
Após oito semanas, a edição do Relatório Focus desta segunda-feira (24) indicou uma expectativa de redução da taxa Selic para 2026. As expectativas dos investidores agora são de que os juros referenciais encerrem o próximo ano a 12 por cento, abaixo dos 12,25 por cento esperados desde meados de setembro. A projeção para os juros de 2025 segue inalterada em 15 por cento.
Essa alteração da expectativa de juros para 2026 mostra um avanço, entre os investidores, da expectativa de uma sinalização mais efetiva na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), agendada para os dias 9 e 10 de dezembro.
A expectativa quase unânime dos investidores, com 92 por cento de probabilidade segundo as opções de Copom negociadas na B3, é de manutenção das taxas em 15 por cento ao ano. No entanto, assim como a Ata da reunião do Copom de novembro cravou que os juros não deveriam subir mais – só deixando as alternativas de estabilidade ou queda – há uma grande expectativa de que o Comunicado e a Ata da reunião de dezembro ofereçam uma perspectiva mais clara de quando começará o afrouxamento da política monetária.
O número mais importante em uma semana de liquidez reduzida (devido ao feriado americano do Dia de Ação de Graças) será a prévia da inflação medida pelo IPCA-15. A divulgação está prevista para a quarta-feira (26). A expectativa dos investidores é elevada, uma vez que os dados mais recentes mostram uma trajetória descendente dos reajustes de preços.
O cenário é semelhante nos Estados Unidos. Também na quarta-feira (26) será divulgada – com atraso – a inflação de setembro medida pelo Personal Consumption Expenditure (PCE) e da inflação no atacado medida pelo Producer Price Index (PPI). Os dados divulgados nos últimos dias não têm sido positivos, por isso a expectativa dos investidores é grande.
O que o mercado avalia é se a reunião do Federal Open Market Committee (Fomc) agendada para dezembro trará mais um corte de juros. Segundo a ferramenta Fed Watch, do CME Group, a probabilidade de manutenção dos juros no intervalo atual entre 3,75 e 4,00 por cento caiu de 57,6 por cento há uma semana para 24,5 por cento. E a expectativa de corte de 0,25 ponto percentual, para o intervalo entre 3,50 e 3,75 por cento subiu de 42,4 por cento para 75,5 por cento nesse mesmo período.
E Eu Com Isso?
A segunda-feira começa com uma leve alta nos contratos futuros dos principais índices americanos. Os investidores seguem atentos aos indicadores em uma semana de liquidez reduzida.
As notícias são positivas para a Bolsa em um cenário de volatilidade
Empresas brasileiras são positivamente impactadas pela retirada das tarifas de 40 por cento
A retirada da sobretaxa de 40 por cento imposta pelos Estados Unidos trouxe alívio para diversos exportadores brasileiros, repercutindo diretamente em empresas negociadas na B3 e na dinâmica competitiva do comércio bilateral. Essa medida, que incide principalmente sobre produtos agropecuários e alimentos, representa uma reversão parcial do tarifaço implementado meses antes e que havia prejudicado as vendas brasileiras ao mercado americano.
Com a isenção, itens como carne bovina, frutas, café, cacau, especiarias e sucos retomam condições mais favoráveis de acesso aos Estados Unidos, recuperando competitividade em preço e margem e reduzindo distorções que vinham desestimulando importadores e pressionando os exportadores nacionais.
Entre os setores mais beneficiados, o de proteína animal se destaca empresas como JBS (JBSS32), MBRF (MBRF3) e Minerva (BEEF3), líderes do segmento, aparecem como as mais favorecidas pela retirada da sobretaxa, as ações tiveram bom desempenho na última sexta-feira.
O motivo majoritário é a carne bovina e seus diversos cortes estão entre os produtos liberados, o que reduz o custo final da exportação, restabelece boa parte da competitividade perdida e pode estimular uma recomposição dos volumes embarcados. Como essas empresas possuem alta exposição ao mercado externo, mesmo pequenas mudanças tarifárias tendem a produzir impactos relevantes nas margens e nos resultados trimestrais.
