Após a demissão do general Fernando Azevedo e Silva do ministério da Defesa, na última segunda-feira (29), o alto comando das Forças Armadas se reuniu e decidiu por entregar conjuntamente seus respectivos cargos – general Edson Pujo, do Exército; almirante de Esquadra Ilques Barbosa Junior, da Marinha; e tenente-brigadeiro do Ar Antonio Carlos Bermudez, da Aeronáutica.
Segundo informações de bastidor, a demissão de Azevedo e Silva teria sido motivada pela sua postura neutra com relação ao governo, desagradando Bolsonaro ao não realizar manifestações em apoio a posições do governo. Na sua carta de demissão, o general deixou claro que, no período em que esteve à frente da Defesa, preservou “as Forças Armadas como instituições de Estado”. Por serem ligados a Azevedo e Silva, os três comandantes das Forças Armadas também comunicaram sua saída, em descontentamento com a exoneração surpresa do ministro.
No lugar de Azevedo e Silva, assumirá o general Braga Netto, do núcleo-duro do Planalto. A percepção é de que o novo ministro também não irá utilizar as Forças Armadas como instrumento político, mas que sua postura – até pela proximidade com o presidente – será mais complacente. Grande parte do alto comando das Forças Armadas, entre generais da ativa e da reserva, veio a público se manifestar e reiterar que não há risco de os militares embarcarem em qualquer tipo de aventura que leve a rupturas institucionais.
Para substituir o comando do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, Bolsonaro deve manter a tradição militar e escolher os oficiais mais antigos entre as listas tríplices enviadas por cada força. O presidente recuou da intenção de nomear o comandante militar do Nordeste, general Marco Antônio Freire Gomes – nome de maior confiança, mas que não atendia o critério de antiguidade.
E Eu Com Isso?
Em mais uma troca inesperada e advinda de desavenças pessoais, Bolsonaro tensiona sua relação com um grupo aliado e corre o risco de perder apoio político das Forças Armadas. Uma vez que a demissão pegou a todos de surpresa, criou-se um consenso no alto comando militar de que era necessário transmitir a resposta para a sociedade de que as Forças Armadas não vão produzir crise. Sendo assim, ainda que haja segundas intenções na troca de lideranças militares, na prática a efetividade delas é baixíssima, uma vez que parece clara a divisão entre governo e Estado.
Narrativas de ruptura institucional, portanto, parecem precipitadas e não condizentes com a realidade. Vale lembrar, contudo, que o modus operandi recente de erosão democrática não é o mesmo que de décadas atrás. De qualquer forma, o mercado não entendeu que tais mudanças impactariam a percepção de risco dos investidores e deve continuar com esse diagnóstico.
—
Este conteúdo faz parte da nossa Newsletter ‘E Eu Com Isso’.
Para ficar por dentro do universo dos investimentos de maneira prática, clique abaixo e inscreva-se gratuitamente!
—