Levante Ideias - Bolsa de Valores

Vender a casa e comprar bolsa?

Vou comparar dois números em duas datas diferentes. Há apenas 61 dias, no dia primeiro de abril, o dólar comercial fechou a R$ 5,68 e o Ibovespa estava em 115.253 pontos. No dia primeiro de junho o dólar fechou em R$ 5,16. Ou seja, uma apreciação de 9,1% do real frente à moeda americana em apenas dois meses. E o Ibovespa encerrou os negócios batendo mais um recorde, a 128.267 pontos, alta de 11,3% nesse período.

Dólar em baixa significa uma percepção melhor do risco Brasil por parte dos investidores internacionais. Nada a ver com indicadores como Embi+ ou CDS. O raciocínio aqui é que os gringos trazem recursos para cá e o câmbio se aprecia.

No mesmo sentido, bolsa em alta quer dizer uma expectativa positiva com o crescimento da economia e com os resultados futuros das empresas abertas. Dito isso, e considerando-se esses dois movimentos, é para vender a casa, comprar ações e esperar os lucros milionários?

Vamos com calma. Contra números não há argumentos. Alguns fatos mudaram a percepção dessa entidade conhecida como mercado e fizeram o real se apreciar e as ações subirem. Tentemos entender melhor as causas e, principalmente, as limitações desses movimentos.

No Exterior, há a convicção de que o Federal Reserve (o Banco Central americano) vai manter os juros baixos e a liquidez elevada, apesar do risco de inflação nos Estados Unidos. A alta dos preços internacionais das commodities, especialmente as minerais.

No cenário interno as boas notícias são o arrefecimento das tensões políticas. Os bons resultados das empresas. E a constatação que, apesar das dificuldades, as reformas avançam.

Tudo isso leva ao crescimento da economia, com o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro avançando 1,2% no primeiro trimestre, acima dos 0,7% esperados.

As consequências são positivas, como uma melhora da arrecadação. As contas do governo central registraram um superávit primário em abril deste ano, e uma melhora na relação entre dívida e PIB.

Tudo isso são fatos. O risco, porém, é a interpretação dessa entidade chamada mercado – que é, como já dissemos, muita gente tentando ganhar dinheiro buscando antecipar os movimentos dos preços dos ativos – considerar apenas o lado positivo da história. Ou seja, cometer o erro mais comum e mais grave, que é subestimar os riscos.

A percepção no fim do primeiro trimestre era de que a economia brasileira não cresceria, que haveria uma explosão na relação entre dívida pública e PIB, e que a alta da inflação americana levaria a um aumento dos juros internacionais e a uma retração da liquidez, com consequências danosas e drásticas para o País.

Esse cenário tenebroso não se manifestou, mas isso não quer dizer que os riscos deixaram de existir. E, para piorar, são riscos de baixa visibilidade.

O maior deles é uma mudança na estratégia do Federal Reserve, que pode simplesmente reduzir a injeção de liquidez na economia mundial, o que vai elevar os juros no mercado secundário e alterar as curvas de preço ao redor do mundo.

Não se espera uma alteração drástica e abrupta. Porém, não é razoável assumir que a situação não vai se alterar por vários anos.

Outro risco é a crise hídrica. Além de encarecer a energia, a seca pode afetar os preços dos alimentos, pressionando a inflação no varejo e forçando o nosso Banco Central a elevar a taxa Selic acima do esperado. E, claro, o risco de uma nova onda de infecções pelo coronavírus, levando a outro endurecimento das já desgastadas medidas de restrição, que pode interromper o processo de recuperação dos resultados das empresas. E não há segurança de que só haja boas notícias à frente. Por exemplo, a produção industrial de abril, divulgada na manhã desta quarta-feira, foi decepcionante (Leia mais abaixo).

O que fazer? Vender a casa e comprar ações? Realizar os lucros da bolsa e comprar um apartamento para alugar? Nenhum dos dois.

Depois de mostrar o cenário, vou para a conclusão. As altas de maio e do início de junho fizeram o Ibovespa mudar de direção e acumular uma valorização de 7,8% em 2021. Há espaço para novos ganhos.

Como eu já escrevi neste espaço, há setores atrasados. Por exemplo, as ações voltadas para o mercado interno, os papéis dos bancos e, embora a Levante Ideias de Investimento não as recomende, as ações de empresas estatais – devido ao risco de ingerência política, nossa recomendação é ficar fora dessas companhias, mas elas são relevantes na carteira do Ibovespa.

Assim, apesar da alta, há espaço, sim para novos ganhos. A questão é que não existem mais tantas apostas óbvias.

Algumas ações estão caras e têm menos espaço para subir. Daí a necessidade de uma análise criteriosa, como a realizada diariamente pelos analistas da Levante Ideias de Investimentos. Ela permitirá que você aproveite as oportunidades do mercado e evite os excessos, tanto da euforia quanto do medo.

Indicadores

A produção industrial caiu 1,3% em abril na comparação com março. Foi o terceiro resultado negativo consecutivo do índice, que acumula perda de 4,4% no período. Com isso, a produção industrial está 1% abaixo do patamar pré-pandemia.

No ano, o setor industrial acumula ganho de 10,5% e, nos últimos 12 meses, de 1,1%, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com esse resultado, a produção industrial está 17,6% abaixo do nível recorde, registrado em maio de 2011.

E Eu Com Isso?

O pregão da quarta-feira começa com os contratos futuros do Ibovespa estáveis e indicando baixa, e os contratos futuros do índice americano S&P 500 mostrando uma leve valorização.

Devido às fortes altas dos últimos dias é provável que muitos investidores decidam realizar lucros, o que pode provocar uma queda nesta quarta-feira, em um cenário de volatilidade elevada. No entanto, uma eventual baixa não altera o cenário em geral positivo para o mercado. As notícias são ruins para a bolsa em um cenário de volatilidade.

Este conteúdo faz parte da nossa Newsletter ‘E Eu Com Isso’.

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Leia também: Revisão de PIB sustenta desempenho do Ibovespa.

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