Brexit, China em queda e semana morna no Brasil
A terceira semana do ano começou com as Bolsas globais em queda por conta de a balança comercial chinesa ter reportado resultados piores do que o previsto – as exportações tiverem a maior contração em dois anos e as importações também caíram. Com isso, o receio da desaceleração do gigante chinês e dos efeitos da Guerra Comercial com os EUA contaminaram os mercados.
Como resposta, a China anunciou na terça (15) que deve cortar impostos para reverter os sinais de desaceleração e impulsionar a economia. No mesmo dia, vimos a maior derrota de um primeiro-ministro nos tempos modernos – no caso, Theresa May, suja proposta de acordo do Brexit foi rejeitado pelo parlamento britânico. A premiê se manteve no cargo por uma votação apertada, mas seguirá no foco dos mercados mundiais.
Do lado econômico aqui no Brasil, foram divulgados os dados de varejo no dia 15. Em novembro, as vendas cresceram 2,9 por cento na comparação do ano anterior, valor bem maior que o esperado. Isso mostra que o varejo tem força para continuar crescendo com o aumento da confiança.
Nos EUA, o clima segue tenso por conta da continuidade da paralisação, que se aproxima do 30º dia seguido. A paralisação, também conhecida como shutdown, supera as estimativas de tempo e desgaste, podendo trazer impactos de até meio por cento a menos no PIB do país governado por Trump.
Por aqui, a semana foi de poucas novidades, principalmente quanto à proposta da Reforma da Previdência que será apresentada ao presidente Bolsonaro.
A principal notícia do final da semana é que Bolsonaro e Paulo Guedes vão falar sobre a Reforma da Previdência em Davos, no Fórum Econômico Mundial. Isso deve continuar impactando positivamente os mercados por aqui.
E Eu Com Isso?
Em mais uma semana animada para a Bovespa, as altas continuam, mas os investidores locais seguem de olho no cenário externo (principalmente nos EUA, China e Reino Unido), mas na expectativa maior de novidades sobre a Reforma da Previdência.
Senador quer barrar candidatura de Renan
O futuro senador pelo Ceará, Eduardo Girão (PROS), entrou na segunda-feira (14) com um mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal para que senadores réus na corte sejam proibidos de disputar a presidência da Casa. O mandado de segurança será analisado pelo ministro Luiz Fux, no momento responsável pelo plantão do Supremo.
E Eu Com Isso?
O pedido é uma tentativa de barrar a candidatura de Renan Calheiros (MDB-AL) à presidência da casa. O senador é réu no STF e reponde por mais de 10 inquéritos. Eduardo Girão, por sua vez, é aliado de Tasso Jereissati (PSDB-CE), que também se lançou para a cadeira máxima do Senado. Tasso é visto como opção ao Renan. Além dos dois, Davi Alcolumbre (DEM-AP) e Major Olímpio (PSL-SP) são candidatos. O governo lançou Olímpio, mas busca articular apoio a outro nome, já que Renan não é considerado um bom nome. O emedebista, entretanto, vem mandando sinais à nova gestão de que poderia apoiar a aprovação de reformas.
Discurso em Davos será sobre Previdência
Jair Bolsonaro e Paulo Guedes anunciaram no dia 17 que farão discurso em defesa da Reforma da Previdência no Fórum Econômico Mundial, marcado para a semana que vem em Davos, na Suíça. A ideia é que Bolsonaro faça sua estreia internacional reforçando o compromisso com a aprovação rápida da reforma, o ajuste das contas públicas, a autonomia do Banco Central e a abertura da economia brasileira. Caberá ao ministro Paulo Guedes detalhar as nuances da reforma, assim como traçar um panorama sobre o cenário brasileiro dos próximos anos.
E Eu Com Isso?
A notícia animou os investidores na medida em que demonstra o compromisso do novo governo em avançar rapidamente nas pautas econômicas. É esperado também que Guedes, em seu discurso, finalmente entre em detalhes sobre a proposta final da reforma que deverá ser enviada ao Congresso Nacional.
Parlamento britânico rejeita acordo do Brexit
Na terça-feira (15), o parlamento britânico rejeitou o acordo da saída do Reino Unido da União Europeia, o Brexit, proposto pela primeira-ministra, Theresa May. A derrota, foi a maior perda do governo na história moderna (432 votos contra e somente 202 a favor). A premiê terá agora três dias para apresentar um plano B para os parlamentares. No entanto, antes terá de sobreviver hoje à moção de desconfiança proposta pela oposição, que pode resultar na perda de seu cargo.
