A mineradora Vale (VALE3) divulgou seus dados operacionais de produção referentes aos primeiros três meses de 2020 na sexta-feira (17), após o fechamento do mercado. A mineradora informou uma produção de 59,6 milhões de toneladas de minério de ferro, uma queda de 23,9 por cento em comparação com o quarto trimestre de 2019 e de 18,2 por cento em comparação com o mesmo trimestre do ano passado.
O resultado do primeiro trimestre de 2020 ficou cerca de 5,4 por cento abaixo da menor estimativa (guidance) feita pela própria empresa, em 11 de fevereiro, que era de 63 a 68 milhões de toneladas. A produção foi afetada pelas fortes chuvas no primeiro trimestre.
Com os números, a mineradora revisou seu guidance de produção de minério de ferro em 2020, passando de 340 milhões a 355 milhões de toneladas para 310 milhões a 330 milhões de toneladas, redução de 9 por cento.
Apesar do volume de produção e de vendas de minério de ferro terem vindo abaixo do esperado, esperamos impacto neutro nas ações da Vale (VALE3) no curto prazo devido à resiliência dos preços do minério ferro.
Em 2020, as ações da Vale (VALE3) recuam consideravelmente menos do que o Ibovespa. A queda foi de 17,5 por cento, ante 31,7 por cento do índice.
Os preços do minério de ferro se mostraram resilientes em meio à crise do Covid-19, mantendo uma média de 89 dólares por tonelada no período e deverão compensar parcialmente os volumes mais baixos de produção.
Acreditamos que os estímulos do governo chinês, associados à recuperação da atividade econômica chinesa, possam manter os preços do minério de ferro em níveis saudáveis.
Embora o impacto do Covid-19 tenha sido limitado até o momento, a Vale disse que as consequências podem piorar. A empresa decidiu limitar as operações no Canadá e na Ásia. Além disso, a resiliência dos preços do minério de ferro neste ano poderá em breve ser testada, pois as principais mineradoras estão prestes a aumentar a produção, mesmo com o risco de que o vírus continue interrompendo o suprimento.
No dia 24 de março, a Vale anunciou medidas para reforçar o caixa da companhia frente às incertezas da pandemia de coronavírus. A principal delas foi um saque de 5 bilhões de dólares em linhas de crédito rotativo, uma espécie de “cheque especial” mantido junto aos bancos.
A dívida líquida da Vale é de 4,9 bilhões de dólares, equivalente à metade da geração de caixa anual medida pelo Ebitda, menor nível de endividamento da Vale desde 2008.
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