A semana foi bastante movimentada na Câmara dos Deputados, com inúmeras votações de projetos relevantes em pauta. Nesse contexto, ela foi mais um teste para o líder do PP na Casa, Arthur Lira (AL), que também já atua como líder informal do governo. O deputado é a conexão entre o Centrão e o Planalto e tenta construir um caminho para as eleições legislativas de 2021.
A prova de fogo, porém, acabou frustrando aqueles que consideravam que Lira tinha total controle do Centrão: nos últimos três dias de Plenário, apenas três projetos foram aprovados – e somente um era de interesse do governo. Outras pautas, como a Medida Provisória 927 (altera a legislação trabalhista), a MP 932 (contribuições do sistema S) e a MP 944 (criação de uma nova linha de crédito para pagamento de folha salarial), ficaram pelo caminho ou tiveram a votação adiada.
A tentativa de avançar com muitas pautas acabou servindo para o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), medir a força de Lira na Casa. Ambos agora mantêm distância protocolar, após a aproximação do Centrão com o governo. Maia não apoia a provável candidatura de Lira para a presidência, tendo como candidato o seu atual vice-presidente, o deputado Marcos Pereira (Republicanos-SP).
A postura ambiciosa do líder do Centrão acabou gerando efeito contrário, na medida em que o adiamento de pautas importantes para o governo colocou em xeque o poder de mobilização do líder sobre os 230 deputados que compõem o grupo na Câmara. Ao mesmo tempo, o início precoce da corrida pela presidência da Casa deve acirrar as disputas entre diferentes grupos políticos, podendo dificultar os planos do governo de eleger o seu deputado para o comando da Câmara nesse próximo biênio.
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