Morning Call Levante – 22 de Outubro de 2025

Cenário Macroeconômico

O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) comum do Canadá avançou 2,7% YoY em
setembro, ante 2,5% no mês anterior, enquanto o núcleo do indicador subiu 2,8% YoY,
também superando a leitura anterior de 2,6%. No comparativo mensal, o núcleo do
IPC teve alta de 0,2%, revertendo a estabilidade do mês anterior.
Outros componentes do índice confirmam um quadro de inflação disseminada: o IPC
total variou 0,1% MoM, revertendo a deflação de -0,1% em agosto, e o IPC Canadá
(anual) acelerou de 1,9% para 2,4%, indicando recuperação da pressão nos preços de
bens e serviços. As medidas alternativas — IPC Mediana (3,2%) e IPC Reduzido (3,1%) —
permaneceram estáveis, mas ainda em patamar acima da meta de 2% do Banco do
Canadá (BoC).

Nos Estados Unidos, o Índice Redbook anual, que mede as vendas no varejo de
grandes redes, registrou alta de 5,0%, desacelerando frente aos 5,9% anteriores. O
dado indica moderação no consumo.

O mercado financeiro encerrou a terça-feira, em tom de cautela, refletindo as
incertezas externas e o ambiente político doméstico. O dólar à vista registrou alta de
0,36%, encerrando o dia cotado a R$ 5,39, acompanhando o movimento global de
valorização da moeda americana diante da falta de avanços nas negociações
comerciais entre Estados Unidos e China. O presidente americano, Donald Trump,
afirmou que talvez não ocorra uma reunião com o presidente chinês, Xi Jinping, o que
elevou a percepção de risco e pressionou as moedas de países emergentes.

No exterior, o índice DXY, que mede a força do dólar frente a uma cesta de moedas de
economias desenvolvidas, avançou 0,39%, refletindo o aumento da demanda por
ativos considerados seguros. As bolsas americanas tiveram desempenho misto: o
Dow Jones subiu 0,47%, atingindo novo recorde histórico, o S&P 500 encerrou o dia
estável e o Nasdaq recuou 0,16%. No Brasil, o Ibovespa apresentou recuo de -0,29%,
com os investidores atentos às discussões em torno do Orçamento de 2026 e à
possibilidade de o governo recompor parte das medidas fiscais rejeitadas após a
queda da Medida Provisória 1303.


Renda Fixa

No curto prazo, a curva de juros manteve-se praticamente estável, com oscilações
marginais e volume moderado. O vértice F26 (jan/26) permaneceu em 14,896% no dia
20/10/2025, com 2.680 negócios e 4,098.597 contratos em aberto, e ajustou para
14,900% no dia 21/10/2025, com 2.829 negócios e 4,094.538 contratos, indicando
manutenção da liquidez na base e giro moderado. Já o vértice F27 (jan/27) —
principal referência da ponta curta — apresentou taxa de 13,96999% com 10.131
negócios e 5,404.016 contratos em aberto em 20/10, e ajustou para 13,94% com 15.133
negócios e 5,404.016 contratos em 21/10, refletindo postura mais cautelosa dos
investidores e concentração da liquidez nos vértices curtos.

Nos vértices intermediários, observou-se fechamento mais expressivo das taxas entre
os dias. O vértice F28 (jan/28) caiu de 13,28499% (22.612 negócios; 3.391.057 contratos)
em 20/10 para 13,24% (22.154 negócios; 3.391.057 contratos) em 21/10. Já o vértice F29
(jan/29) recuou de 13,24099996% (25.188 negócios; 3.497.590 contratos) em 20/10
para 13,21% (26.538 negócios; 3.497.590 contratos) em 21/10 — indicando
reposicionamento técnico e realocação de posições com foco em durations médias.

Na parte longa, os ajustes foram mais contidos, mas evidenciam continuidade da
pressão de queda nas taxas. O vértice F31 (jan/31) passou de 13,52300197% (11.387
negócios; 1.781.796 contratos) em 20/10 para 13,48% (10.068 negócios; 1.781.796
contratos) em 21/10. O vértice F33 (jan/33) ajustou de 13,68499821% (5.339 negócios;
588.223 contratos) em 20/10 para 13,64% (3.673 negócios; 588.223 contratos) em 21/10,
refletindo a liquidez relativamente menor, porém consistente nessa parte da curva.

