Alimentos e Bebidas subiram 6,37 por cento. O destaque foram as carnes. A variação acumulada do ano foi de 32,40 por cento. A maior parcela desse aumento, 27,61 por cento, foi registrada no acumulado de novembro e de dezembro.
Outro fator a pressionar os índices de inflação foram os planos de saúde. A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) autorizou reajustes médios de 8,24 por cento no ano passado, quase o dobro da taxa de inflação. Os aumentos de 3,57 por cento nos combustíveis e de 12,88 por cento nos jogos lotéricos também justificaram a aceleração do índice.
Se por um lado a alta da inflação deverá levar o mercado a refazer as contas para o comportamento da taxa de juros Selic em 2020, os dados da produção industrial de novembro, divulgados na quinta-feira (9), frustraram as expectativas. No mês passado, a produção industrial recuou 1,2 por cento, um desempenho pior do que a mediana das expectativas do mercado, que indicava uma queda de 0,5 por cento.
O resultado da produção industrial interrompeu uma sequência de três meses consecutivos de alta. Entre agosto e outubro, o crescimento acumulado foi de 2,2 por cento. No entanto, em novembro, a alta dos preços da carne e o aumento dos estoques de veículos fizeram as montadoras e as indústrias de alimentos desacelerar sua produção. O resultado de novembro esfriou o entusiasmo e provocou uma reviravolta nos prognósticos de crescimento sustentado. Resta saber se esse número vai afetar os prognósticos nas próximas edições da pesquisa Focus.
MUNDO – Nos Estados Unidos, as expectativas são para a divulgação do índice de desemprego e do relatório de emprego não-agrícola (“non-farm payroll”) de dezembro. A expectativa é de um índice de desemprego estável em 3,5 por cento, e um relatório de emprego não-agrícola mostrando um crescimento de 160 mil empregados no último mês do ano passado, uma queda ante as 266 mil vagas abertas em novembro. Os analistas consideram pouco provável a hipótese de os dados do mercado de trabalho alterarem a pausa na política monetária já antecipada pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano).
A aceleração da inflação não deverá provocar uma alta na taxa referencial Selic. O aumento dos preços foi pontual e restrito a poucos grupos e a inflação acumulada para 2019 ficou praticamente no centro da meta. Além disso, a produção industrial indica que não há um movimento de crescimento econômico capaz de pressionar a inflação ao longo do ano. No entanto, diminuiu a probabilidade de quedas adicionais da taxa referencial Selic.
▼ A notícia é negativa para Bolsa
* Esse conteúdo faz parte do nosso boletim diário: ‘E Eu Com Isso?’. Todos os dias, o time de analistas da Levante prepara notícias e análises que impactam seus investimentos. Clique aqui para receber informações sobre o mercado financeiro em primeira mão.
Leia também: B3 (B3SA3) divulga política de tarifas para 2020