O motivo da derrota: os apoiadores da saída do Reino Unido da UE consideraram a proposta de May “moderada demais”, além de vários votos contrários do próprio partido da primeira-ministra, o Partido Conservador.
E Eu Com Isso?
A forte derrota deixa o governo May de mãos atadas. O futuro agora é incerto, pois a primeira-ministra pode perder ou renunciar seu cargo. Com isso, seria formado um novo governo ou haveria uma nova eleição – podendo até haver novo plebiscito, uma renegociação com a UE sobre o acordo e o prazo para o Brexit ou até mesmo uma saída sem acordo (mais abrupta) com a União Europeia. Neste último caso, os efeitos econômicos seriam mais severos para o país e para a região. O prazo para deixar o bloco é 29 de março. Portanto, o cenário ainda é muito incerto.
Petrobras (PETR3 e PETR4) – Governo faz mudanças em conselho
A Petrobras tem se mantido nas primeiras páginas de notícias. Dessa vez, o Governo Federal (controlador da Petrobras) indicou no dia 14 três novos nomes para o Conselho de Administração da Petrobras, de um total de oito membros do colegiado da estatal.
Para a presidência do Conselho de Administração foi nomeado o almirante Eduardo Leal Ferreira, que atualmente comanda a Marinha do Brasil. Outros dois membros do Conselho foram nomeados como conselheiros independentes: o ex-diretor da Agência Nacional de Petróleo (ANP) John Forman e o ex-presidente da Claro João Cox.
E Eu Com Isso?
Acreditamos que a notícia é neutra para as ações da Petrobras no curto prazo, pois os novos membros do Conselho não deverão interferir na gestão da empresa, que segue sob o novo comando de Roberto Castello Branco. Apesar de a notícia não interferir no preço, outras irão, e hoje o dia promete ser positivo para Petrobras, pois o preço do petróleo segue em alta depois da queda de mais de 2 por cento de na segunda.
A indicação dos dois membros independentes foi bastante técnica, enquanto que a escolha do presidente do conselho foi mais política e justificada pelo perfil de liderança do antigo comandante geral da Marinha do Brasil.
Os principais catalisadores para as ações da Petrobras no curto prazo são: preços internacionais de petróleo, processo de venda de ativos e a Cessão Onerosa – essa última com possibilidade de acontecer nos primeiros 100 dias do novo governo eleito, segundo o ministro das Minas e Energia, Bento de Albuquerque.
Commodities em alta – Vale vira destaque
As notícias do avanço nas negociações entre os EUA e a China impulsionaram os mercados de commodities metálicas ao redor do mundo. O minério de ferro registrou uma forte alta na Bolsa de Dalian, na China, com um aumento de 3,13 por cento. Já o cobre segue como o destaque na Bolsa de Londres depois de atingir a maior cotação do ano de 2019, que tem sido bem difícil para o minério.
Nesta conjuntura, os setores de ações ligadas às commodities metálicas são os que mais se beneficiam, com destaque para o setor de mineração – caso da Vale, que atua na mineração de ferro, como também na mineração de cobre.
E Eu Com Isso?
O panorama é positivo para as ações como as da Vale (VALE3). Na quinta (17), as ações da companhia fecharam em alta de 3 por cento. Além disso, o cenário construído também é positivo para as ações do setor de siderurgia, como Gerdau (GGBR4), Usiminas (USIM3 e USIM5) e CSN (CSNA3).
O mercado chinês ainda segue muito tenso com a briga comercial com os EUA, que acaba impactando o país asiático. Uma solução dessa guerra seria muito benéfica não só para o comércio entre as duas potências, como para o mundo todo. E neste cenário, a demanda por commodities metálicas acaba sendo um termômetro para o nível de aquecimento da economia chinesa.
Ao olhar para a companhia, a Vale vive um ótimo momento, com classificação de grau de investimento, aumento da liquidez das ações, redução no endividamento e foco na produção com maior qualidade.
Sabesp – Estatal no foco
O novo panorama que tem se construído, com a proposição de um Estado menor e liberal não vem só do Governo Federal, mas também dos governos estaduais.
A bola da vez é a Sabesp, empresa responsável pelo abastecimento de água na região metropolitana de São Paulo. O novo secretário da Fazenda do Estado de São Paulo, Henrique Meirelles, disse que a privatização da empresa arrecadaria ao menos 10 bilhões de reais.
E Eu Com Isso?
