A economia brasileira cresceu 7,7 por cento no terceiro trimestre em relação ao trimestre anterior. Em comparação com o mesmo período de 2019, a queda acumulada foi de 3,9 por cento, informou na manhã desta quinta-feira (3) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar de a variação trimestral ter sido a maior registrada pelo Instituto desde 1996, quando se iniciou a série trimestral, o desempenho da economia foi insuficiente para recuperar as perdas da pandemia. No acumulado entre janeiro e setembro deste ano, a perda em relação ao mesmo período de 2019 é de 5 por cento.
O resultado veio abaixo do consenso. As estimativas para o PIB trimestral eram de um crescimento de 8,5 por cento a 9,7 por cento, com mediana em 9 por cento. Para o resultado anual, a estimativa era de uma queda ao redor de 3,5 por cento.
À primeira vista o resultado foi ruim. No entanto, analisando os números é possível encontrar algumas notícias positivas. Segundo o IBGE, o crescimento do terceiro trimestre foi provocado pelo desempenho da indústria, com destaque para o crescimento de 23,7 por cento no setor de transformação. Também cresceram os setores de gestão de resíduos, que avançou 8,5 por cento, e de construção, que cresceu 5,6 por cento. Ou seja, o barulho e a poeira dos tapumes que se espalham pelas ruas já apareceram nas contas nacionais.
Economia Global
O PIB não é um destaque só no Brasil. A atividade empresarial da Zona do Euro recuou bastante em novembro, depois que governos de vários países retomaram as medidas de isolamento social para tentar conter uma segunda onda de infecções por coronavírus, mostrou nesta quinta-feira a pesquisa Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês). O PMI Composto da IHS Markit despencou para 45,3 em novembro de 50,0 em outubro – a marca de 50 separa crescimento de contração. A leitura, entretanto, ficou acima da preliminar de 45,1, que era esperada pelos investidores.
Já na China, o crescimento do setor de serviços voltou a acelerar em novembro. O PMI de serviços do Caixin/Markit subiu a 57,8, segunda leitura mais alta desde abril de 2010, ante 56,8 em outubro. A marca de 50 separa crescimento de contração. A atividade se acelerou no ritmo mais forte em mais de uma década, indicando recuperação da demanda após o país conter o surto de coronavírus.
Ao longo dos próximos trimestres, o crescimento econômico dos países dependerá de duas variáveis. Uma, negativa, são as medidas necessárias para conter a pandemia provocada pelo coronavírus. A outra, positiva, são as medidas de estímulo econômico adotadas para conter o impacto danoso da contenção. E é nessa queda de braço entre retração e expansão que as economias ao redor do mundo vão se ajeitar. Por isso, o mercado acionário americano interrompeu sua sequência de altas após os depoimentos do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) Jerome Powell, e do secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Steven Mnuchin, no Congresso americano. Ambos destacaram a necessidade da aprovação de um novo pacote de estímulos à economia do país, e Powell chegou a afirmar que o fim dos incentivos está “num futuro distante”. Isso indicou uma economia menos saudável do que se esperava, o que fez os pregões interromperem as altas.
China
Como se não bastasse, as tensões entre Estados Unidos e China, as duas maiores economias do mundo, não deverão dar trégua. Em seus últimos dias, o presidente Donald Trump está pressionando por mudanças na legislação do mercado acionário que exigirão mais transparência e divulgação de informações por parte das empresas chinesas com ações listadas no mercado acionário americano. O não cumprimento dessas demandas poderia levar companhias importantes a se deslistarem, tendo de ser negociadas em bolsas europeias e asiáticas, onde o capital disponível é menor. Isso poderia levar a um desbalanceamento do valuation global, com impactos profundos e duradouros sobre o preço das ações.
E Eu Com Isso?
Apesar de o PIB do terceiro trimestre ter vindo abaixo das expectativas, a reação inicial do mercado foi positiva, o que prova que os investidores estão se focando nas perspectivas otimistas para a economia brasileira.
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