Com a remoção da sobretaxa de 40 por cento, esse risco diminui ainda mais, dando maior previsibilidade aos fluxos comerciais e às estratégias de produção destinadas aos Estados Unidos. Outro ponto importante é que a decisão tem efeito retroativo para importações realizadas após 13 de novembro, o que pode gerar reembolsos de tarifas pagas durante esse período. Para empresas do porte de JBS, MBRF e Minerva, esse efeito financeiro adicional pode resultar em melhora relevante no caixa de curto prazo, reforçando a percepção positiva do mercado em relação ao setor.
Embora os frigoríficos liderem entre os beneficiados, outros segmentos também colhem vantagens. O setor de frutas, café e sucos, apesar de não contar com grandes companhias listadas diretamente na bolsa, ganha em competitividade e pode observar aumento nos contratos de exportação.
Da mesma forma, empresas da cadeia de madeira e celulose, como Suzano (SUZB3), podem experimentar efeitos indiretos positivos, já que produtos como polpas e determinados itens de madeira não foram incluídos na sobretaxa adicional, mantendo-se em uma posição mais favorável nos fluxos comerciais com os EUA.
E Eu Com Isso?
No entanto, nem todos os setores foram contemplados pela nova medida. Segmentos como o aeronáutico, mineração, metalurgia e áreas relacionadas à segurança nacional permaneceram sujeitos a categorias tarifárias que não sofreram flexibilização. Com isso, empresas como Embraer (EMBR3) e Gerdau (GGBR4) não se beneficiam diretamente da remoção da sobretaxa e seguem expostas ao risco tarifário em determinadas linhas de exportação. Para essas companhias, o cenário permanece desafiador, exigindo diversificação de mercados e adaptação estratégica para mitigar possíveis impactos de custos e perda de competitividade.
Assim, enquanto parte relevante do agronegócio celebra a medida, setores industriais continuam enfrentando um ambiente externo mais restritivo, reforçando a importância de políticas de diversificação e acordos comerciais que ampliem o alcance das exportações brasileiras.
A CSN (CSNA3) divulgou comunicado ao mercado informando a possibilidade de venda de participação da MRS Logística para sua outra subsidiária listada em bolsa, a CSN Mineração (CMIN3), em um movimento que pode integrar os estudos internos sobre a estrutura de endividamento do grupo.
A operação, ainda em estágio preliminar e sem documentos vinculantes, indica que a CSN avalia reorganizar seus ativos logísticos, transferindo parte de sua participação na MRS para a subsidiária de mineração. A iniciativa se relaciona ao papel da ferrovia no escoamento de minério de ferro, principal produto da CMIN, e à busca por eficiência operacional em um segmento em que o transporte exerce influência direta sobre a competitividade.
A MRS Logística é relevante para a cadeia produtiva da CSN e, especialmente, para a CMIN, que utiliza a malha ferroviária para transportar minério das minas até portos e usinas. Ao concentrar o controle acionário da MRS na unidade de mineração, o grupo poderia ajustar o alinhamento estratégico entre produção e logística, favorecendo maior integração entre as operações, previsibilidade de custos e apoio ao planejamento de investimentos em infraestrutura ferroviária.
Já a CSN, como holding diversificada, pode estar avaliando alternativas dentro de sua estratégia de capital, considerando que agências de rating acompanham indicadores de alavancagem e capacidade de redução do endividamento.
Embora a proposta apresente coerência sob a ótica operacional, há pontos de atenção. A transação envolve empresas do mesmo grupo econômico, o que requer foco em governança, incluindo critérios de precificação e o tratamento dado aos acionistas minoritários da CMIN. Percepções sobre eventuais conflitos de interesse podem gerar questionamentos e levar a análises mais detalhadas por parte do mercado e de reguladores.
Além disso, por se tratar de infraestrutura considerada relevante para o setor, a operação deverá ser avaliada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que examinará possíveis impactos à concorrência e ao funcionamento do sistema ferroviário. Dependendo da análise, o órgão poderá estabelecer condições ou restrições para a conclusão do negócio.
Para a CSN, a operação pode significar uma reorganização que fortaleça a mineradora, um dos principais geradores de caixa do grupo. A possível venda da participação da CSN na MRS para a CMIN constitui uma reorganização societária, que pode gerar impactos positivos na controladora, mas que ainda depende de negociações internas, análises de viabilidade e aprovação regulatória.
O resultado final dependerá da combinação entre potenciais sinergias, práticas de governança e atendimento às exigências de mercado e dos órgãos responsáveis.
