Nesta terça-feira (27) a Cielo (CIEL3), maior adquirente da América Latina, divulgou seus resultados do primeiro trimestre do ano. Os números mostraram uma continuidade no processo de volta do crescimento da companhia, com o segundo trimestre consecutivo de crescimento de lucro líquido, mas ainda assim vieram abaixo do esperado.
O volume total transacionado, ou TPV, mostrou uma melhora tímida de 0,2 por cento na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior, ainda impactado pelos efeitos das restrições do comércio devido à pandemia do COVID19. O número de clientes ativos teve uma queda de 7,7 por cento na comparação anual.
A receita líquida apresentou uma queda anual de 6,6 por cento, atingindo 2,7 bilhões de reais. Apesar da melhora do volume financeiro, o mix de transações contribuiu para a piora do resultado, com maior volume de transações em modalidades em que as taxas são menores, como débito.
Os custos e despesas operacionais totais da companhia tiveram uma queda anual de 6,9 por cento, 2,4 bilhões de reais, número impactado por uma série de efeitos não recorrentes, em especial na Cielo Brasil, onde esses impactos chegaram a mais de 300 milhões de reais.
Com a queda nos gastos, o Ebitda (métrica de geração de caixa operacional) manteve a trajetória do último resultado, com crescimento anual de 6,9 por cento no trimestre, com expansão de 2,3 pontos percentuais na margem atingindo 613,6 milhões de reais e representando 22,5 por cento da receita líquida.
O lucro líquido atribuído à companhia fechou em 241,3 milhões de reais no trimestre, um crescimento impressionante de 44,7 por cento em relação ao ano passado, porém influenciado por uma série de efeitos não recorrentes, entre eles 76 milhões relacionados a cessão e atualização monetária da plataforma Elo e 46,2 milhões de reais em reversão de provisões no projeto New Elo.
E Eu Com Isso?
Após um resultado do 4T20 acima das expectativas, a Cielo (Ciel3), mesmo com o segundo trimestre consecutivo de crescimento anual de lucro, teve seus números abaixo do esperado. Esperamos impacto negativo no preço das ações da companhia (CIEL3) no curto prazo.
O resultado da Cielo (CIEL3), apesar de abaixo do esperado, ainda mostra uma trajetória de melhora para a companhia, porém continua com desafios estruturais ao seu modelo de negócios. A adquirente vem apresentando uma trajetória de queda de lucros nos últimos três anos, devido a um aumento na competitividade do setor de pagamentos e a dificuldade da companhia em adaptar seu modelo de negócios.
Apesar de líder, a Cielo vem perdendo consistentemente participação no mercado. Para conseguir se manter competitiva a companhia teve de ajustar seus preços para baixo sucessivamente nos últimos anos, a receita extraída por volume transacionado (revenue yield) que chegou a 1,17 por cento em 1T17 caiu para 0,73 por cento neste trimestre.
O setor de pagamentos é marcado por uma redução das taxas praticadas, tendência vista no mundo inteiro e que é intensificada no Brasil devido a um aumento de concorrência e maior digitalização do mercado. Enquanto concorrentes como a Stone (STNE:NASDAQ) são capazes de se diversificar oferecendo produtos bancários e soluções de software aos lojistas, a Cielo (CIEL3) não consegue seguir a mesma linha pois tem como principais acionistas o Banco do Brasil (BBAS3) e o Bradesco (BBDC4), o que torna essa opção prejudicial aos controladores da companhia.
Enquanto a competição com os bancos e os adquirentes têm problemas estruturais devido à dificuldade em trazer as mesmas ofertas, players não tradicionais também criam soluções de pagamentos, pulverizando ainda mais o mercado, entre eles está o Magazine Luiza (MGLU3) que já oferece serviços de pagamentos e créditos para seus clientes.
Uma possível resolução quanto aos problemas de controle da companhia, com um deles vendendo sua fatia, e um reaquecimento da economia mais acelerado devido a aceleração no ritmo de vacinação são os principais catalisadores para a companhia no curto prazo.
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