O ano de 2021 começou marcado por forte número de ofertas públicas iniciais de ações (IPOs, na sigla em inglês) realizadas em diferentes setores. O que podemos observar agora é este movimento chegando também ao setor hospitalar e de saúde como um todo.
Até o momento, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) conta com o pedido de análise de seis companhias do setor de saúde, dentre companhias do ramo hospitalar, distribuição de medicamentos e empresas com foco em tecnologia. Estas companhias estão em busca de recursos para financiar as suas expansões, além do investimento em tecnologia, outra aposta do setor. Todas as operações contam com parcelas secundárias, em que os atuais acionistas vendem parte da participação.
Destas companhias, três pertencem ao ramo de hospitais – caso do Hospital Care Caledônia, hospital do interior de São Paulo que integra hospitais, clínicas e planos de saúde, fundado em 2017 com investimento do fundo de private equity Crescera; a Kora Saúde, empresa líder nos mercados de Espírito Santo, Tocantins e Mato Grosso, que também teve investimento de private equity, o fundo H.I.G; e a Rede Mater Dei, companhia líder em Minas Gerais fundada há mais de 40 anos, responsável por prestar serviços hospitalares e oncológicos. Estas companhias chegam à bolsa de valores trazendo complementaridade em termos de região de atuação, um ponto positivo para um segmento que ainda possui potencial para consolidação.
Uma companhia que leva tecnologia ao setor de saúde – as chamadas “health techs”, que buscam aumentar a eficiência nos seus negócios – é a Bionexo, empresa que traz como proposta a integração de clientes, hospitais, operadoras de saúde e fornecedores através da conexão por meio de plataforma, buscando digitalizar e automatizar a cadeia de valor do mercado hospitalar.
Além das companhias que se preparam para o início de oferta de suas ações, a Dasa (DASA3), empresa já listada, anunciou recentemente que realizará operação de follow-on para aumentar a quantidade de suas ações em circulação no mercado. Estreante no mercado em 2004, a companhia iniciou seus serviços como uma rede de laboratórios de diagnósticos. Atualmente, esta se apresenta aos investidores como uma rede integrada de saúde com tecnologia e potencial para reduzir custos e aumentar a eficiência do negócio.
A família Bueno, uma das controladoras do grupo, também anunciou que pretende colocar mais uma investida na bolsa, a Viveo, distribuidora de materiais médicos/hospitalares e medicamentos, que tem origem na CM Hospitalar, da família Mafra. Além destes, outras duas companhias, Teuto e Blau, empresas familiares com negócios mais próximos ao da Hypera, também aumentam as possibilidades de investimento no setor de saúde na bolsa.
Por fim, ainda há perspectiva no mercado para duas ofertas de empresas na carteira do fundo Pátria, estas sendo a Athena, operadora de planos de saúde, e a Elfa, distribuidora de medicamentos especiais.
E Eu Com Isso?
Com o avanço das novas empresas do ramo de saúde, contemplando desde novos laboratórios e hospitais até “health techs”, é esperado um aumento da competição neste setor no médio prazo. Dada a maior concorrência, entendemos que deverá ocorrer uma maior pressão dos preços praticados nos serviços oferecidos por essas companhias, além de aquisições estratégicas se tornarem mais disputadas.
Dessa forma, diante do quadro competitivo mais acirrado, esperamos que as empresas do setor de saúde já listadas, como Rede D’Or (RDOR3), Hapvida (HAPV3) e Grupo Notre Dame Intermédica (GNDI3), tenham os preços de suas ações pressionados no médio prazo.
Outro efeito da maior capitalização dessas novas entrantes é a consideração de que, com mais capital, é esperado que se aumente a disputa por ativos e a competitividade nas fusões e aquisições destas. Por consequência, com essa maior disputa nas aquisições de empresas menores, não listadas, o preço destas tenderá a subir, inflando os seus múltiplos.
Ressaltamos que, apesar da maior competição, este movimento também traz oportunidades para as empresas já listadas do setor. De fato, a listagem de novas companhias é um retrato do interesse que o setor tem despertado nos investidores. Portanto, revela que há capital disponível para ser aplicado, o qual também pode ser absorvido pelas empresas já estabelecidas através de captações de dívidas ou novas emissões de ações, beneficiando seus negócios.