O ativo mais importante negociado todos os dias por essa entidade mística chamada mercado são as expectativas. Ou seja, antecipações do que vai ocorrer.
Como o futuro é uma região não-mapeada, não há caminhos a seguir. O que é possível fazer é traçar o cenário mais provável possível e ir corrigindo a rota todos os dias, à medida que indicadores e levantamentos de opinião fornecem informações para prever o movimento da economia.
Assim, a divulgação de uma inflação medida pelo Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPCA) de maio acima do esperado na manhã desta quarta-feira (9), assim como um desempenho do varejo muito superior às expectativas, divulgado na terça-feira (8) devem alterar os prognósticos para as próximas semanas.
Começando pela inflação. O IPCA de maio registrou um aumento de preços de 0,83%, acima das expectativas, que eram de 0,7%, e bastante acima do 0,31% de abril.
No acumulado em 12 meses até maio, o IPCA subiu para 8,1%, ante 6,8% até abril. O resultado está muito acima do teto da meta de inflação estabelecido para 2021, que é de 5,25% (3,75% mais 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo).
A inflação surpreendeu não apenas por seu percentual elevado, mas por indicar alguns aumentos, como os dos preços administrados. Estes subiram 2,11% em maio, ante 0,38% em abril.
As maiores altas se concentraram nos combustíveis, com os preços do Etanol avançando 12,9%, e também em segmentos inesperados, como a alimentação fora do domicílio, cujos preços subiram 2,1%.
Boa parte da pressão inflacionária decorre da alta do dólar em abril e na primeira quinzena de maio. A alta do câmbio e a valorização internacional das commodities pressionaram os preços dos alimentos.
Além disso, a alta dos preços no atacado também colocou uma pressão de alta nos preços administrados, e parte desse movimento agora está aparecendo no IPCA.
A notícia de uma inflação acima da meta é ruim, em circunstâncias normais. Neste momento de retomada econômica, ela é relativamente ruim.
O lado positivo é que o aumento dos preços dos combustíveis e das refeições fora de casa indicam um aumento da movimentação e das atividades econômicas.
A grande incógnita agora é qual o nível de complacência do Banco Central (BC) com a inflação. Se haverá uma mudança de trajetória na taxa Selic, ou se o BC vai acompanhar suas contrapartes nos Estados Unidos e na Europa e deixar a inflação desancorada para não interromper o processo de recuperação econômica.
E Eu Com Isso?
A notícia de uma inflação muito acima do esperado deverá precipitar um movimento de realização de lucros das ações.
Apesar da queda da véspera, o Ibovespa ainda permanece próximo de 130 mil pontos, ou seja, já há espaço para realização de lucros.
As notícias são negativas para o mercado.
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