A quarta-feira (29) teve notícias positivas e negativas. As negativas foram o balde de água fria nos mercados lançado por Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (FED), o banco central americano. Ao comentar a esperada redução de 0,25 ponto percentual nos juros, Powell afirmou que não há consenso sobre um novo corte nas taxas.
A próxima redução vinha sendo esperada para dezembro, mas ele descartou essa possibilidade. “Nas discussões do comitê nesta reunião, houve opiniões bastante divergentes sobre como proceder em dezembro”, disse Powell. “Uma nova redução na taxa básica de juros na reunião de dezembro não é uma conclusão inevitável. Longe disso.”
Ele acrescentou que existe um “coral crescente” entre os 19 membros do Federal Open Market Committee (Fomc), versão americana do Copom, para “esperar pelo menos mais uma reunião” antes de realizar um novo corte nos juros.
As declarações afetaram bastante o cenário para os juros nos Estados Unidos. Os investidores reduziram as probabilidades de um corte em dezembro de 90 por cento na terça-feira (28) para 67 por cento na quarta-feira segundo o FedWatch do CME Group. A mudança no tom do FED provocou uma forte queda nas ações de empresas de tecnologia, o que prejudicou o mercado como um todo.
As notícias do FED estão tendo mais impacto no mercado do que o resultado positivo da reunião entre Donald Trump e Xi Jinping, realizada na madrugada da quinta-feira (30) na Coreia do Sul. Foi a primeira vez que Trump e Xi se encontraram em seis anos, e a cúpula durou uma hora e quarenta minutos.
Os controles de exportação chineses sobre as terras raras, anunciados em 9 de outubro, serão adiados por um ano. Os EUA também vão adiar a implementação das medidas anunciadas em 29 de setembro, que incluíram subsidiárias majoritárias de empresas chinesas na lista de entidades dos EUA, informou o Ministério do Comércio da China. Trump disse a repórteres a bordo do Air Force One, ao deixar a Coreia do Sul, que a reunião com Xi foi “incrível” e que “muitas decisões foram tomadas”.
As tarifas relacionadas ao fentanil sobre Pequim serão reduzidas de 20 por cento para 10 por cento, com efeito imediato, disse Trump, diminuindo a taxa sobre as exportações chinesas de 57 por cento para 47 por cento. Em contrapartida, Pequim “trabalhará arduamente para deter o fentanil” e retomará as compras de soja americana e outros produtos agrícolas.
O Ministério do Comércio da China afirmou que os dois países chegaram a um consenso sobre a cooperação no comércio de fentanil e produtos agrícolas. As taxas recíprocas para navios fabricados na China e nos EUA que atracam nos portos de cada país serão adiadas por um ano, de acordo com o Ministério do Comércio chinês.
E Eu Com Isso?
As ações estão em uma leve alta no pré-mercado em Nova York, apesar da volatilidade dos juros provocada pelas declarações de Powell. No entanto, o cenário segue duvidoso, pois uma alta dos juros tende a reduzir as cotações de empresas de tecnologia, que são muito relevantes nos índices e dependem muito de uma política monetária frouxa.
