O futebol para o brasileiro tem um significado único: mexe com multidões, possibilita milagres e sentimentos que poucos conseguem colocar em palavras. Por ser tão popular, o esporte tem muita demanda e, consequentemente, movimenta uma quantidade grandiosa de dinheiro. Nesse sentido, o mercado da bola é extremamente competitivo e qualquer vantagem faz diferença nos resultados. Assim como os olheiros do mercado.
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O papel do dinheiro no futebol
O olheiro é uma dessas vertentes que podem se tornar diferenciais para o sucesso de um time. Sua profissão é caçar talentos e acompanhá-los ainda jovens para eventualmente contratar uma “aposta” entre tantos outros aspirantes a jogador profissional.
Para se tornar um olheiro diferenciado, já não funciona mais frequentar arquibancadas com um bloquinho para anotações de jogadores. É preciso estar presente em treinos, clássicos, testes físicos e outras situações que vão revelar o potencial dos jovens observados. Não adianta mais procurar talentos somente no campeonato de clubes da cidade. É preciso explorar o universo das “peladas” informais.
De olho no dinheiro
Comparativamente, pode-se dizer que um olheiro diferenciado é igual a um investidor diferenciado. Ambos evitam avaliações convencionais, buscando variáveis inovadoras e análises originais para fugir do óbvio. Por isso, serão mencionados alguns exemplos que muitas vezes ficam de lado, mas que são essenciais para o investidor completo ter sucesso em oportunidades únicas: a política legislativa e a de agências reguladoras.
É importante monitorar essas possíveis iniciativas por dois grandes motivos. O primeiro é assegurar a melhor posição de seus investimentos, sabendo como estar preparado para possíveis oscilações e mudanças que os acontecimentos políticos e regulatórios podem causar. O segundo motivo é a possibilidade de cobrança dos parlamentares e agências com relação aos andamentos dos projetos de acordo com seus interesses e visão de negócios – em outras palavras, se apoiamos ou não tal projeto porque ele trará certo benefício a algum setor da economia.
Dentre esses projetos, é preciso ficar de olho em alguns em específico.
A política e o dinheiro
Encabeçada pelo Ministério de Minas e Energia, terminou em fevereiro a consulta pública sobre a reforma do setor elétrico, ainda sem número de projeto de lei. O texto parcial passará pela Casa Civil e depois irá para o presidente da República, que em seguida submeterá ao Congresso Nacional para tramitação.
O projeto vai aprimorar o marco regulatório de diversos quadros que influenciam o funcionamento de empresas no setor e engloba alguns avanços considerados essenciais pelas empresas de energia.
As principais propostas são:
- Abertura em 2026 do mercado livre, no qual empresas de menor porte poderão adquirir energia diretamente das empresas geradoras de energia
- Redução do intervencionismo do governo no mercado, cortando incisivamente os subsídios
- Permissão para estrangeiros poderem adquirir imóveis, diminuindo as barreiras de entrada do capital externo e ampliando a concorrência
A expectativa é que esse projeto de lei seja votado nos próximos anos e a repercussão no mercado é positiva. Apesar de algumas mudanças serem consideradas leves, é consenso que a proposta moderniza o país.
Se aprovado, o projeto pode impactar diretamente em todas as empresas que compõem o Índice de Energia Elétrica.
Reformas que mexem com dinheiro
Há quase sete anos em trâmite no Congresso Nacional, a reforma do código comercial está entre os temas polêmicos e importantes para o Brasil. O novo código estabeleceria as novas regras sobre relações entre as empresas no país e substituiria o antigo código, que é de 1850.
A discussão envolve juristas, economistas e empresários. Os defensores da reforma argumentam que o novo código facilitará a vida das empresas ao concentrar todas as regras no documento atualizado e que ele será baseado na legislação comercial dos EUA e da UE.
As pessoas contrárias à proposta apontam que o novo código trará mais custos e burocracia para o país, criando regras sem necessidade e também causando sobreposição de leis.
O texto que circula no Senado tem 1.103 artigos e o texto da Câmara, 670. Os novos códigos, segundo estudo do Insper, criariam um custo de até R$ 26,5 bilhões às empresas para se adaptarem às novas regras do jogo.
Muitos artigos do antiquado Código de 1850 já foram revogados pelo Código Civil em 2003 e diversas outras leis foram criadas para regulamentar práticas não existentes no século XIX.
Se aprovados alguns dos projetos, o impacto para o “Doing Business” (custo dos negócios) no Brasil poderá ser bastante negativo, atingindo em diferentes intensidades todo o mercado de capitais e freando o seu crescimento.
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Fundos em revisão
Está previsto para os próximos meses que a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) faça a revisão das melhores práticas para a administração de recursos de terceiros. Basicamente, essa revisão vai mudar as regras do jogo para os fundos de investimento.
Após audiência pública terminada em fevereiro, surgiram algumas alterações que preocupam assets de menor porte. Isto porque o novo código de autorregulação dos fundos estabelece que as gestoras tenham de usar o sistema de supervisão baseada em risco para contratar terceiros.
Em outras palavras, seria necessário fiscalizar a gestora contratada por meio de uma auditoria, aumentando os custos de observância (aqueles obrigatórios para cumprimento de normas). Fundos menores consideram tal medida injusta pois enxergam diferenças operacionais grandes quando comparados seus fundos com aqueles responsáveis por 1 bilhão de reais ou mais.
Se aprovada a nova autorregulação, aumenta o risco de investimento nos fundos menores, sem o aumento de retorno ao investidor.
Os exemplos acima podem ser grandes fatores de mudanças em um horizonte de médio prazo, e os melhores olheiros do mercado já estão monitorando o desenrolar dos casos. Poucos são os olheiros que descobrem os maiores talentos da história do futebol, e o mesmo vale para o mercado financeiro.
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