Os resultados do segundo turno das eleições municipais vieram em linha com o esperado. Conforme previmos, Bruno Covas (PSDB) venceu em São Paulo, Eduardo Paes (DEM) no Rio de Janeiro e Sebastião Melo (MDB) em Porto Alegre. Em outras capitais, grande parte dos prefeitos que buscavam a reeleição conseguiram mais quatro anos de mandato, reforçando nossa tese – de que essas foram eleições de continuidade, a despeito da eleição de 2018.
Ainda, o segundo turno representou mais uma derrota para o Partido dos Trabalhadores, que venceu apenas quatro das 15 cidades em que estava presente disputando o Executivo. Nenhuma capital foi vencida por petistas, que também viram a quantidade de prefeituras ao redor do Brasil cair em relação a 2016. Em contrapartida, outros partidos da esquerda e centro-esquerda conquistaram importantes prefeituras, como no caso do PSB (Maceió e Recife), do PSOL (Belém) e do PDT (Aracajú). Esse fenômeno também reforça a tendência, já evidente no primeiro turno, de fortalecimento de alternativas para o PT à esquerda.
Por fim, grande destaque também para partidos de centro-direita, que consolidaram seu favoritismo nesse segundo turno. É o caso do DEM, do PP, do Avante e do Podemos, todos conquistando pelo menos uma capital do País nesta segunda rodada de votações e aumentando a quantidade total de prefeituras. O MDB, partido tradicionalmente forte nas eleições municipais, também levou importantes capitais, como Teresina, Porto Alegre, Goiânia e Cuiabá. Essas siglas serão responsáveis por grande parte da fatia orçamentária transferida aos municípios, na medida em que 44 por cento da receita total vai para as 95 maiores cidades brasileiras.
Impactos na prática
Sem grandes surpresas, o segundo turno das eleições municipais de 2020 servem para consolidar as tendências evidentes no primeiro turno. O centro político sai fortalecido, a esquerda começa uma reorganização de seu protagonismo – apesar do PT ainda ser o maior expoente nesse campo – e a narrativa mais radical parece enfraquecida, diante de um pleito em que eleitores buscaram prefeitos e vereadores que transmitissem experiência e competência para lidar com grandes desafios nos próximos quatro anos.
O mercado deve se animar com o desfecho, já que ele representa a derrota de propostas menos tradicionais e consolida a vitória de um projeto mais sóbrio e reformista, dificultando o caminho de ideias mais radicais em 2022. As eleições municipais, apesar de não terem muita influência nos ativos, foram positivas para o mercado.