Alan Greenspan, que presidiu o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) entre 1987 e 2006, cunhou uma definição excelente para valor. “Valor é aquilo que as pessoas acham que vale alguma coisa”, dizia ele. Parece uma obviedade, mas é um conceito bastante profundo.
Na vasta maioria dos casos, o valor de qualquer ativo depende da avaliação dos compradores ou investidores em potencial com relação às perspectivas futuras para os preços. Ninguém vai comprar algo que, espera-se, vai desvalorizar. Exceto para especular na baixa, mas aí confirma-se o conceito.
Esse raciocínio é especialmente aplicável no caso do bitcoin e das demais criptomoedas. Desde seu surgimento em 2008, a criptomoeda baseada na tecnologia blockchain é um tema controverso. Durante muito tempo a discussão foi se ela era ou não um ativo financeiro. Posteriormente, a questão era se o bitcoin seria confiável ou não como investimento.
No entanto, vamos nos ater à definição de Alan Greenspan. O bitcoin tem valor, pois centenas de milhões de investidores o procuram. E, embora algum filósofo do mercado possa questionar se a criptomoeda é ou não um investimento, seu valor de mercado às 9 horas da manhã desta sexta-feira era de 759,8 bilhões de dólares (para comparar, a capitalização de mercado da Vale está em 108 bilhões de dólares).
E se restava ainda algum fiapo de dúvida, Janet Yellen, que presidiu o Fed e hoje é Secretária do Tesouro dos Estados Unidos, equivalente à ministra da Fazenda, declarou na quinta-feira (20) que a Receita Federal americana vai tornar mais intensa sua fiscalização sobre o mercado de criptomoedas.
Como ocorre atualmente com as movimentações em dólares, transações com criptoativos de valor superior a 10 mil dólares terão de ser comunicados pelos bancos, corretoras e exchanges ao Fisco americano.
Não há dúvidas que Yellen acha que o bitcoin é um ativo financeiro, que é um investimento e que vale alguma coisa. Algo já pacificado do outro lado do Oceano Atlântico.
Em seu último relatório, o Banco Central Europeu (BCE) já alertava para a formação de bolhas de preços nesses ativos e para riscos sistêmicos de execução em momentos de forte volatilidade do mercado.
Essas certezas vêm em uma semana agitada para esse mercado. Durante os negócios na quarta-feira (19), a volatilidade foi intensa, ao ponto de obrigar as principais exchanges de criptomoedas a interromper os negócios.
As oscilações foram provocadas por dois motivos. Um deles foram as declarações do bilionário Elon Musk, que disse que sua montadora, a Tesla, deixaria de aceitar bitcoins por seus carros.
O outro foi o comunicado do Banco do Povo, o banco central chinês, de que vai restringir as transações chinesas com criptoativos, proibindo instituições financeiras e empresas de pagamento da China de fornecer serviços relacionados a transações com criptomoedas. A intenção de Pequim é simples: promover uma criptomoeda “made in China”, a ser lançada em breve.
Qual a conclusão? Sejam quais forem suas convicções, as criptomoedas são um fenômeno financeiro importante demais para você ficar de fora. Assim, fique atento às análises da Fernanda Guardian, analista de criptomoedas da Levante Ideias de Investimentos. Engenheira pela Universidade de São Paulo e com experiência na área de tecnologia do mercado financeiro, Fernanda é, além de especialista, uma entusiasta das criptomoedas.
Conte com ela para se orientar nesse mercado tão novo, tão grande e tão volátil e que, como qualquer ativo em formação, oferece riscos e promete ganhos.
E Eu Com Isso?
O último pregão da semana começa com estabilidade nos contratos futuros de Ibovespa e com uma leve alta nos contratos futuros do índice americano S&P 500. No caso do Ibovespa, a volatilidade deve ser acima da média devido ao vencimento de opções que, pela primeira vez, ocorrerá na terceira sexta-feira do mês, e não na terceira segunda-feira. A mudança de data vem no âmbito de alterações nas regras do mercado que vinham sendo discutidas pela B3 e agora entraram em vigor.
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