A Uber (UBER) foi derrotada na manhã desta sexta-feira (19) em um processo enviado por um grupo de 25 motoristas do aplicativo na suprema corte do Reino Unido. Assim como nos tribunais inferiores – cujas decisões sofreram apelações pela Uber – mais uma vez houve o entendimento de que os trabalhadores tinham, de alguma forma, algum vínculo de trabalho com a companhia, contrariando o argumento de que eles são trabalhadores independentes.
Com este entendimento, a Uber terá que ressarcir o grupo que a processou com salários e demais benefícios que eles teriam que ter recebido quando trabalhavam através da plataforma.
A Uber esclareceu que a decisão não implica que todos os motoristas da plataforma na região sejam automaticamente considerados dessa maneira, e que, ao menos por ora, apenas o pequeno grupo será beneficiado com tal decisão.
E Eu Com Isso?
Em uma primeira leitura, superficial e de curto prazo, poderíamos afirmar que o impacto é relativamente pequeno em termos de fundamentos para a Uber. Estima-se que cerca de 5,5 milhões de motoristas trabalham utilizando as plataformas da companhia no Reino Unido, logo, 25 deles representam uma parcela ínfima da operação.
Contudo, o problema é que a decisão deve servir de precedente para outros casos não apenas no Reino Unido – onde certamente muitos motoristas e advogados vão se sentir atraídos por ela– mas também em outros países. Há um caso emblemático nesta mesma linha na Califórnia, e a decisão desta sexta-feira (19) pode alterar os rumos do julgamento por lá.
Tempestade perfeita: além de todo impacto negativo nos seus negócios devido à pandemia, a Uber poderá ter que lidar também com problemas nesta ordem. Seu modelo de negócios é extremamente sensível a custos, dado que as suas margens operacionais, ainda são negativas (embora decrescentes).
A despeito disso, o mercado vê muito valor e potencial na companhia: as ações UBER sobem 43,7 por cento nos últimos 12 meses, quase o triplo do S&P 500, que sobe 15,6 por cento no mesmo período.
A empresa ainda precisa de alguns anos para maturar suas linhas de negócio, principalmente no delivery, e assim gerar caixa de forma recorrente e sustentável.
A partir de agora, porém, o mercado deve se perguntar: (i) se esse momento de fato chegará, (ii) se o seu valuation não foi longe demais e não compensam mais o risco envolvido, (iii) ou se o prazo do fim da queima de caixa não vai se estender ainda mais.
Em suma, a sustentabilidade do modelo de negócio da Uber ficará em xeque caso outras decisões similares ocorram, e isso deve refletir negativamente no preço das ações UBER no curto prazo.