As notícias são positivas para a Bolsa em um cenário de volatilidade
Mercado Livre (MELI34) apresenta resultados mistos no 3T25 O Mercado Livre (MELI34) apresentou resultados mistos no 3T25, marcado por um crescimento expressivo de receita, mas com rentabilidade pressionada por fatores cambiais e investimentos em expansão logística. A companhia reportou lucro líquido de 421 milhões de dólares, alta de 6 por cento em relação ao 3T24, com margem líquida de 5,7 por cento, porém abaixo das expectativas. A receita líquida atingiu 7,4 bilhões de dólares, um avanço robusto de quase 40 por cento em base anual, superando levemente as projeções e evidenciando o forte dinamismo das operações na América Latina. O Ebit totalizou 724 milhões de dólares, o que representa crescimento consistente frente ao ano anterior, mas ligeiramente inferior ao consenso, refletindo os custos mais altos associados à expansão logística no Brasil e à desvalorização do peso argentino. O desempenho operacional do trimestre foi sustentado por um novo salto no Volume Bruto de Mercadorias (GMV), que somou 16,5 bilhões de dólares, alta de 35 por cento a/a em câmbio neutro. O número de itens vendidos atingiu 635 milhões, crescimento de 39 por cento, mostrando que o ecossistema do Mercado Livre segue em franca expansão e fortalecido por sua integração entre e-commerce, logística e serviços financeiros. Esse crescimento reforça a capacidade da companhia de ampliar sua base de clientes e transações, mesmo em meio a um cenário de volatilidade macroeconômica e desaceleração em alguns mercados. No Brasil, principal mercado da companhia, o desempenho foi particularmente positivo. O GMV cresceu 34 por cento, acompanhado de uma expansão de 29 por cento no número de compradores únicos — o ritmo mais rápido desde 2021. O crescimento de 42 por cento no número de itens vendidos reforça a aceleração do consumo dentro da plataforma. Esse resultado foi impulsionado por investimentos expressivos em infraestrutura logística, especialmente a ampliação da rede de centros de distribuição e a redução do valor mínimo para frete grátis, de 79 para 19 reais. Essa medida ampliou significativamente o alcance da base de consumidores, atraindo novos usuários e fortalecendo a fidelização de clientes com ticket médio menor, mas de recorrência elevada. Apesar do impacto de curto prazo nas margens, a estratégia é vista como um investimento de longo prazo, capaz de sustentar a liderança do Mercado Livre no e-commerce nacional diante da crescente competição de players asiáticos. A Argentina, que vinha sendo o motor de crescimento do grupo nos últimos trimestres, apresentou sinais de desaceleração no 3T25. As vendas cresceram 44 por cento a/a, ritmo ainda elevado, mas substancialmente inferior aos 75 por cento registrados no trimestre anterior e aos 218 por cento do mesmo período de 2024. O resultado reflete o impacto direto do ambiente político e econômico argentino, que reduziu a confiança do consumidor e pressionou o poder de compra local. A depreciação acentuada do peso argentino também gerou perdas cambiais líquidas, que afetaram a conversão dos resultados consolidados para o dólar. Embora o país ainda represente uma parcela relevante do crescimento, o cenário macroeconômico impõe limites à expansão no curto prazo e adiciona volatilidade aos resultados consolidados. Por outro lado, o México manteve trajetória positiva, com crescimento de 34 por cento nas vendas, refletindo o avanço do e-commerce e a expansão da base de usuários. O país segue como um mercado de alta relevância estratégica, combinando poder de consumo crescente, ambiente regulatório mais estável e forte penetração dos serviços financeiros do grupo. A diversificação geográfica do Mercado Livre segue sendo uma de suas principais vantagens competitivas: embora a Argentina represente um foco de risco momentâneo, a combinação entre Brasil, México e Chile oferece contrapesos importantes e diluição dos efeitos cambiais regionais. O braço financeiro Mercado Pago voltou a se destacar como pilar de rentabilidade e crescimento. A base de usuários ativos mensais (MAUs) atingiu 72 milhões, avanço de quase 30 por cento a/a, enquanto o portfólio de crédito chegou a 11 bilhões de dólares, um aumento