Levante Ideias - Gabinete

Gabinete Anticaos – Ep. 07

Olá, investidores.

Já não é novidade para ninguém que os mercados vêm se comportando como uma verdadeira “montanha-russa” há duas semanas.

Em meio a tanta volatilidade e incerteza, o único ponto que não deixa dúvidas é o de que estamos presenciando a história. Os meses de fevereiro, março e, talvez, os subsequentes ficarão eternizados como um dos mais difíceis e malucos nos “contos” de mercado e na vida de muitos investidores e profissionais do ramo.

Nos últimos 15 dias, as negociações de índices futuros das bolsas americanas foram travadas diversas vezes por atingirem os limites de baixa e de alta, os índices europeus derreteram até 14% em um único dia e, no Brasil, foram acionados seis Circuit Breakers em 10 dias.

Os retornos diários do Ibovespa dos últimos 9 pregões foram os seguintes:

• Segunda-feira (9/mar): -12,2% – 3ª maior queda do século (1 Circuit Breaker).

• Terça-feira (10/mar): +7,1% – 2ª maior alta em 11 anos.

• Quarta-feira (11/mar): -7,6% (1 Circuit Breaker).

• Quinta-feira (12/mar): -14,8% – maior queda no século (2 Circuit Breakers).

• Sexta-feira (13/mar): +13,9% – maior alta em 11 anos.

• Segunda-feira (16/mar): -13,9% – 2ª maior queda do século (1 Circuit Breaker).

• Terça-feira (17/mar): +4,9%.

• Quarta-feira (18/mar): -10,35% (1 Circuit Breaker). Ibovespa a 66.894 pontos.

• Quinta-feira (19/mar): +2,15%.

A boa notícia é que, diante da situação atual – como em qualquer adversidade –, o aprendizado é muito mais forte e surgem boas oportunidades de negócios.

Na conjuntura atual, um primeiro ponto é inescapável: quem está no jogo vem fazendo um curso prático de risco, com aulas diárias ministradas pelo Sr. Mercado, e sentindo na pele como a renda variável funciona nos seus piores dias.

Já um segundo ponto é optativo, mas achamos prudente falar dele no episódio de hoje, posto que, sob nossa avaliação, as oportunidades que surgiram nos últimos dias podem demorar a surgir novamente.

Margem de segurança no modo “filé”

Nos últimos episódios do gabinete Anticaos, falamos sobre os efeitos do coronavírus no PIB, sobre o preço justo do Ibovespa por meio do modelo de Gordon e do múltiplo preço/lucro, sobre as ações dos Bancos Centrais para mitigar os efeitos negativos e sobre as possíveis perdas nos resultados das companhias em decorrência do cenário atual.

Ao analisar o “todo”, a conclusão da Levante é que apenas parte da queda é fundamentada e faz sentido. Acreditamos que o recuo dos mercados reflete muito mais o pânico do que o impacto negativo nos fundamentos das empresas, precificando o momento atual, de óbvia retração, e utilizando-o na perpetuidade.

Toda vez que falamos de margem de segurança da ação inerentemente estamos falando da diferença entre “valor justo”, calculado por meio da análise de demonstrações financeiras com o uso de ferramentas de Valuation, e “preço de mercado”, que é a cotação piscando na tela do Home Broker. Quanto maior a diferença entre valor justo e preço de mercado, mais conforto e tranquilidade para o investidor, dado que ele está comprando algo com um desconto maior.

E é justamente isso que temos presenciado neste momento: a margem de segurança (ou desconto) está muito grande.

Um caso bastante emblemático é o comportamento das ações da Holding Itaúsa (ITSA4), empresa de participações que é a controladora (dona) do banco Itaú Unibanco. Desde fevereiro, as ações acumulam uma queda de 29,5 por cento, cotadas a R$ 8,76 em 19 de março.

No final de janeiro, utilizando o Modelo de Gordon, já víamos um potencial de valorização interessante de suas ações, conforme demonstrado abaixo:

Fonte: Levante

Assumindo um ROE (Return On Equity) sustentável de 18 por cento (em linha com o apresentado em 2019), uma taxa de crescimento real de 2 por cento a.a e uma taxa de desconto real de 9 por cento a.a, as ações da Itaúsa apresentavam um potencial de valorização de 22 por cento.

Olhando para frente, não vemos impactos desastrosos de longo prazo no lucro potencial da Itaúsa. Acreditamos que o ROE sustentável terá impacto de no máximo 1 ponto percentual, indo para 17 por cento, sem alterações na taxa de crescimento (g). Entretanto, no momento atual de aversão ao risco, assumimos que os investidores elevaram o “prêmio de risco requerido” para o investimento em ações. Por isso, utilizaremos uma taxa de desconto real de 10 por cento a.a. A partir dessas premissas, temos o seguinte resultado:

Fonte: Levante

Ou seja, ações da Itaúsa estão com potencial de valorização de 40 por cento, quase o dobro de 2 meses atrás. Em outras palavras: embora seja não intuitivo, a relação risco–retorno na ação melhorou, pois a margem de segurança está maior que a observada semanas atrás.

Dividendos: a cereja do bolo

Historicamente, no Brasil, tivemos uma taxa de livre de risco (SELIC) alta. Além de uma série de consequências macroeconômicas, o investimento em ações apresentava uma atratividade relativa bem menor que agora. Poucos anos atrás, era comum encontrar títulos públicos com vencimentos curtos que remuneravam a inflação mais uma taxa de 6 por cento ao ano.

Contudo, o cenário mudou completamente. Com SELIC a 3,75 por cento ao ano, os investidores têm buscado investir em ações para alcançar uma remuneração adequada a seus patrimônios. Assim, muitos têm procurado empresas que são boas pagadoras de dividendos. Anos atrás, um retorno anual em dividendos de 6 por cento representava metade da remuneração sem risco (SELIC); agora, ele é quase o dobro.

Ou seja, o mercado de ações atual “paga” para o investidor correr o risco em ações, algo que não acontecia há pouco tempo.

O retorno em dividendos da Itaúsa referente a seus resultados de 2019 foi de 6,45 por cento.

Fonte: RI Itaúsa Elaboração: Levante

Caso ela mantenha o lucro de 2019 e a parcela distribuída (payout) constante, seu retorno em dividendos, considerando o preço de fechamento de 19 de março, será de 8,9 por cento, mais que 2 vezes a SELIC. Na nossa visão, é uma oportunidade na qual vale a pena se agarrar.

Fonte: RI Itaúsa | Elaboração: Levante

Em suma, acreditamos que é hora de manter a calma e avaliar as oportunidades vigentes. Não é momento para desespero. Quem sair do jogo agora, corre o risco de vender no fundo do poço e ver as coisas voltarem de forma rápida – sem que o mercado deixe uma nota explicativa de o porquê está subindo. Para quem está com apetite, este é um momento e tanto para ir às compras.

Até breve,
Equipe Anticaos

 

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