Com a entrada do mês de junho, a expectativa é que o setor de saneamento fique ainda mais aquecido. Após a divulgação do leilão de concessão no Amapá, anunciado em 28 de maio e que deve atrair tanto as tradicionais companhias do setor como grupos de diferentes ramos que desejem ingressar no meio, a grande notícia do mês envolve a primeira privatização de uma empresa do segmento no país.
A Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) deverá ter seu modelo de privatização finalizado até o final de junho, onde a ideia é realizar uma oferta inicial pública de ações (em inglês, Initial Public Offering, ou IPO).
Diferente da abertura de capital das demais companhias do segmento listadas na bolsa – caso da Sabesp (SBSP3), a Copasa (CSMG3) e a Sanepar (SAPR4) -, o IPO da Corsan implicará na perda do controle acionário do estado, ainda não tendo sido decidida qual será a participação do governo na companhia ao final da operação.
O presidente da Corsan, Roberto Barbuti, afirmou que enxerga a privatização como a melhor forma de desburocratizar os processos da companhia.
Para isso, no entanto, ainda é preciso que seja aprovado o projeto de lei (PL) com os termos do IPO, com previsão de ser enviado nas próximas semanas.
Segundo Barbuti, a previsão é que a oferta seja realizada até o final do ano. O BNDES, que atua na estruturação da operação, estima que esta deve ficar pronta para o primeiro trimestre de 2022.
Apesar de bastante positivo quanto aos elementos de turnaround da Corsan – ou seja, recursos internos que, reestruturados, podem acarretar um melhor desempenho da empresa –, Barbuti ressalta que a precificação no IPO irá depender majoritariamente do nível de confiança dos investidores com o plano de investimentos da companhia e suas perspectivas de destravamento de valor.
E Eu Com Isso?
Apesar de remota, a perspectiva da iminente primeira privatização de companhia do setor também gera uma maior crença em uma privatização futura das demais companhias listadas, com os papéis de Sabesp (SBSP3), Sanepar (SAPR4) e Copasa (CSMG3) reagindo positivamente à notícia para um curto prazo.
Em declarações realizadas em março, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), já havia sinalizado a intenção de privatizar a companhia de saneamento do estado, de modo a trazer maior investimento para a mesma e a consequente melhora de qualidade de seu serviço.
Na época, Leite avaliou a possibilidade de o estado manter cerca de 30% das ações da empresa. Ainda segundo o governador, a abertura de capital deverá levantar cerca de R$ 1 bilhão, a ser direcionado aos investimentos prioritários na revitalização da operação da companhia.
Como impactos da desestatização, Leite ainda prevê investimentos na ordem de R$ 10 bilhões na universalização dos serviços de água e esgoto e na geração de empregos.
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