A Yduqs Participações (YDUQ3), antiga Estácio, apresentou nesta quarta-feira (26), após o fechamento do mercado, seus resultados do 2T20. Os números vieram ruins e abaixo das expectativas, refletindo o alto impacto da pandemia nas diversas linhas dos resultados das companhias do setor de ensino.
O destaque positivo veio da queda pequena no número de alunos do segmento presencial (-4 por cento na comparação anual, desconsiderando as aquisições) e crescimento de 35,7 por cento no segmento de ensino à distância (Ead), desconsiderando as aquisições no período para ajustar a base comparativa anual.
Do lado negativo o destaque ficou por conta do ticket médio mensal do presencial, que foi de 767 reais no primeiro semestre deste ano, queda de 6,6 por cento. O número está ainda incluindo as aquisições e ajustado por itens não recorrentes oriundos da Covid-19. O ticket médio mensal do ensino Ead recuou 7,7 por cento no primeiro semestre.
Além deste, a queda na geração de caixa operacional (Ebitda) e reversão do lucro líquido para prejuízo também foram destaques negativos. Contudo, as linhas foram afetadas por itens não recorrentes devido a pandemia, reduzindo a receita devido a descontos concedidos a aumento de custos e despesas de maneira relevante, porém extraordinária.
O resultado da Yduqs veio abaixo das expectativas e por isso esperamos impacto negativo no preço das ações YDUQ3 no curto prazo.
Porém, como no ano as suas ações recuam 35,8 por cento, desempenho até superior ao da Cogna (COGN3), que tem perdas de 47 por cento, mas bem inferior ao do Ibovespa (-13 por cento), acreditamos que o impacto negativo nos preços das ações do setor serão limitados pela forte queda no ano.
A receita líquida no trimestre foi de 991 milhões de reais, apresentando um crescimento de 3,5 por cento na comparação anual. Contudo, expurgando as receitas oriunda da Adtalem (recém adquirida) a receita foi de 867,8 milhões de reais, queda de 9,3 por cento na comparação com o mesmo período do ano passado.
Já a geração de caixa operacional (Ebitda) foi de 111,2 milhões de reais, queda de 67,5 por cento. Ao excluir o Ebitda da Adtalem de 29,8 milhões de reais, o Ebitda teria sido de 81,4 milhões de reais. Importante mencionar que a companhia classificou diversos itens como não recorrentes que foram trazidos pela pandemia da Covid-19.
Além de uma série de descontos extraordinários concedidos na mensalidade (ajustados na receita), houve impacto relevante na parte de custos e despesas, com aumento da provisão para devedores duvidosos (PDD), revisão da base de processos judiciais com incremento de contingências, entre outros. Considerando os ajustes, o Ebitda (ex Adtalem) teria sido de 297 milhões de reais, queda de 8,6 por cento e margem de 31,7 por cento, quatro pontos percentuais a menos que no mesmo período de 2019.
Na última linha a companhia registrou um prejuízo líquido de 79,5 milhões de reais, revertendo o lucro líquido de 194,8 milhões de reais obtidos no 2T20. Considerando o resultado ajustado por itens não recorrentes, o resultado foi um lucro líquido de 135,9 milhões de reais.
Os catalisadores das ações do setor de ensino é o controle dos índices de evasão e inadimplência, além de uma resolução mais definitiva para a Covid-19 no Brasil.
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