Na noite da última sexta-feira (25), após o fechamento do mercado, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo – Sabesp (SBSP3), comunicou em Fato Relevante que irá participar do leilão de concessão de distribuição de água e esgotamento sanitário no estado de Alagoas. A companhia irá participar em conjunto com a Iguá Saneamento, empresa especializada do setor com proposta de oferta pública de ações (IPO) em processo de aprovação.
O projeto é promovido pela secretaria de Infraestrutura do estado de Alagoas, estruturado pelo BNDES, e prevê um investimento em infraestrutura de cerca de 2,6 bilhões de reais num prazo de 35 anos, com os primeiros 2 bilhões de reais nos primeiros 6 anos de projeto. A Concessão deverá atingir cerca de 1,5 milhão de pessoas em 13 cidades da região metropolitana da grande Maceió e envolverá a cadeia final de distribuição de água, com a Companhia de Saneamento de Alagoas (CASAL), permanecendo responsável pela coleta, tratamento e venda da água tratada à concessionária.
No total já foram recebidas 7 propostas comerciais pela concessão, com diversas empresas experientes no setor, como a Aegea Saneamento, BRK Ambiental e Equatorial (EQTL3). O vencedor será o que oferecer o maior prêmio de outorga, com lance inicial de 15 milhões de reais. O resultado deverá ser divulgado em 30 de setembro.
A Concessão é a primeira a testar o apetite de investidores privados no setor de saneamento após a aprovação do Novo Marco Regulatório, aprovados recentemente, que deve impulsionar os investimentos no setor com a finalidade de universalizar a água no país.
Enxergamos um impacto negativo para as ações da Sabesp (SBSP3) com o anúncio, devido à dúvida em realizar uma execução eficiente do projeto, em caso de vencer o leilão. A empresa ainda segue sujeita a controles e decisões políticas e ainda pode gerar dúvidas a respeito de atuação em território desconhecido pela empresa com os desafios da infraestrutura precária do estado de Alagoas, em contraste com a região metropolitana paulista, podendo abrir margem a ineficiências e mau uso de capital.
A Sabesp hoje opera com índice de desperdício de água no patamar de 30 por cento no estado de São Paulo, região de atuação de décadas e o projeto em Alagoas prevê o nível mínimo em 25 por cento, com distribuição para 90 por cento da população da região atingida. Hoje, embora 89 por cento tenha acesso a água, apenas 27 por cento têm acesso ao sistema de esgotamento completo.
Já as demais ofertantes operam em níveis de eficiência comparável às referências mundiais, como o exemplo da BRK Ambiental, com atuação em Limeira – SP, levando o sistema completo para mais de 90 por cento da população, com índice de perdas abaixo de 16 por cento. Similar para a Aegea Saneamento, atuando na região metropolitana de Campo Grande – MS.
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