A semana começou com muitas notícias e uma razoável dose de agitação nos pregões ao redor do mundo. A principal causa da segunda-feira animada foi o temor de aumento dos casos de contaminação pelo coronavírus em Pequim e em Tóquio, cidades que foram pioneiras na reabertura dos negócios passada a primeira onda de contaminação. Pequim registrou mais de 80 casos da doença no fim de semana, depois de passar sete semanas sem novas contaminações. Com isso, as autoridades colocaram cerca de dez bairros em confinamento. Tóquio registrou 47 novos casos, maior número desde 5 de maio. A incidência foi maior em boates e em bares que foram reabertos recentemente. Com isso, os mercados asiáticos sofreram fortes baixas no início da semana. Em Tóquio, o índice Nikkei caiu 3,5 por cento, em Xangai o SSE recuou 1 por cento e em Seul o índice Kospi liderou a baixa, com uma retração de 4,8 por cento. Os mercados europeus também começam a semana no negativo.
Um aumento do número de contaminações pelo coronavírus após a retomada das atividades já estava nas contas dos especialistas. Porém, se a curva dos infectados voltar a crescer aceleradamente, reproduzindo o cenário do início da pandemia, a reação dos pregões será bastante negativa, com muitos solavancos.
No caso brasileiro há alguns componentes adicionais a esse aumento da indefinição. Alguns são técnicos. Nesta segunda-feira (15) haverá o vencimento das opções de ações na B3. Na quarta-feira (17) está previsto o vencimento dos contratos futuros de índice, algo que tende a aumentar a liquidez e a volatilidade do mercado. Além disso, começa na terça-feira (16) a reunião do Comitê de Política Monetária, o Copom. Um novo corte na taxa referencial de juros Selic é praticamente certo, com uma redução “contratada” de 0,75 ponto percentual, baixando os juros referenciais para 2,25 por cento ao ano. No entanto, mesmo com as expectativas bastante alinhadas, o Copom sempre pode surpreender.
E se não bastassem esses eventos técnicos, a equipe econômica sofreu um baque no fim de semana, com a confirmação da saída de Mansueto de Almeida, secretário do Tesouro. Sua saída já vinha sendo anunciada e não foi propriamente uma surpresa. No entanto, Almeida é um conhecedor profundo das contas públicas e um dos maiores defensores do ajuste fiscal. Apesar de o próprio Almeida ter dito que sua saída será planejada e que a política de austeridade continua, não é uma notícia boa (leia mais abaixo).
INDICADORES – A edição mais recente do Boletim Focus, divulgada pelo Banco Central (BC) na manhã desta segunda-feira trouxe poucas novidades. A mudança mais significativa foi a redução da Taxa de juros Selic esperada para o fim de 2021, que recuou de 3,50 por cento para 3 por cento. Com relação aos prognósticos para 2020, a retração esperada da economia ampliou-se levemente para 6,51 por cento, ante os 6,48 por cento da edição anterior. Os prognósticos para a inflação medida pelo IPCA subiram de 1,53 por cento para 1,60 por cento. A taxa Selic esperada para dezembro deste ano permaneceu estável em 2,25 por cento, mas a taxa de câmbio esperada para o fim do ano caiu de 5,40 reais para 5,20 reais por dólar.
A semana começa com um movimento global de realização dos lucros acumulados nos últimos dias. No caso brasileiro, a saída de um nome conceituado como Mansueto Almeida e os vencimentos convergem para um dia de baixa no mercado.
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