O Itaú Unibanco (ITUB4) divulgou o resultado do terceiro trimestre de 2020 nesta terça-feira (3), após o fechamento do mercado. O resultado foi bom e veio um pouco acima do esperado em termos de lucro líquido, que atingiu 5,03 bilhões de reais no trimestre.
O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) foi de 15,7 por cento no trimestre, uma melhoria em relação ao 2T20 (13,5 por cento), mas uma forte redução em relação ao ROE de 23,5 por cento no mesmo trimestre do ano anterior.
O destaque positivo foi a redução significativa da Provisão para Devedores Duvidosos em relação ao trimestre anterior, apesar da alta no número em relação ao ano passado.
Ainda no lado positivo houve melhoria na inadimplência acima de 90 dias para 2,2 por cento (2,7 por cento no 2T20 e 2,9 por cento no 3T19).
A carteira de crédito apresentou recuperação em relação ao trimestre anterior: crescimento de 4,4 por cento, beneficiada pelo crescimento da participação de grandes empresas na carteira, atingindo o total de bilhões de reais.
O principal destaque negativo foi a redução na margem financeira com clientes: queda de 4,8 por cento em relação ao 2T20.
O fato mais relevante é que o Itaú anunciou que está em estágio avançado de análise sobre a possibilidade de segregar a participação de 41,05 por cento que tem na XP em uma nova sociedade (“Newco”), além de vender a mercado o equivalente a 5 por cento de participação na XP.
De forma geral, o resultado do Itaú (ITUB4) veio alinhado às expectativas do mercado, com margem financeira ligeiramente menores compensadas pela queda nas despesas com provisões (PDD).
Entretanto, o principal assunto da teleconferência com investidores do Itaú será a possível distribuição das ações que o Itaú tem na XP. Além disso, o Itaú anunciou o seu novo presidente (CEO): Milton Maluhy
Essa notícia trouxe forte impacto no preço das ações do Itaú que tiveram forte alta de 7,7 por cento no “after market” na terça-feira (3) e que derrubaram as ações da XP na bolsa dos EUA em mais de 9 por cento. As ações do Itaú (ITUB4) fecharam em alta de 2,5 por cento no pregão desta terça-feira (3).
Esperamos impacto forte positivo no preço das ações do Itaú (ITUB3/ITUB4) no curto prazo, pois o mercado não estava precificando corretamente o valor da participação do Itaú na XP, o que deve ser corrigido com a venda de parte das ações da XP (5 por cento) e a listagem/separação da “Newco” que detém 41,05 por cento de participação na XP.
As ações (ITUB4) ficaram bastante para trás em 2020: queda de 32,7 por cento, comparado à queda de 17 por cento do Ibovespa no período.
Acreditamos que o pior deve ter ficado para trás em termos de provisões para perdas com crédito: o Itaú tem 18 bilhões de reais em provisões complementares e índice de cobertura de 339 por cento, o que consideramos ser bastante confortável.
As despesas com crédito (calote) voltaram a níveis mais normalizadas e representaram por 3,8 cento da carteira de crédito no trimestre, comparado ao pico de 6,8 por cento no 1T20 e de 4,7 por cento no 2T20.
É importante ressaltar a atitude conservadora do banco de continuar realizando provisões. Apesar da queda no lucro, o Itaú agora possui um colchão de proteção de bilhões de reais para enfrentar um possível cenário econômico adverso com o fim dos benefícios pagos durante a pandemia.
O Itaú registrou 6,3 bilhões de reais em despesas com provisões para devedores duvidosos (PDD) para se proteger do impacto do coronavírus sobre clientes, alta de 28,8 por cento frente igual período de 2019. O número, entretanto, é 16 por cento menor do que foi provisionado no 2T20, os modelos de risco do banco reforçam que o pior parece ter passado.
Olhando para a frente, os principais riscos para os grandes bancos são: i) aumento da concorrência; ii) novo sistema de pagamentos (PIX) e; iii) possível aumento de impostos a ser discutido no Congresso Nacional.
–
* Este conteúdo faz parte do nosso boletim diário: ‘E Eu Com Isso?’. Todos os dias, o time de analistas da Levante prepara as notícias e análises que impactam seus investimentos. Clique aqui para receber informações sobre o mercado financeiro em primeira mão.