O pregão consolidou um perfil de bull-flattening moderado, com fechamento mais
incisivo nas taxas médias e longas, e estabilidade na ponta curta da curva. O padrão
sugere ajuste técnico e maior seletividade das posições, compatível com uma
postura mais defensiva dos investidores, dado o cenário de juros estáveis no curto
prazo e expectativas equilibradas para a evolução da política monetária.

No leilão de títulos públicos realizado em 21 de outubro de 2025, o Tesouro Nacional
ofertou papéis indexados à Selic (LFTs) e à inflação (NTN-Bs), com destaque para a
forte demanda nos vértices intermediários e longos.

As LFTs registraram colocação integral, somando R$ 15,8 bilhões distribuídos entre os
vencimentos de setembro de 2028 e dezembro de 2031, com taxas médias de 0,0670%
e 0,1035% ao ano, respectivamente. O resultado reflete apetite consistente por ativos
pós-fixados, em linha com o ambiente de estabilidade na Selic e a busca por liquidez
de curto e médio prazo.

Entre as NTN-Bs, o Tesouro vendeu integralmente os lotes de 5, 10 e 40 anos,
totalizando R$ 617 milhões em volume financeiro. As taxas médias ficaram em 8,04%
(2030), 7,71% (2035) e 7,33% (2060), mostrando leve fechamento em relação ao leilão
anterior e indicação de demanda equilibrada mesmo nos vértices mais longos.

O resultado foi considerado sólido e bem distribuído, com boa absorção dos títulos
indexados à inflação e forte participação de investidores institucionais,
especialmente nos prazos intermediários. A manutenção de prêmios atrativos em
toda a estrutura reforça o ajuste gradual da curva real e a preferência do mercado
por alongamento seletivo de duration em um contexto de expectativas ancoradas
para a política monetária.


Análise de AçõesBrasil


Embraer registra desempenho recorde de pedidos e entregas no 3t25

No dia de ontem (21) a Embraer (EMBR3) reportou desempenho sólido no segmento de
aviação comercial no terceiro trimestre de 2025, com a carteira de pedidos atingindo
US$15,2 bilhões, o maior valor em nove anos. O crescimento foi de 37% na comparação
anual e 16% em relação ao segundo trimestre, refletindo forte demanda por aeronaves da
família E-Jets, especialmente o E195-E2. O livro de pedidos nos últimos 12 meses foi de 2,7
vezes, reforçando a visibilidade de receitas futuras e a solidez da carteira comercial.

No período, a companhia firmou contratos importantes com a Avelo Airlines e o Grupo
LATAM. A Avelo, companhia aérea norte-americana de baixo custo, fez um pedido firme de
50 jatos E195, com opção para mais 50 unidades. A LATAM, por sua vez, encomendou 24
aeronaves, com opção de compra para outras 50. Ambos os acordos destacam a
eficiência operacional do E195 e seu alinhamento com estratégias de expansão regional e
otimização de frota em mercados de média densidade.

Também foi assinado um acordo com a True Noord, empresa global de leasing,
envolvendo 20 jatos E195, com direito de compra para mais 20, além de 10 jatos E175.
Embora ainda não esteja sendo incluído na carteira do terceiro trimestre, esse pedido será
contabilizado no quarto trimestre de 2025 e deve contribuir para a continuidade do
crescimento do backlog.

A Embraer entregou 20 aeronaves comerciais no trimestre, frente a 16 unidades no mesmo
período do ano anterior. No acumulado de janeiro a setembro (9M25), foram entregues 46
aeronaves, representando 57% do ponto médio do guidance anual entre 77 e 85 entregas,
superando em dois pontos percentuais a média dos últimos cinco anos para o período. Os
modelos entregues incluíram E175 para American Airlines e Republic Airlines, E190-E2 para
Azorra, e E195-E2 para Porter, Azorra, Aircastle e Mexicana.

Houve apenas um cancelamento líquido no programa E175, sem impacto relevante na
carteira geral. A performance reforça o avanço gradual no plano da companhia de
estabilização da produção e crescimento sustentável, com efeitos mais visíveis esperados
a partir de 2026.

O desempenho da Aviação Comercial no 3T25 confirma a atratividade dos produtos da
Embraer e o posicionamento estratégico da empresa no segmento de jatos regionais. A
carteira robusta, combinada com entregas consistentes e novos contratos relevantes,
sustenta a perspectiva positiva para os próximos trimestres e reforça a contribuição do
segmento para os resultados consolidados da companhia.