O panorama que tem se construído é muito positivo para empresas estatais no ano de 2019, o chamado kit Brasil (formado por Eletrobras, Banco do Brasil e Petrobras), mas também pode ser ainda mais positivo para empresas estatais como a Sabesp – e até mesmo Cemig e Copasa, no Estado de Minas Gerais.
A notícia é positiva para as ações da Sabesp (SBSP3) no curto e médio prazo. Neste panorama, as ações da companhia acumulam alta de 25,4 por cento neste primeiro mês de janeiro.
A privatização da Sabesp depende da transformação de uma lei relacionada as empresas de saneamento. Fato é que a Sabesp vai ter uma operação caso a lei não seja alterada e a privatização possível. A saída será realizar um aumento de capital de 5 bilhões, que inclusive já foi aprovado em dezembro pela Conselho da Sabesp.
Rumo (RAIL3) – resultado operacional do mês de dezembro
A Rumo divulgou bom resultado operacional no mês de dezembro. O destaque positivo ficou por conta dos volumes transportados nas ferrovias da empresa no período.
Só no mês de dezembro, o volume transportado cresceu 16,3 por cento no trimestre em relação ao mesmo mês de 2017. Com isso, o volume transportado no ano de 2018 obteve crescimento de 13,4 por cento. Os produtos agrícolas, como soja e milho, representam mais de 80 por cento de todo volume transportado no período.
E Eu Com Isso?
A notícia é positiva para as ações da Rumo (RAIL3) no curto prazo. Com o resultado mensal, o volume transportado apresentou forte crescimento de 12 por cento no quarto trimestre de 2018, o que é boa indicação de melhoria no Ebitda da companhia no resultado do trimestre, que será divulgado no dia 12 de fevereiro de 2019.
Com o forte resultado operacional do trimestre, a Rumo deverá entregar uma forte geração bruta de caixa operacional, medida pelo Ebitda em 2018, ligeiramente acima do limite superior das expectativas da empresa (3,05 a 3,25 bilhões em 2018).
A empresa já entregou um Ebitda de 2,45 bilhões de reais nos nove primeiros meses do ano, equivalente à 78 por cento da expectativa. Dessa forma, o mercado deverá revisar para cima as suas projeções para Ebitda da Rumo em 2019 e 2020.
Fato é que o mercado ainda não precificou que a Rumo vai conseguir entregar a sua projeção de crescimento de Ebitda até 2020. O consenso atual de mercado é de 4,2 bilhões de Ebitda em 2020, abaixo do guidance da companhia.
Além disso, outro catalisador importante para o preço das ações é a renovação antecipada da concessão ferroviária da Malha Paulista, cujo processo está no Tribunal de Contas da União (TCU). Portanto, vamos manter atenção à definição de tal ponto.
Copel (CPLE6) – Nova gestão
O novo presidente da Companhia Paranaense de Energia (Copel), Daniel Slaviero, descartou uma possível privatização da estatal para os próximos anos. Porém, a venda de ativos e participações deve acontecer, como por exemplo a participação majoritária na companhia de gás do estado do Paraná. O objetivo da Copel agora é ser mais eficiente, reduzir custos e maximizar os lucros.
E Eu Com Isso?
Esperamos impacto positivo no preço das ações da Copel (CPLE6) no curto e médio prazo. A venda de ativos e participações fora das atividades principais da Copel ajudará a empresa a se tornar mais eficiente e concentrar esforços no que de fato gera retorno para ela, ou seja, em geração e distribuição de energia.
Muito se falava da privatização da companhia, que sem sombras de dúvidas seria mais positiva para a companhia. No entanto, a venda de ativos e o foco na melhora operacional serão importantes para a companhia. Tudo o que não tiver sinergia para a Copel será reavaliado.
Com os recursos das vendas de ativos, o foco será finalizar o ciclo de investimentos do passado e investir em terminar diversas obras em andamento, somente com a conclusão das obras em atraso, será responsável por quase meio bilhão de reais de receita adicional.
Além disso, a venda de ativos será muito importante para reduzir o endividamento da estatal.
Lista indesejada
O ano de 2018 terminou com cerca de 62,6 milhões de brasileiros que possuem alguma conta atrasada e o CPF negativado, o que representa 41 por cento da população adulta do país. Ao menos o número de brasileiros reduziu, já que em 2017 esse número era de 60,2 milhões.
As contas que mais ficaram em atraso de um ano para o outro foram do setor de serviços básicos, um aumento de 14,88 por cento.
E Eu Com Isso?
Se a sua situação é similar e vez ou outra você deixa uma conta em atraso, não deixe de conferir o vídeo em que dou dicas de como sair das dívidas. É só acessar aqui.