Em um documento oficial enviado à SEC (formulário 8-K), a Uber (UBER) comunicou oficialmente que seus motoristas no Reino Unido irão, a partir da última quarta-feira, ser tratados como “trabalhadores”. Na legislação trabalhista local, isso não significa que serão classificados como empregados (ou seja, permanecem autônomos para fins fiscais), mas passam a ter alguns direitos, como salário-mínimo, férias remuneradas, entre outros.
Ainda segundo a Uber, 99 por cento dos motoristas recebem mais do que o “National Living Wage”, espécie de salário-mínimo britânico. Em Londres, segundo a companhia, os motoristas ganham cerca de 17 libras por hora, e 14 euros por hora fora da capital.
Os negócios de mobilidade da Uber no Reino Unido representaram cerca de 6,4 por cento das reservas globais de mobilidade no mundo no 4T20. Nesta categoria não estão inclusas o delivery e os demais segmentos.
A companhia afirmou que não está alterando as suas projeções de resultados de Ebitda para o 1T21 e tampouco para o restante do ano.
E Eu Com Isso?
A notícia da reclassificação dos motoristas no Reino Unido já “fez preços” no mercado, ou talvez deveria ter sido feito. As ações seguem negociando bem próximas ao seu nível recorde – alcançado em 10/fev, quando fechou cotada a 63,50 dólares por ação. Desde então, as ações caíram 13 por cento, mas ainda assim avançam 10,5 por cento no ano. Nesta quinta-feira, o pré-mercado indica uma abertura estável, após queda de 4,2 por cento na véspera).
Enquanto for algo pontual e específico para determinada região, muito provavelmente a Uber conseguirá absorver o aumento nos custos e despesas associados às decisões trabalhistas em prol dos motoristas. Algum ajuste pode ser feito no valor cobrado pelas viagens (Bookings) ou até mesmo no aumento das comissões para atenuar maiores gastos.
É inegável que o seu modelo de negócios é extremamente escalável e com um grande mercado endereçável à frente. Contudo, ela ainda está correndo atrás da diluição dos custos, da melhora de margem, eficiência operacional, e do aumento do retorno sobre os investimentos.
Na fase atual, a companhia ainda tem margem operacional negativa, prejuízos recorrentes e queima de caixa. Nesse contexto, uma mudança conjuntural na forma como os legisladores em todo o mundo enxergam os usuários da plataforma é um risco grande demais para ser ignorado.