O grupo de acionistas que detém o controle sobre a Tecnisa (TCSA3) rejeitou nesta quinta-feira (10), em uma Assembleia Geral Extraordinário (AGE) convocada para debater e votar sobre o tema, o prosseguimento das avaliações sobre a potencial integração entre a companhia e a Gafisa (GFSA3).
O quórum foi de 45 por cento e, destes, 98 por cento mostraram-se contrários à fusão. O presidente da companhia – Joseph Nigri – afirmou que isso deixa claro que a maioria dos acionistas está alinhada à estratégia de gestão atual.
No fim de agosto a Tecnisa já havia se organizado para barrar o avanço da Gafisa por meio da assinatura de um acordo de votos, contemplado pela família controladora e por outros acionistas relevantes como a Cyrela e outros fundos de investimento. A estimativa é que o bloco detenha cerca de 33 por cento da companhia.
Na nossa avaliação a fusão entre as incorporadoras Tecnisa (TCSA3) e a Gafisa (GFSA3) faz pouco sentido para as empresas e possui um baixo potencial de gerar sinergias entre as operações, pois não existem ganhos de escala com a operação combinada.
Acreditamos que a Gafisa está tentando fazer uma “aquisição hostil” da Tecnisa no mercado, marcada pela figura do investidor Nelson Tanure, que tem histórico nesse tipo de transação.
Esperamos impacto positivo para as ações da Tecnisa (TCSA3) e negativo para as ações da Gafisa (GFSA3) na sessão desta sexta-feira (11).
A Gafisa adquiriu ações da Tecnisa no mercado e convocou uma assembleia para deliberar sobre o tema da fusão. A rejeição da “análise do prosseguimento dos estudos para potencial integração de negócios entre a Companhia e a Gafisa S.A” marca a primeira vitória da Tecnisa nesta batalha para segurar o ímpeto da interessada.
Além de aprovar o estudo para junção dos negócios, a Gafisa tentava aumentar de 20 por cento para 30 por cento o limite de participação que obrigasse o comprador a realizar uma oferta pública de aquisição (OPA) a todos os acionistas da Tecnisa. A flexibilização desta cláusula, conhecida como “pílula de veneno”, abriria caminho para a tomada do controle da Tecnisa. É importante ressaltar que essas cláusulas não puderam ser votadas na assembleia pois o quórum mínimo para esse tipo de decisão não foi atingindo (dois terços dos acionistas). Existe outra AGE prevista para o dia 25 de setembro onde será votado a destituição do conselho de administração da companhia.
A fusão é a primeira alternativa da Gafisa. A segunda é a realização de uma oferta pública de aquisição de ações (OPA) aos atuais acionistas. Até o momento a fusão está tomando um caminho não amigável entre as partes e a Tecnisa vem buscando de proteger de uma possível “aquisição hostil” por parte da Gafisa.
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