A Samsung, uma das maiores fabricantes de chips e de eletrônicos para consumo no mundo, fez um alerta sobre o “desbalanceamento” no mercado de semicondutores globais atual, sugerindo que há um descompasso relevante entre a demanda pelos materiais e a capacidade de oferta das fabricantes.
A companhia, inclusive, estaria estudando a possibilidade de adiar o lançamento anual do seu smartphone “Galaxy Note” devido a esta condição de mercado. A declaração reforça o discurso de outras companhias, como a Continental AG, Renesas Eletronics e até a Volkswagen, que diz ter deixado de produzir 100 mil veículos nesta semana devido a esta questão. Ou seja, o receio é de que este problema passe a atingir não apenas a cadeia de suprimentos de veículos, como também a dos eletrônicos.
O “boom” na demanda deve-se ao fator Covid-19 e a mudança no comportamento das sociedades, com aumento inesperado e repentino na procura por consoles, dispositivos e eletrônicos no geral.
E Eu Com Isso?
A crise no abastecimento dos chips afeta direta e indiretamente diversos setores. Primeiramente, as montadoras, que já estão passando por cortes na produção e nas metas para o ano devido ao problema na cadeia de suprimentos. Esperamos impacto negativo no preço das ações do setor automotivo mundial, com alta possibilidade de revisão para baixo nos seus resultados. O impacto estimado na venda para o setor é superior a 61 bilhões de dólares.
A Sony Corp, outra gigante do setor de componentes eletrônicos, também já avisou que não conseguirá assegurar a produção do seu novo videogame neste ano caso tais condições permaneçam.
Além da menor produção e vendas, que podem afetar a geração de receita das companhias e seus guidances para 2021, há também um possível efeito nas margens devido à maior pressão de custos.
Para as fabricantes “puras” de chips, como a gigante TMSC, a notícia pode ser considerada como positiva, enquanto para a Samsung, o fato é ruim devido a sua onipresença também no mercado de eletrônicos para consumo. Para as desenvolvedoras, como a Qualcomm (QCOOM) e a Nvidia (NVDA), a notícia é positiva, embora com efeito benéfico secundário.
Até mesmo a Apple (AAPL), que possui uma cadeia de abastecimento bastante robusta, pode começar a sentir os efeitos da crise do abastecimento em breve. Contudo, ao contrário do setor de montadoras que já passa a estimar as perdas, ainda é cedo para quantificar os potenciais prejuízos advindos por estas condições de mercado.