Na noite desta quarta-feira (24), a holding Ultrapar divulgou seus resultados referentes ao 4T20 e no consolidado do ano de 2020, após o fechamento de mercado.
Os resultados do 4T20 foram piores que os do trimestre anterior, puxado por alta de custos dos combustíveis na bandeira Ipiranga, baixando a rentabilidade, porém parcialmente compensado por resultados recordes de Oxiteno e desempenho consistente de Ultragaz, com desempenho levemente acima do esperado.
Os principais destaques positivos foram:
i) Ebitda recorrente (métrica da geração de caixa operacional) do segmento Oxiteno apresentando crescimento de 167 por cento em 2020 comparativamente a 2019, alcançando 629 milhões de reais. Se contar com o efeito não-recorrente de créditos tributários, o número sobe para 785 milhões, um crescimento de 254 por cento em relação ao ano anterior. Os efeitos são oriundos principalmente do câmbio favorável para a companhia.
ii) Crescimento de receita de Ultragaz e Ultracargo em 2020 (4 por cento e 19 por cento respectivamente) em relação a 2019, acompanhada de melhora na rentabilidade com o Ebitda de Ultragaz crescendo 24 por cento no ano, para 729 milhões de reais, e 41 por cento para Ultracargo, alcançando 326 milhões de reais.
Os destaques negativos ficam para o desempenho do seu principal negócio, a Ipiranga, que sofreu baixas de volume de vendas, sobretudo no 2T20, com queda de rentabilidade no ano, atingindo a menor marca do indicador Ebitda/m³ vendido dos últimos 5 anos, chegando a 80 reais por m³ no consolidado do ano. Também contribuiu negativamente para a margem, a paridade de preços de combustíveis na refinaria, abaixo dos preços de importação no 4T20, segundo a própria companhia.
A receita líquida de Ipiranga em 2020 foi de 66,13 bilhões de reais, 6 por cento menor que o ano de 2019, com margem Ebitda de 2,6 por cento contra 4,5 por cento em 2019, alcançando 1,712 bilhão de reais em 2020, queda de 31 por cento na comparação anual.
E Eu Com Isso?
Os resultados do 4T20 vieram abaixo do 3T20, sobretudo pela alta forte de custos de aquisição dos produtos nos segmentos de distribuição (Ultragaz e Ipiranga), além da fraca recuperação de volumes ainda com efeitos da pandemia no Brasil. Em 2020, apesar dos resultados ruins de Ipiranga, o desempenho sólido dos demais negócios compensaram, mantendo a sólida geração de caixa da companhia no ano que atingiu 2,1 bilhões de reais.
Porém os números vieram ligeiramente acima do esperado pelo mercado no trimestre, além do guidance mais otimista esperado pela companhia em 2021. O Ebitda total projetado pela companhia para este ano ficou entre 3,8 a 4,5 bilhões de reais no total, com o piso da faixa 15 por cento acima do registrado pela Ultrapar em 2020 (3,31 bilhões de reais de Ebitda recorrente).
Esperamos um impacto ligeiramente positivo no preço das ações Ultrapar (UGPA3) no curto prazo, que vem em movimento de quedas sequenciais nos últimos pregões, porém pode haver grande volatilidade a depender dos desdobramentos das mudanças na Petrobras e definição sobre a política de preços de combustíveis.
A volatilidade grande nos preços dos combustíveis é prejudicial aos distribuidores, que têm dificuldades em repassar os custos integralmente no curto prazo, devido à composição de seus estoques e complexidade da cadeia de distribuição. Além disso, a incerteza em torno da política de preços e do comando da Petrobras, pode prejudicar o processo de desinvestimento das refinarias, no qual a Ultrapar já possui proposta vinculante na planta do Rio Grande do Sul, com efeitos negativos sobre o preço de suas ações.
Por outro lado, a companhia anunciou investimentos em expansão e modernização em 3 de seus negócios (Ultragaz, Ultracargo e Ipiranga), destinando o montante de investimento em Extrafarma e Oxiteno apenas para a manutenção, sinalizando definitivamente que irá se desfazer de ambos os negócios, positiva para a companhia que mira concentrar esforços na cadeia de energia.
Os principais pontos a se observar na tese de investimento da companhia são:
i) Recuperação da rentabilidade em Ipiranga
ii) Processo de desinvestimentos de Oxiteno e Extrafarma
iii) Processo de aquisição da Refinaria (REFAP) no Rio Grande do Sul.