A Embraer registrou bom desempenho em aviação comercial, com a carteira de pedidos,
maior valor em nove anos e alta de 37% em relação ao 3T24. O resultado foi impulsionado
por pedidos firmes da Avelo Airlines 50 aeronaves e do Grupo LATAM 24 aeronaves, além
de opções adicionais que somam até 100 jatos.

Para o 4T25, a Embraer deve incorporar ao contrato com a True Noord 30 jatos firmes e até
40 opcionais, o que deve sustentar o crescimento do backlog. A Aviação Comercial segue
como pilar relevante da Embraer, com forte demanda por aeronaves eficientes e bom
posicionamento no segmento de jatos regionais.

De maneira geral, a Embraer segue impressionando positivamente pelo volume elevado
de pedidos que tem conseguido obter junto a clientes de distintas nacionalidades.


Vamos (VAMO3) mostra crescimento robusto na prévia operacional do
3T25

A prévia operacional da Vamos (VAMO3) referente ao 3T25 trouxe resultados expressivos,
reforçando a resiliência da companhia mesmo em um ambiente macroeconômico
ainda desafiador. A receita líquida atingiu R$ 1,53 bilhão, crescimento de 25,2% em
relação ao mesmo período do ano anterior, impulsionada principalmente pela
performance consistente no segmento de Locação, principal motor de geração de caixa
e rentabilidade do grupo. A reação imediata do mercado foi positiva, com as ações da
empresa chegando a subir 10% no pregão desta terça-feira (21/10).

O destaque do trimestre foi o segmento de Locação, que apresentou faturamento
recorde de R$ 1,037 bilhão, avanço de 11,9% em base anual. O aumento da ocupação da
frota e os reajustes de preços contratuais — especialmente nas renovações e extensões
de prazo — contribuíram para o resultado. A companhia também ressaltou a eficiência
operacional obtida com a adequação de suas equipes comerciais, o que permitiu
ganhos em produtividade e uma expansão saudável das margens, mesmo com o
avanço nos custos de manutenção e peças.

Outro ponto de destaque foi a forte expansão na área de Venda de Ativos (seminovos),
cuja receita atingiu R$ 392,3 milhões, alta expressiva de 86,3% em relação ao mesmo
período de 2024. O avanço reflete não apenas uma gestão mais eficiente do ciclo de
renovação da frota, mas também o fortalecimento do mercado secundário de veículos e
máquinas, que tem se mostrado uma fonte relevante de geração de caixa. Já o
segmento de Indústria também apresentou evolução consistente, com receita de R$
99,5 milhões, alta de 19,1% em base anual, reforçando o papel complementar dessa
divisão dentro do ecossistema operacional da companhia.

Embora o trimestre tenha mostrado expansão em praticamente todas as frentes, a
margem Ebitda deve apresentar leve redução em relação ao segundo trimestre,
influenciada principalmente por maiores custos de manutenção e pelo mix de ativos
vendidos. Ainda assim, a rentabilidade permanece em patamar saudável e compatível
com o estágio de crescimento da empresa. A Vamos destacou que a estrutura de custos
permanece sob controle e que as medidas de ajuste implementadas em trimestres
anteriores — como otimização de frota, revisões contratuais e foco em ativos de maior
rentabilidade — continuarão refletindo positivamente nos próximos resultados.

A companhia manteve seu guidance para 2025, que prevê lucro líquido entre R$ 300
milhões e R$ 450 milhões e Ebitda entre R$ 3,5 bilhões e R$ 3,9 bilhões, com
alavancagem entre 3,1x e 3,4x dívida líquida/Ebitda. O cenário reforça o compromisso da
gestão com uma estratégia de crescimento sustentável, baseada em escala
operacional, disciplina financeira e rentabilidade. A manutenção das metas em um
contexto de expansão da receita e aumento do faturamento em todas as divisões
sinaliza confiança no modelo de negócios e maior visibilidade sobre a demanda futura —
fatores essenciais para o fortalecimento da tese de longo prazo da companhia.

Em síntese, a prévia do 3T25 confirma que a Vamos vem demonstrando consistência no
crescimento da receita, controle de custos e resiliência operacional, mesmo sob
condições adversas. Com o início esperado de um ciclo de afrouxamento monetário a
partir de 2026, a tendência é que o custo de capital reduza e o mercado de locação
ganhe ainda mais tração, ampliando margens e impulsionando o ritmo de expansão da
companhia. Nesse contexto, a Vamos mantém-se bem posicionada para acompanhar
esse movimento, com potencial para capturar oportunidades relevantes e consolidar
sua presença em um mercado cada vez mais competitivo

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