Preços indicam que a economia está em um círculo virtuoso
A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15) subiu em novembro. Às 9 horas da manhã desta sexta-feira (22), o Instituto Nacional de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou uma inflação de 0,14 por cento em novembro, ante os 0,09 por cento registrados em outubro. Sim, a inflação subiu. Mas – e dizer isso no Brasil é surpreendente – a alta da inflação não é preocupante. Mesmo subindo, esse é o menor resultado para o mês de novembro desde 1998, quando a taxa ficou em 0,11 por cento. No acumulado deste ano, o índice registra uma alta de preços de 2,83 por cento. Em 12 meses, a variação nos preços é de 2,67 por cento.
A principal razão técnica para a leve alta da inflação foi um aumento dos preços das proteínas animais, que ainda sentem os efeitos da peste suína na China. O aumento da demanda chinesa elevou as cotações no mercado internacional. Isso refletiu nos preços do consumidor brasileiro, mas o efeito esperado é de curto prazo e não deve ser pesado à economia. As tarifas residenciais de eletricidade, que foram elevadas devido à mudança da bandeira tarifária na passagem mensal, também elevaram o índice. Também houve um reajuste do adicional da bandeira nas contas de luz, que subiu de 4 reais para 4,17 reais a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos.
Proteínas, eletricidade. Os preços desses itens oscilam ao sabor dos movimentos da economia. Isso nunca vai mudar. No entanto, o mais importante dessas notícias é a percepção que, devido ao ritmo moderado da economia, a inflação deve permanecer comportada apesar dos solavancos do mercado internacional e das vicissitudes da política.
Um cenário como este é inédito no Brasil dos últimos 50 anos. No período anterior à estabilização da economia pelo Plano Real, inflação era um assunto que derrubava ministros da Fazenda e provocava mudanças no governo. Nos primeiros anos de estabilidade, após a flutuação do câmbio em janeiro de 1999, os índices de preço ameaçaram sair do controle várias vezes – em geral, nos momentos em que o dólar subia devido a temores com relação à estabilidade e à solvência do País. Agora, o dólar está em sua máxima nominal histórica (apesar de estar bem abaixo do máximo em termos reais) e os preços não dão sinal de descontrole, muito pelo contrário.
Este é um dos melhores sinais de que a economia brasileira está caminhando para a estabilidade. Solavancos de preços, apenas nos ativos financeiros. Os preços dos itens do dia a dia – com exceção de alguns serviços localizados, como a saúde, por exemplo – vêm mantendo-se estáveis, garantindo a previsibilidade para o consumidor.
E Eu Com Isso?
Preços sob controle significam juros mais baixos e mais incentivos para produzir e investir, com reflexos positivos diretos nos lucros das empresas.