expressivo de 83 por cento. O número de usuários de crédito ultrapassou 27 milhões, e mesmo com a expansão da carteira, a inadimplência acima de 90 dias recuou para 21 por cento, com estabilidade no índice de curto prazo (6,8 por cento). Esses indicadores refletem a qualidade da originação de crédito e o amadurecimento do modelo de risco do braço financeiro, que hoje atua como vetor de fidelização e monetização dentro do ecossistema MELI. O crescimento do Mercado Pago reforça a sinergia entre as frentes de e-commerce e serviços financeiros, consolidando o modelo de “superapp” do grupo na região. E Eu Com Isso? De forma geral, o 3T25 reforçou o potencial de crescimento de longo prazo do Mercado Livre, ainda que sob um ambiente desafiador no curto prazo. O aumento robusto da receita e do GMV mostra a força da marca e a eficiência de sua integração logística e tecnológica. O impacto dos investimentos no Brasil, embora pressione as margens neste momento, é estratégico para consolidar uma vantagem competitiva sustentável em um mercado de rápida transformação. A desaceleração na Argentina é pontual dentro de um contexto macro volátil, mas não altera a tese estrutural de crescimento do grupo, que continua apoiada na digitalização financeira e na expansão da penetração do e-commerce. Em conclusão, o Mercado Livre equilibra expansão e resiliência com uma estratégia coerente de longo prazo. A companhia mostra disciplina em manter crescimento acelerado em receitas e volumes, mesmo com oscilações regionais e cambiais. A redução das margens operacionais é compensada por um pipeline sólido de crescimento e ganhos de eficiência gradual. Assim, o 3T25 deve ser visto como um trimestre de consolidação — menos sobre o lucro pontual e mais sobre a capacidade da companhia de sustentar liderança e escalar rentabilidade em um ecossistema cada vez mais integrado. Com forte geração de caixa operacional e solidez estratégica, o Mercado Livre segue como uma das histórias de crescimento mais consistentes da América Latina. |
Santander (SANB11) supera expectativas e lucra 4,0 bilhões de reais no 3T25 Na manhã desta quarta-feira (29), o Santander Brasil (SANB11) divulgou seus resultados referentes ao 3T25, apresentando desempenho acima das expectativas do mercado e reforçando sua posição entre os bancos mais rentáveis do país. A receita total alcançou 20,7 bilhões de reais, um avanço de 1 por cento em relação ao mesmo período de 2024. O destaque negativo ficou por conta da margem com o mercado, que registrou resultado negativo de 1,3 bilhão de reais, revertendo saldos positivos obtidos no ano anterior. Em contrapartida, a margem com clientes somou 16,55 bilhões de reais, representando alta de 11 por cento na comparação anual. As provisões para devedores duvidosos (PDD) totalizaram 6,52 bilhões de reais, aumento de 10,9 por cento em relação ao 3T24, mas com retração frente ao segundo trimestre de 2025, indicando tendência de estabilização na qualidade da carteira de crédito. O índice de inadimplência acima de 90 dias atingiu 3,4 por cento em setembro, uma elevação de 0,2 ponto percentual no ano. Já o índice de cobertura de estágio 3 caiu para 66,2 por cento, uma redução de 0,9 pontos percentuais em relação ao trimestre anterior. No controle de custos, o Santander manteve sua disciplina operacional, com despesas totais de 6,4 bilhões de reais, queda de 0,5 por cento frente ao mesmo período de 2024. Esse desempenho favoreceu a melhora no índice de eficiência, que recuou para 37,5 por cento, uma redução de 1,4 pontos percentuais no comparativo anual, refletindo a menor participação das despesas sobre as receitas. O resultado operacional antes dos impostos foi de 4,3 bilhões de reais, leve queda de 1 por cento frente ao ano anterior, mas alta de 9,5 por cento sobre o segundo trimestre de 2025. Como consequência, o lucro líquido do banco alcançou 4,01 bilhões de reais, avanço de 9,4 por cento em relação ao 3T24. No acumulado dos últimos 12 meses, o lucro líquido somou 14,8 bilhões de reais, o que coloca o banco em um patamar de valuation atrativo, com múltiplo Preço/Lucro (P/L) de 7,4 vezes. O patrimônio líquido atingiu 94,2 bilhões de reais, aumento de 6,1 por cento em doze meses, enquanto os ativos ponderados pelo risco (RWA) totalizaram 724,9 bilhões de reais, crescimento de 5,1 por cento. O Índice de Basileia manteve-se robusto em 15,2 por cento, reforçando a solidez de capital do banco. O capital principal (CET1) ficou em 11,7 por cento, avanço de 0,8 p.p. em relação ao mesmo período de 2024. Com esses resultados, o Santander Brasil demonstra resiliência operacional, controle de custos e solidez de capital, consolidando-se como uma das principais instituições financeiras do país em rentabilidade e eficiência. E Eu Com Isso? O Santander Brasil reportou um resultado sólido no terceiro trimestre de 2025, superando as expectativas do mercado e confirmando a trajetória de recuperação observada ao longo do ano. O retorno sobre o patrimônio líquido anualizado (ROAE) atingiu 17,5 por cento no período, refletindo melhora tanto em relação ao mesmo trimestre de 2024 quanto frente ao segundo trimestre deste ano, impulsionado pelo crescimento da margem com clientes e pelo controle das despesas operacionais. Para o ano de 2025, projetamos um lucro líquido em torno de 15 bilhões de reais. Nesse cenário, as ações do Santander estão sendo negociadas a um múltiplo Preço/Lucro (P/L) de 7,5 vezes. Mantemos a visão de que o Santander continuará figurando entre os bons pagadores de dividendos do setor bancário. Nossas estimativas apontam para um dividend yield em torno de 6,5 por cento nos próximos doze meses, sustentado por uma sólida geração de resultados e capitalização confortável. DISCLAIMER A INSIDE RESEARCH LTDA. (“INSIDE”), empresa do Grupo Levante Investimentos (“LEVANTE ”), declara que participou da elaboração do presente relatório de análise e é responsável por sua distribuição exclusivamente nos canais autorizados das empresas do Grupo Levante, tendo como objetivo somente informar os seus clientes com linguagem clara e objetiva, diferenciando dados factuais de interpretações, projeções, estimativas e opiniões, não constituindo oferta de compra ou de venda de nenhum título ou valor mobiliário. Além disso, os dados factuais foram acompanhados da indicação de suas fontes e as projeções e estimativas foram acompanhadas das premissas relevantes e metodologia adotadas. Todas as informações utilizadas neste documento foram redigidas com base em informações públicas, de fontes consideradas fidedignas. Embora tenham sido tomadas todas as medidas razoáveis para assegurar que as informações aqui contidas não são incertas ou equivocadas no momento de sua publicação, a INSIDE e os seus analistas não respondem pela veracidade das informações do conteúdo, mas sim as companhias de capital aberto que as divulgaram ao público em geral, especialmente perante a Comissão de Valores Mobiliários (“CVM”). As informações, opiniões, estimativas e projeções contidas neste documento referem-se à data presente e estão sujeitas a mudanças, não implicando necessariamente na obrigação de qualquer comunicação no sentido de atualização ou revisão com respeito a tal mudança. Para maiores informações consulte a Resolução CVM nº 20/2021, e, também, o Código de Conduta da Apimec para o Analista de Valores Mobiliários. Em cumprimento ao artigo 16, II, da referida Resolução CVM nº 20/2021. As decisões de investimentos e estratégias financeiras sempre devem ser realizadas pelo próprio cliente, de preferência, amparado por profissionais ou empresas habilitadas para essa finalidade, uma vez que a INSIDE não exerce esse tipo de atividade. Esse relatório é destinado exclusivamente ao cliente da INSIDE que o contratou. A sua reprodução ou distribuição não autorizada, sob qualquer forma, no todo ou em parte, implicará em sanções cíveis e criminais cabíveis, incluindo a obrigação de reparação de todas as perdas e danos causados, nos termos da Lei nº 9.610/98, além da cobrança de multa não compensatória de 20 (vinte) vezes o valor mensal do serviço pago pelo cliente. Em conformidade com os artigos 20 e 21 da Resolução CVM nº 20/2021, o analista Eduardo Jamil Rahal (inscrito no CNPI sob o nº 8204) declara que (i) é o responsável principal pelo conteúdo do presente relatório de análise; (ii) as recomendações nele contidas refletem única e exclusivamente as suas opiniões pessoais e que foram elaboradas de forma independente, inclusive com relação à INSIDE. |

